More Eufrásia Neres »"/>More Eufrásia Neres »" /> Eufrásia Neres - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Eufrásia Neres

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Eufrásia Neres é cantora e compositora baiana, amante do jazz, da bossa nova e da versatilidade da música popular brasileira.

Eufrásia, se apresenta em bares e eventos e já participou de diversos projetos musicais como o Coro Sinfônico do Neojiba e Projeto Cantar. Integrou a banda Esquina de Minas em 2016 e em 2022 a banda afro pop percussiva A Mulherada, tendo apresentado o show comemorativo de 21 anos da banda em julho de 2022.

Participou em 2017 do Sonora Festival Internacional de Compositoras, edição de Salvador. Em 2022 participou do Uplive World Stage (concurso internacional de talentos promovido pela Plataforma Uplive), do Festival da Nova Brasil FM para escolha da Música Do Pão e do Festival da Canção Aliança Francesa do qual foi semifinalista, se apresentando no Teatro Molière, em outubro.

Em julho de 2022 lançou o álbum Forró Arrochado em todas as plataformas digitais em parceria com Lenon Suiá. O álbum conta com Releitura de 7 Clássicos do Forró brasileiro e 1 canção inédita “Quem Sofre é Você”, utilizando elementos de Forró, Sertanejo e Arrocha, o que mostra a versatilidade da cantora.

Participou do EP Nó de Nós, cantando a música “Livrinho de Cabeceira” e fazendo coro para a música “Clareia”, interpretada por Tai Lopes. A ideia do EP “Nó de Nós” nasce do projeto homônimo, entre os músicos Val Filho, David Nogueira e Filipe Cunha, em 2010, muito influenciados pela musicalidade de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia.

A segunda faixa, “Clareia”, uma canção que trata de espiritualidade e tem como intérprete Tai Lopes e coros de Eufrásia Neres. Toda a produção, demais instrumentos, mixagem e masterização foram feitos por Filipe Cunha em seu home studio.

Amizade, sonhos e a busca pelo fazer musical são marcas desse “nó” que desata-se e cria laços 10 anos depois, no auge da pandemia, quando Filipe decide resgatar canções feitas outrora pelos músicos em seus encontros.

Surge a ideia de convidar outras pessoas para dar voz ao sonho do trio e então Filipe convida Eufrásia Neres para gravar a voz para gravar a primeira faixa do disco, “Livrinho de Cabeceira”, uma canção com letra de Val Filho e música de Filipe Cunha. Com elementos de bossa e jazz, a canção traz um quê de nostalgia, por ser um tema sobre memórias e afetos interpretado com doçura pela voz da cantora, ao mesmo tempo tem um quê de modernidade trazido pelos pianos gravados por Carlinhos Souza.

Em 2023, Eufrásia participou da gravação do single O Precursor, da banda Naviola, lançado em 29/04 e em setembro, lançou o single “Felicidade” em todas as plataformas de streaming de música. Felicidade é uma canção sobre o que há de melhor na vida, toda a simplicidade que nos traz esse sentimento.

A canção composta por Lenon Suiá, tem elementos sonoros capazes de proporcionar uma sensação de leveza, tranquilidade, contentamento e felicidade, o que é intensificado pela interpretação doce de Eufrásia Neres.

Mistura a batida de sintetizadores do Trap e elementos rítmicos populares e tradicionais como o som do ganzá, produzindo um som moderno, orgânico, combinado a uma harmonia leve e aconchegante, oferecendo uma sensação auditiva que remete a beleza do dia a dia, do sol, da chuva, de um singelo olhar.

Ainda neste ano, passou a fazer parte do casting de artistas da M7Lab Produções, tendo apresentado junto às cantoras Noêmi, Jany e Tai Lopes, o show “Elas Por Elas” em homenagem a Rita Lee, Gal Costa e Cássia Eller.

A cantora também participa como coautora e Intérprete da canção “Boomerang”, presente no álbum “Abraço Coletivo” de Roberto Kuelho, lançou em 16/11/23.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Eufrásia Neres para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 22.12.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Eufrásia Neres: Nasci no dia 31/03/1987 em Salvador – BA. Registrada como Eufrásia Lima Neres

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Eufrásia Neres: Meu primeiro contato com a música aconteceu na infância, escutando minha mãe (Edinalva Oliveira Lima) cantar para mim. Ela cantava músicas de Caetano Veloso, Alcione por exemplo.

Cantava “Lua e Estrela” de Vinicius Cantuária para eu dormir e sempre falava sobre meu avô, seu Manoel Cardoso, que tocava a sanfona de 8 baixos “pé de bode” e do meu tio que tocava Sax na Filarmônica e também teve banda em que ele tocava violão e cantava.

Escutei muito rádio quando criança e fiz apresentações na escola. Por exemplo aos oito anos de idade me apresentei na quadra da escola. Sempre que tinha um trabalho escolar eu fazia uma paródia ou compunha algo. Eu sempre encontrava uma maneira de envolver música nas coisas que eu fazia. Me apresentei em gincanas e tal. Dava “canja”.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Eufrásia Neres: Eu tenho graduação como Bacharela em Ciência e Tecnologia, do Bacharelado Interdisciplinar, pela Universidade Federal da Bahia.

Eu aproveitei que o curso era interdisciplinar e estudei diversas disciplinas da Escola de Música, como Fundamentos de Música, História da Música, Prosódia Musical, Apreciação Musical, Etnomusicologia, Acústica, Canto Coral, Técnica Vocal e outras.

Atualmente estou concluindo o curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, na Universidade Federal da Bahia. Estou no processo de fazer e entregar o meu TCC.

Eu fiz o curso técnico em instrumento musical no Colégio Estadual Manoel Novaes, no qual o instrumento que escolhi foi o piano, mas eu não me desenvolvi tecnicamente, primeiro porque o tempo de aula era muito curto visto que a escola não tinha estrutura adequada e instrumentos suficientes para os alunos, então a gente precisava dividir o tempo que era mais ou menos de 30 minutos para cada um e eu não tinha o instrumento para ficar praticando em casa.

Então, eu não me arrisco a tocar pois não me considero segura suficiente. No curso, a gente tinha aula de teoria, prática de conjunto e canto coral.

Antes desse curso, eu estudei um semestre de violão popular por cifras, e um semestre de violão erudito, com partitura, no curso de extensão da UFBA. Mas minha formação musical é construída ao longo da vida, muito além dos muros da academia.

Eu sempre gostei de cantar e sempre fui curiosa. Adquiri revistas, um violão de segunda mão e tentei aprender sozinha. Quando eu tinha 15 anos eu senti a necessidade de começar a estudar mais sobre música e especialmente sobre canto.

Eu tinha um bom ouvido e cantava afinado e dentro do compasso, mas sabia que eu precisava entender melhor aquilo que eu fazia sem saber e aí eu busquei um músico que dava aulas com um valor acessível e comecei a estudar canto.

Estudei durante uns três meses e depois eu precisei deixar as aulas. Um tempo depois quando eu tinha 17 anos de idade eu participei de um curso de canto coral na Biblioteca Pública da Bahia, mas infelizmente o curso precisou ser encerrado por falta de recursos.

E eu segui estudando outras coisas e trabalhando com coisas diferentes da música, porém sem esquecer do que eu queria.

Durante a graduação do BI em Ciência e Tecnologia eu participei de audição para um projeto de extensão da Universidade, o Projeto Cantar, idealizado pelo professor Ângelo Castro. Esse projeto, voltado para o canto da música popular brasileira com um repertório bastante sofisticado me ajudou bastante.

Depois eu entrei também para o caetanUFBA, um projeto de Coro com repertório de Caetano Veloso. Fiz audição e fui selecionada para o coro Sinfônico do Neojiba e durante o período em que estive participando, a gente tinha algumas aulas de canto e teoria musical com professores fixos do projeto e alguns visitantes que vinham da Venezuela e outros lugares.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Eufrásia Neres: Eu sempre ouvi coisas diversificadas (risos). Alcione, Amelinha, Belchior, Reginaldo Rossi, Roberto Carlos e muitos artistas da Jovem Guarda, muito por que era o que minha mãe gostava.

Tenho como referência Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee, Alaíde Costa, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Milton Nascimento, Almir Sater etc.

Eu não sei dizer se alguma referência do passado deixou de ter importância. Acredito que tudo que eu ouvi no passado e ouço hoje, construiu o que conheço agora sobre música e molda de alguma maneira a forma do meu canto e minha forma de pensar música. Tudo tem sua importância. Ouvir Chico Buarque e ouvir Marília Mendonça, dois extremos, mostram duas maneiras diferentes de compor sobre amores, a vida e a mulher. As duas são válidas.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Eufrásia Neres: Por volta dos 15/16 anos eu comecei a fazer pequenas apresentações, mas de forma mais consistente foi a partir de 2012, que comecei a me organizar para entender melhor a montagem de um show, concepção de um repertório.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Eufrásia Neres: O primeiro álbum – “Forró Arrochado”, lancei em 2022. O álbum contém releitura de sete canções do gênero Forró e uma canção inédita. O arranjo das canções une elementos do Forró ao arrocha e vanerão.

É algo totalmente diferente do que eu costumava cantar e causou estranheza a algumas pessoas. Foi algo pontual para o São João. Eu fui lançando cada single por vez e os reuni no álbum.

Em dezembro de 2022 lançado o EP “Nó de Nós” de Filipe Cunha, interpretando a música “Livrinho de Cabeceira” que eu havia gravado em 2020 e gravei os coros da música “Clareia”, interpretada por Tai Lopes.

Em abril de 2023 participei do single “O Precursor” da Banda Naviola, de Porto Velho, Rondônia.

Em setembro 2023, lancei o single “Felicidade”. Gravei uma parceria minha e de Roberto Kuelho, chamada “Bumerangue” que estará no próximo álbum do artista, a ser lançado agora entre outubro e novembro.

Até o fim do ano devo lançar um single de composição minha de nome “Bem-te-vi”. Estou me organizando para lançar um EP com canções autorais e de outros compositores.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Eufrásia Neres: Eu não consigo me enquadrar num gênero específico. Eu canto Bossa, Samba-rock, Jazz e eu misturo bastante os gêneros musicais.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Eufrásia Neres: Eu fiz uma disciplina de técnica Vocal na Escola de Música e uma de Saúde Vocal, oferecida no curso de fonoaudiologia na Universidade. Estudei um pouco de técnica durante minha participação nos projetos que citei e durante a pandemia eu comecei a estudar Pedagogia Vocal num curso oferecido pela Full Voice, mas eu não concluí por alguns empecilhos no caminho. Estou me organizando para retomar e concluir.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Eufrásia Neres: O estudo da técnica é importante para que a pessoa que canta ou atua como profissional da voz possa continuar seu trabalho sem perder a qualidade.

Assim como é importante para o atleta treinar o corpo da maneira correta, a pessoa que canta precisa fazer os exercícios que facilitem seu desempenho ao cantar, de maneira saudável e longeva.  Cuidar da voz é cuidar da saúde. Possibilita ter esse instrumento funcionando bem por mais tempo, evitando lesões.

A gente que está a serviço da música, precisa estar sempre preparada para cantar e a técnica vocal permite fazer os ajustes necessários para cada repertório. Isso também é um diferencial do profissional do canto, porque a técnica permite a pessoa variar as maneiras de emitir a voz na música, tornando a apresentação dinâmica.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Eufrásia Neres: Marisa Monte, Elis Regina, Alaíde Costa, Simone Bitencourt, Priscilla Alcântara, Beyoncé e outras.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Eufrásia Neres: Varia bastante. Às vezes vem algo repentino, já a melodia e a letra. Outras vezes, eu começo a pensar um tema e vou desenvolvendo. Já precisei fazer uma letra para a melodia de outra pessoa. Isso é mais trabalhoso porque você precisa embarcar na viagem de alguém e precisa trabalhar em cima de algo que já está estabelecido.

Já compus em conjunto, sentada na cantina do Instituto de Letras da Universidade. Já compus a partir de uma letra que me veio enquanto eu andava de ônibus. Eu geralmente gosto de pensar a letra e a melodia juntas.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Eufrásia Neres: Eu compus muito sozinha. Mas tenho como parceiros, Carlinhos Bernas, Felipe Lucena, Francisco Cabral (que foi percussionista do grupo Sexteto do Beco), Gustavo Melo, Ticiana Schindler, Lenon Suiá.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Eufrásia Neres: A parte positiva é não precisar sucumbir a interesses de gravadoras. Sendo independente, você faz o trabalho que tem a sua cara dentro do seu tempo e sendo fiel aos seus valores, ideais e posicionamento político. Você não tem uma exclusividade que não te permite trabalhar ou aparecer em vários lugares.

A parte negativa tem muito a ver com o financeiro. O artista independente não tem patrocínio, não tem uma super equipe de marketing e divulgação, então tudo precisa ser feito pelo artista, desde a gravação de um disco até a concepção de um show e a venda disso. Isso inclui arcar com muitos gastos e dispor de bastante tempo.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Eufrásia Neres: Minha estratégia é meio que uma tática de guerrilha. O lance é enfrentar o sistema e sobreviver (risos).

Falando sério, eu estou descobrindo a cada dia o que funciona e o que não. Como eu sou artista independente e não tenho muitos recursos, eu tive que aprender muita coisa sozinha, desde escrever uma proposta, articular com as pessoas para um show acontecer, fazer minha própria assessoria, buscar pautas, formar um time de músicos com quem posso contar. Isso é trabalho duro.

Eu esperei por muito tempo para “botar a cara no sol” e aprendi que a gente tem que fazer as coisas com o recurso que tem.  Se não tem grana pra Studio, grava no celular, grava em home studio de amigo, o que não pode é não fazer. Aprendi também que especialmente o artista independente precisa se unir a outras pessoas, fortalecer outros artistas também e trabalhar junto, buscar parcerias.

Por exemplo, eu conheci Lenon Suiá que virou um super parceiro musical. A gente foi metendo as caras. Aprendi como subir música nas plataformas de streaming de música e usei minhas habilidades pra fazer o necessário. Ele foi se aperfeiçoando no lance de captação e masterização. E a gente vai seguindo e fazendo.

Eu consegui fazer o single que lançamos agora em setembro, chegar na rádio. Tocou numa rádio bastante popular a Atarde FM. Eu fiquei como destaque da semana na primeira semana de outubro. Na semana seguinte a cantora Larissa Luz foi o destaque. Veja só o peso e a responsabilidade: ser colocada num lugar por onde passa uma cantora conhecida nacionalmente.

E eu consegui isso porque as pessoas viram o potencial e o quanto eu insisti em divulgar a música, criando aos poucos um mailing pra divulgar meu trabalho. Eu mandei as informações e release pra tanta gente que as pessoas foram transmitindo para as outras e de alguma forma o universo conspirou com a ajuda de tantas mãos, chegou lá.

Eu não tive grana pra montar uma equipe que me ajudasse numa estratégia de plano de carreira. Assisti tanto workshop, palestra. Tudo o que eu encontrar que eu achar interessante eu vou aprender.  Aos poucos, juntando um conhecimento aqui e ali a gente vai chegando lá.

Agora eu tenho mais pessoas com quem posso contar, mas isso veio a partir de minha persistência. Cada dia é um desafio. Por exemplo, eu não estou em grandes playlists do Spotify, mas estou em playlist de amigos, estou conhecendo o trabalho de algumas pessoas do grupo “Uma Terra Só” e com isso as pessoas também estão me conhecendo.

Eu comecei a enviar minhas músicas para tocar em web rádio como a Sintonia do Sucesso, que toca muitos covers amadores e toca músicas de cantores profissionais. Fui convidada a participar de um programa de rádio comunitária em Boa Vista de São Caetano, onde eu pude apresentar meu trabalho para o público da Rádio e TV Boa Vista.

Fui informada que a música Felicidade vai tocar na web rádio Old Black Music e tem músicas na Bossa Nova Perú Rádio. Estou dando essa entrevista para e Revista Ritmo e Melodia. Saiu um post sobre a música Felicidade no feed da rádio Educadora FM Ba. O site Zona Suburbana fez uma publicação sobre o lançamento.

Eu uso as redes sociais a meu favor, busco uma constância no Instagram, faço lives em algumas plataformas como Tiktok, StarMaker e Uplive. E tudo quanto é evento musical dessas plataformas, se eu puder participar, eu vou. É um público que está disperso, mas aos poucos eu vou conquistando algumas pessoas que vão me ouvir no YouTube por exemplo. Não estou dizendo que é fácil. Estou dizendo que eu luto pra conseguir e vibro com cada conquista.

Eu acredito que aos poucos vou tendo alguma visibilidade, começando meio underground, mas vou alcançando.

No palco, eu dou o melhor de mim, seja em show meu, seja em participação em show de outros artistas. E eu acredito que a forma como trabalho tem trazido bons frutos. Vem devagar, mas creio que será duradouro, porque tem sido construído tijolo por tijolo.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Eufrásia Neres: Fortalecimento das redes sociais. Preocupação em lançar música nas plataformas porque quem me assiste no bar, no teatro, ou em qualquer espaço vai se interessar em me encontrar nas plataformas.

Busco adquirir o máximo de conhecimento gratuito e o que eu puder pagar. Isso é investimento.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Eufrásia Neres: A Internet facilita alcançar pessoas que talvez não me ouvissem se não fosse essa ferramenta.

Não sei se “prejudicar” é a palavra mais certa. Eu vejo que a rapidez de informação e a obsolescência com que a música é tratada é uma dificuldade. Porque isso significa que eu tenho que fazer lançamentos em pouco tempo e eu não tenho público grande que absorva um trabalho, imagine vários em pouco tempo.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Eufrásia Neres: A vantagem é possibilitar que mais pessoas possam gravar e disponibilizar suas músicas. Eu não vejo desvantagens.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Eufrásia Neres: Eu acredito que há espaço pra todo mundo. Meu diferencial é não estar seguindo a tendência. Se eu estivesse apresentando ao público músicas tiktokáveis, por exemplo, eu teria uma concorrência maior.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Eufrásia Neres: Eu acredito que surgiram muitas coisas boas no cenário. Os artistas que eu mais ouço são os que já faziam sucesso décadas antes de eu nascer. Não sei se houve uma grande revelação nas últimas três décadas, mas houve muitas mudanças e muitos artistas revolucionários.

Tulipa Ruiz é uma grande compositora e é Intérprete dos últimos tempos. Luedji Luna é outra grande artista. Djavan, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Marisa Monte continuam fazendo um trabalho excelente.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Eufrásia Neres: Uma vez eu e mais 4 pessoas nos apresentamos num hotel e o pagamento seria por Couvert. O salão estava cheio e acreditávamos que cada um de nós tiraria uma grana legal, mas a pessoa que estava organizando não contou que hóspede não paga a e que todas aquelas pessoas eram hóspedes. Não recebemos cachê. Cada um de nós tinha direito a três fichas de bebida e dividimos uma pizza média para 5 pessoas. Esse foi nosso cachê (risos).

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Eufrásia Neres: O que me deixa mais feliz é saber que as pessoas estão gostando de ouvir o que eu estou cantando e que estão se sentindo bem com o que estão ouvindo. Gosto de poder me conectar com as pessoas através da música. O que me deixa triste é não ter alcançado o tanto de gente que eu queria.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Eufrásia Neres: Eu acredito que existe a predisposição e a facilidade. Tudo pode ser estudado, treinado e aprendido.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Eufrásia Neres: para mim improvisar é inventar na hora, é criar, dar uma nova cara a canção, fazer o inesperado.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Eufrásia Neres: Existe improvisação. Quem improvisa precisa ter um bom vocabulário musical, isso precisa ser aprendido antes.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Eufrásia Neres: Os prós é justamente poder mostrar o potencial do músico. Os contras, eu não sei identificar.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Eufrásia Neres: Os prós é a pessoa aprender as escalas e isso facilita o improviso.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Eufrásia Neres: Sim.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Eufrásia Neres: Esse caminho tem muitos obstáculos, mas tem muita beleza. Vá em frente e não desista.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Eufrásia Neres: Depende do festival. De qualquer modo, o festival dá visibilidade ao artista. É uma oportunidade de o artista mostrar seu trabalho.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Eufrásia Neres: A grande mídia costuma mostrar sempre os mesmos artistas e aquilo que é tendência ditada pelo mercado. Ou a pessoa precisa conhecer alguém influente ou pagar para aparecer. É difícil um artista independente conseguir espaço nos grandes veículos.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Eufrásia Neres: São espaços muito importantes porque sempre tem ações de ocupação em que pelo menos o artista tem um palco com uma estrutura boa para fazer o seu show, mas eu acho que precisa ampliar mais.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Eufrásia Neres: Até o fim do ano devo lançar um novo Single autoral. Pretendo criar ações de divulgação para essa música e escrever projetos de relevância para poder fazer shows com uma boa estrutura.

Estou participando de um projeto com a M7lab Produções onde eu e mais três cantoras (Noêmi, Tai Lopes e Jany) estamos unidas com o propósito de gravar trabalhos autorais e também estamos apresentando um show de nome “Elas Por Elas” em que homenageamos Rita Lee, Gal Costa e Cássia Eller.

21/10 participei do Show “Baile Delas” de Noêmi.

09/11 me apresentei no Teatro Gamboa com um repertório super diversificado que valoriza a interpretação feminina. Grandes clássicos da MPB como “Me deixe em paz”, “Canção do Sal”, “Onze Fitas”, “Vapor Barato”, com um arranjo diferenciado e até uma versão, em groove da música “Hakearam-me”. No repertório também apresento canções autorais ainda não lançadas.

Pretendo muito em breve gravar um álbum com canções autorais e de outros compositores. Estou organizando isso. Te conto mais pra frente. Por enquanto é segredo.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Eufrásia Neres: (71) 98197 – 0762 | [email protected]  ou com Talita Cerqueira (71) 9322 – 0960 |[email protected]| https://www.instagram.com/eufrasianeres 

Canal de Eufrásia Neres: https://www.youtube.com/@EufrasiaNeres 

Felicidade – Eufrásia Neres: https://www.youtube.com/watch?v=eTeAtTqsdUA 

Playlist: https://www.youtube.com/watch?v=eTeAtTqsdUA&list=PLNsWxIHIOGjCa2ecYfgSgKw9-fJih-6jo 

Playlist Live: https://www.youtube.com/watch?v=waxHBs8HUeg&list=PLNsWxIHIOGjCyG5iVer7kAfzAO-cQc6-Y 

Playlist Forró Arrochado: https://www.youtube.com/watch?v=bjLDd664E_U&list=PLNsWxIHIOGjAVwauHuWN-QIQIHGB-zmXf 

Playlist músicas inéditas: https://www.youtube.com/watch?v=eTeAtTqsdUA&list=PLNsWxIHIOGjDEtsmCTFu5hXqBXRqbmT4e 

Eufrásia Neres: https://open.spotify.com/intl-pt/album/5skMuLi8gt6gLIoJOfC2WY?si=EDt57_uQTZSlGJ7VMdAZ8Q&nd=1&dlsi=fe24a838369846da

Barulho d’Água Música (O que o Faustão não divulga está aqui. E sem jabaculê!): https://barulhodeagua.com/2024/01/29/1690-eufrasia-neres-ba-apresenta-vibes-de-verao-em-salvador-para-celebrar-o-carnaval-e-a-mpb/?fbclid=IwAR1M070trV5WO9MTQeRuzTCOzf8ajo7fJtCcn0hIrIDtS-if_86hHZP1BsY


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.