More Ébano Santos »"/>More Ébano Santos »" /> Ébano Santos - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Ébano Santos

Compartilhe conhecimento

O baterista gaúcho Ébano Santos natural de Novo Hamburgo, começou a estudar bateria aos 13 anos de idade (1989), na cidade de Ivoti – RS.

Tocou em diversas bandas de “garagem” até seus 18 anos (1992), quando então deu início a seus estudos de bateria. Desde então, passou a tocar profissionalmente em bandas de bailes, bares e casas noturnas.

Estudou com grandes professores como Moisés Piangers, Carlos Ovelha, Argus Montenegro, Zé Montenegro, Kiko Freitas.

Em 1999, ao se converter ao Evangelho de Jesus Cristo, passou a fazer parte do ministério de música da Igreja Encontros de Fé, na cidade de Porto Alegre/RS.

Esta decisão lhe abriu as portas para tocar com diversos artistas do segmento gospel nacional e internacional, como Marcos Witt, Ron Kenoly, Chris Durán, Davi Sacer, Gerson Santos, Marquinhos Gomes, Paulo César Baruk, Bo Järpehag, Soraya Moraes, Billy Bunster, Júnior Oliveira, Nani Azevedo, Tanlan, Evandro Alves, Luis Fontana, Asaph Borba, PauloFigueiró, Cristiane e muitos outros.

Fez parte também da banda Êxodo, com quem gravou dois álbuns “Situação” (2002) e “Quantas Vezes Mais?” (2004) e gravou com muitos outros artistas do gospel brasileiro.

Gravou seu primeiro projeto instrumental com o tecladista e produtor musical Thiago Marques, o duo Grandense, tendo recebido excelentes críticas na mídia especializada pelo fato de ser um trabalho composto apenas por teclado e bateria.

Na publicação de dezembro de 2015, da revista americana especializada em bateria MODERN DRUMMER, entrou para a lista dos 100 PROFESSORES DE BATERIA DO MUNDO, indicados pelo Embaixador Mundial da Bateria, Mr. Dom Famularo.

Atualmente, segue fazendo parte do ministério de louvor na Igreja Encontros de Fé, da aulas de Bateria diariamente para o Brasil e outros países, além de ter lançado um curso online intitulado “Ébano Santos – Assuntos Complexos ” e o e-book “Viradas em Grupos”.

Ébano Santos é patrocinado pelas marcas Nagano Drums, Liverpool Drumsticks, Williams Drumheads, Zeus Cymbals, Gavazzi Case, Pad Gorilla, KZ MusicStore.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Ébano Santos para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 27.09.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Ébano Santos: Nasci no dia 26/02/1976 em Novo Hamburgo – Rio Grande do Sul.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Ébano Santos: Meu avô, Seu Florencio, era tocador de Terno de Reis, tocava cavaquinho, e meu tio, Francisco, tinha uma coleção considerável de LPs. Com isso, nossa casa sempre tinha música rodando. isso fez com que eu tivesse acesso a muitos estilos musicais, do sertanejo ao rock.

Um dia meu avô Florencio me levou junto a loja Palácio Musical para comprar encordoamento, e foi lá a primeira vez que vi uma bateria de verdade. Daquele momento em diante eu passei a pedir uma bateria de presente pra família.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?  

Ébano Santos: Desde muito cedo decidi que seria músico profissional. Como eu não tinha muitas informações sobre carreira musical naquela época, achava que o músico deveria conquistar as coisas “na raça”.

Eu, não sabia da existência sobre o ensino da bateria. Com isso, criei uma ideia que eu não precisava estudar muito, ir ao colégio, só tocar. Passava horas tocando em casa e não dava importância devida aos estudos do colégio, e muito menos estava aprendendo algo sobre música de verdade. Apenas ficava tocando junto com os discos que eu gostava. Devido a esta situação, acabei atrasando muito meus estudos no colégio e apenas me formei no ensino médio.

Apenas aos 18 anos de idade, depois de voltar de um período morando em São Paulo, é que descobri a realidade sobre estudos para bateria. Então, fui atrás de alguém que me orientasse nessa área. Meu primeiro professor foi o Carlos Ovelha, depois estudei um período com Moisés Piangers, até que ouvi falar de Argus Montenegro. Tentei durante muito tempo conseguir um horário de aulas com ele, pois era disputadíssimo. Quando consegui, valeu todo o esforço.

O Argus, literalmente, mudou minha visão sobre música. Foi tendo aulas com ele que me apaixonei pelo ensino de bateria. Mais tarde, estudei com o filho dele, Zé Montenegro, e, depois, com o mestre Kiko Freitas.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Ébano Santos: Costumo dizer que, às vezes, eu acordo um verdadeiro Sertanejo e vou dormir como um Jazzista (risos). Ouço de tudo. Minhas influências são de todas as vertentes.

Nenhum dos músicos que comecei a ouvir lá no início da minha carreira, deixaram de ter importância. Eles foram o alicerce para eu poder desenvolver o meu som. Maurício Leite, por exemplo, mudou minha maneira de tocar através de um vídeo aula dele que eu assistia dia e noite. Graças à Deus, os anos passaram e hoje ele é meu amigo pessoal e sigo aprendendo com ele.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Ébano Santos: Eu tenho como o início da minha carreira musical o momento em que adquiri minha primeira bateria. Eu tinha 13 anos de idade (1989) e decidi que iria arrumar um emprego para poder comprar ela. Meus pais (Nilson de Fraga Santos e Nadir Pereira David) acharam aquilo engraçado, mas não impediram. Acharam que seria algo passageiro.

Porém, quando recebi meu primeiro salário, já fui atrás de uma bateria e encontrei uma usada. Comprei, descolei uma carona e cheguei em casa com aquela maravilha. Era tão incrível que, se alguém batesse com a mão em alguma das ferragens, poderia ser contaminado por tétano (risos). Foi com ela que comecei a tocar com os amigos do colégio.

06) RM: Quantos discos lançados com sua banda? 

Ébano Santos: Já tive a oportunidade de gravar como baterista em dezenas de álbuns com diversos artistas. Alguns deles tiveram uma importância muito significativa na minha carreira musical.

Fui o baterista em dois álbuns da Êxodo, uma banda gospel que alcançou muitos jovens e que nos levou a tocar em todo o Rio Grande do Sul e que lançaram “Situação” (2002), e o “Quantas Vezes Mais?” (2004). Esses dois álbuns estão nas plataformas digitais, a pedido dos fãs da época.

Fui o baterista no álbum “Água da Vida”, do canto Junior Oliveira, foi muito importante também, pois tinha uma temática mais Pop e também teve uma ótima repercussão no cenário gospel.

Gravei como baterista em álbuns de artistas do sertanejo, pop, rock e muito mais com os produtores que conheci. Até o momento em que resolvi que queria fazer o meu próprio som.

Chamei meu amigo de longa data Thiago Marques, que é tecladista e produtor, e montamos um duo GranDense com Teclado e Bateria. Lançamos um álbum com nove músicas instrumentais que, até hoje, são um verdadeiro desafio tocá-las (risos). Thiago é um músico muito talentoso e tive que me dedicar muito nas composições. Com esse trabalho realizamos diversas apresentações em diversos estados e realizamos clínicas em eventos dos nossos patrocinadores.

Outro trabalho que foi muito diferente para mim gravar, em termos de composição, foi o álbum “Molina”, do meu amigo Jonathan Cunha, que mora em Portugal. O álbum foi gravado em uma estrutura montada em uma sala, em um lindo sítio do produtor Mariano Wortmann, onde pudemos experimentar timbres e gravar tocando todos juntos. Um álbum que mistura som Brasil, com Drum’n’bass, música eletrônica e tudo mais.

07) RM: Como você define seu estilo como Baterista?

Ébano Santos: Não sei como definir meu estilo. Já acompanhei tantos artistas de tantas vertentes e ritmos diferentes e ouço tantos ritmos de música, que me sinto o mesmo adolescente, que está feliz pelo simples fato de poder estar tocando.

08) RM: Quais as principais técnicas que o Baterista deve se dedicar?

Ébano Santos: Falar de musicalidade é fundamental. A técnica leva o músico a ter controle do que irá tocar. Se a música precisa de pressão, a mão terá que responder. Se a música precisará ser suave, onde a bateria quase não será percebida, a mão terá que responder da mesma forma.

Um músico que se dedica a ter controle do instrumento, a desenvolver a técnica necessária para diferentes estilos, com certeza terá maiores oportunidades de trabalho, pois seu som será mais amplo.

09) RM: Quais os principais vícios técnicos ou falta de técnicas têm bateristas alunos e alguns profissionais?

Ébano Santos: O que mais ouço é “- Minha mão esquerda não é boa!”. Coisa que destros falam e os canhotos falam o mesmo, porém, com relação à mão direita (risos). Isso tudo é uma questão de quanto tempo foi investido em estudos para melhorar essa função motora. Músculos, tendões e nervos precisam ser estimulados para fazer o movimento correto.

10) RM: Quais são os Bateristas que você admira?

Ébano Santos: Sou fã e me inspiro no playing de bateristas como Steve Smith, Iggor Cavalera, João Barone, só pra terem uma ideia dessa amplitude. Porto Alegre – RS é uma região com bateras incríveis e tenho sorte de ser amigo de vários deles e acabaram me influenciando demais: Dado Silveira, Cacá Lazzari, Cesimbra Filho, Daniel KBÇA, Matheus Mussato, Renato Siqueira, Lipe John, Cris Bueno, Luke Faro, Gabriel Faro… Estes são apenas alguns que eu estou sempre ligado no trabalho que vem fazendo no Rio Grande do Sul. São incríveis.

No Brasil e mundo são: Igor Willcox, Airton Gaúcho, Daniel Oliveira, Gergo Borlai, Benny Greb, Richard Spaven, Dave Dicenso, Dogac Titiz são os que eu paro tudo pra assistir e ouvir.

11) RM: Existe uma indicação correta para escolher uma Bateria? 

Ébano Santos: Acho que a escolha deve ser feita pelo som. Hoje em dia, as pessoas se deixam levar pelo que está em alta. Moda. Parece que ninguém tem coragem de arriscar algo “fora da caixa” (risos).

Uma vez o Argus Montenegro me falou que ” – Instrumento não faz músico! Tem cara que tem uma bateria incrível e não consegue tocar um samba direito. Daí tu entrega uma caixinha de fósforos para aqueles caras lá do Rio de Janeiro e eles fazem uma batucada incrível só com aquilo.”

Lógico, todos queremos uma bateria linda e maravilhosa, em uma sala igualmente linda, mas isso requer um orçamento considerável. Então, se ainda não há condições de ter a bateria dos sonhos, comece com o que é possível. O importante é não deixar para amanhã.

12) RM: Quais os gêneros musicais que necessitam de um tipo de bateria?

Ébano Santos: Não acho que seja necessário um determinado tipo de bateria para cada estilo. Isso vai muito da preferência do baterista.

13) RM: Qual a marca de Bateria da sua preferência? 

Ébano Santos: Já usei diversas marcas de bateria. Atualmente, sou endorse da Nagano Drums e o modelo Work Series me surpreendeu, muito antes de eu entrar para o time de artistas da marca. Construção, visual e timbre são demais neste modelo. É minha preferida.

14) RM: Existe marca ideal para cada gênero musical ou é preferência pessoal?

Ébano Santos: Isso é preferência pessoal.

15) RM: Quais os prós e contras de ser professor de Bateria?

Ébano Santos: Apaixonei-me por essa profissão de professor. Adoro acompanhar a evolução e as descobertas de cada aluno. Tenho alunos no Brasil todo, EUA e Austrália e é sempre a mesma reação de alegria e emoção ao tocarem um novo ritmo, ou quando descobrem como ler uma partitura e passar aquilo para o instrumento. É pura alegria.

Migrei totalmente para o formato online, e isso me alegrou mais ainda, pois sempre fui muito caseiro, e estar com minha esposa Tábata, que sempre me apoiou em tudo, é outro dos “Prós” dessa profissão. Contras: os mesmos de todas as profissões: Trabalhar muito, dia e noite (risos).

 

16) RM: Existe o Dom musical? Qual seu conceito de DOM?

Ébano Santos: Creio que Deus nos dá dons. Inclusive a Bíblia nos fala que “…há diversidade de dons…” (1 Co. 12.4). Mas não para por aí. Temos que desenvolver esse dom. É comum encontrarmos pessoas que tem uma aptidão, uma melhor desenvoltura em determinado instrumento, mas que não dá o devido valor para aquilo.

Da mesma forma, existem pessoas que não tem essa aptidão natural, mas que se esforçam, e muito, para conseguir realizar uma determinada tarefa. Ensaiam, estudam, pesquisam, assistem outros músicos tocando, perguntam, ensaiam, estudam e alcançam essa habilidade de maneira incrível.

Já vi alunos pisarem no pedal duplo e saírem tocando à 200 Bpm naturalmente, e outros que tocam super bem, hoje, depois de meses de esforço contínuo. Então, é necessário valorizar o que recebeu divinamente, e não desanimar se precisar “correr atrás”.

17) RM: Quais os prós e contras de ser baterista freelancer acompanhando artista ou grupo?

Ébano Santos: Os Prós são muitos. Inclusive alguns alcançam cachês ótimos. O problema. O contra, é que essa turnê acaba e, na maioria das vezes, o produtor opta em renovar a banda. Se o músico não se organizar enquanto estiver vivendo os “Prós”, passará por apertos.

18) RM: Quais os prós e contras de ser músico de estúdio de gravação?

Ébano Santos: Acho que ser um músico de estúdio é uma ótima experiência para trabalhar com os mais diversos estilos musicais e envolver-se, ao menos um pouco, na carreira de outros músicos. Contribuindo com sua experiência musical, conhecimento rítmico e por aí vai.

Os contras: se o estúdio não tiver uma grande janela, tu não verás dias lindos lá fora (risos). Tenho um amigo que é produtor e que passava dias dentro do estúdio, sem ver o sol. Apelidamos ele de Batman.

19) RM: Quais grupos você que já participou?

Ébano Santos: Toquei em diversas bandas de bares, bailes, e algumas de composições próprias, como a Feaky Funk Noise, Êxodo, o duo instrumental GranDense.

E há 25 anos, faço parte da equipe de músicos da igreja Encontros de Fé, onde congrego. Nesse trabalho, já tive a oportunidade de acompanhar diversos nomes do gospel nacional e internacional, como Ron Kenoly, Marcos Witt, Soraya Moraes, Paulo César Baruk, Davi Sacer, Nani Azevedo, Chris Durán e muitos outros.

20) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou em grupos?

Ébano Santos: Sempre me empenhei em ser o apaziguador das situações contrárias da carreira. Quando o assunto acaba me envolvendo, procuro o mais rápido possível encontrar a solução chamando as partes para conversar. Fora isso, é fazer o meu trabalho e não me envolver em controvérsias.

Situações vão e vem e, muitas vezes, vejo pessoas se desentendendo por algo e, logo em seguida, vivendo como se nada tivesse acontecido. Então, deixo viverem tranquilos com seus temperamentos.

21) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Ébano Santos: A internet ajuda muito, pois qualquer informação está a um click de distância. Basta conferir a veracidade e estudar. O que prejudica é a dependência da tela ligada com assuntos que não edificam em nada. As pessoas não sabem mais conversar olho no olho. Não ficam cinco minutos sem conferir o celular. Isso é triste.

22) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Ébano Santos: As vantagens são inúmeras, principalmente a parte de logística. Quem tem a possibilidade de ter um home estúdio, economiza, e muito, nas questões de deslocamento e cuidados com os equipamentos.

Bateristas precisam fazer uma verdadeira maratona quando o assunto é gravação fora de casa. Os exemplos que sempre dou é do trabalho realizado pelos meus grandes amigos Igor Willcox, que tem gravado bateria para artistas do mundo inteiro, sem sair de casa, e do tecladista Thiago Marques, do duo GranDense, que trabalha com trilhas sonoras para seriados de tv, propagandas e cinema do mercado americano e europeu. Estes dois amigos conseguiram atingir uma fatia do mercado que traz um retorno excelente, sem saírem de casa.

A desvantagem é sempre a parte humana, a falta de contato pessoal, as risadas na hora do café…Faz muita falta. E lógico… O preço dos equipamentos para poder montar um home estúdio no Brasil. Mas isso já é outro assunto (risos).

23) RM: Como você analisa o cenário do rock no Brasil de 1960 a 1990? Em sua opinião quais foram às revelações musicais nas últimas décadas e quais artistas e bandas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Ébano Santos: Não classifico música por período. Ou é música boa ou é aquela que não ouvirei mais. E não estou dizendo que é ruim. Música é como comida, uns gostam de cebola e outros não (risos). Então, nesse período encontro na minha playlist artistas como Erasmo Carlos, Jota Quest, Graforréia Xilarmônica e Sepultura. Só ouço o que gosto, e gosto de muita coisa diferente.

24) RM: Como você analisa o cenário do rock no Brasil a partir dos anos 2000? Em sua opinião quais foram às revelações musicais nas últimas décadas e quais artistas e bandas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Ébano Santos: Os anos 2000 trouxeram muitas bandas legais. Sucessos que estão até hoje na lista das bandas covers que atuam.  Agora o fato de algumas terem regredido é algo bem complexo de se opinar. São tantas as situações, umas muito tristes inclusive, que só estando muito próximo dos envolvidos para entender a real situação.

25) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Ébano Santos: Em 1996, eu estava completamente deprimido, em São Paulo, pois nada dava certo na minha carreira naquela cidade. Fui a uma entrevista de emprego em uma manhã e deu tudo errado. Tive que voltar pra casa caminhando, quase 20 Km, pois o transporte público entrou em greve. Quando cheguei na Praça da Liberdade – Centro, havia um trio instrumental terminando sua apresentação.

Sentei e fiquei assistindo. No final, o baterista veio direto falar comigo. Perguntou o que estava acontecendo e contei tudo. Foi aí que ele me disse: “- Volte pra casa dos teus pais e comece a estudar com todas tuas forças. Só assim tu irás alcançar teus sonhos musicais.” Levantei dali, liguei para meus pais e pedi dinheiro para uma passagem de volta. Foi aí que comecei a busca pelos professores Carlos Ovelha, depois estudei um período com Moisés Piangers, até que ouvi falar de Argus Montenegro.

No meu aniversário no dia 26 fevereiro, minha mãe me deu de presente um vídeo aula de bateria. Quando abri, era o baterista do trio que falou comigo, Maurício Leite. Eu devorei aquele VHS estudando cada detalhe.

E 20 anos depois, eu recebi uma mensagem via Facebook, do diretor artístico da Nagano, me convidando para ser um dos artistas da marca. Quem era esse diretor? Maurício Leite. Nós nunca mais havíamos nos falado, mas ele lembrava daquela situação. Um conselho que ele me deu mudou completamente meu destino musical.

26) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Ébano Santos: Não tenho motivos para dar ouvidos às tristezas da carreira musical. Tristezas vêm e logo dou um jeito de correr com elas (risos). Eu moro bem, me alimento bem, pago minhas contas e tudo mais apenas tocando bateria. Deus foi e tem sido muito bom comigo. Só alegrias nessa vida musical.

27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Ébano Santos: Não desista. Em momento algum. Se a escolha fosse por outra profissão, teria que haver dedicação e muito estudo também. Instrumentos são caros, então economize. Aulas são caras, mas existe muito material de estudo, de alta qualidade, disponível na internet. Basta dedicação. Faça. Não espere pelos outros. Escreva sua história.

28) RM: Quais os erros na metodologia do ensino musical?

Ébano Santos: O erro maior é a falta de investimento. Tanto do governo, quanto dos pais das crianças que, muitas vezes, acham que música é um gasto desnecessário.

Existem ótimas escolas, ótimos professores particulares e muito mais, mas as pessoas não dão valor a essas oportunidades. E ainda tem muita gente querendo tudo de graça. Tirar vantagem.

Várias vezes já me questionaram do Por Que eu não dava aulas experimentais. Minha resposta é sempre a mesma: – O açougue novo, próximo à minha casa, não me oferece carne experimental. O supermercado também não. A empresa que fornece energia elétrica também não. Por Que eu teria que oferecer isso? Eu sei da qualidade do meu trabalho e o tempo que investi estudando, e isso custou muito.

29) RM: Apresente seu método para o ensino de Bateria?

Ébano Santos: Em minhas aulas, uso os mais variados métodos de estudos, escritos pelos maiores especialistas no mundo, em todos os estilos. Tenho uma vasta coleção de métodos que adquiri ao longo dos anos e, devido a esta minha compulsão por livros, acabo recebendo diversos lançamentos de presente para fazer análise. Inclusive já fui convidado para escrever alguns prefácios de métodos de bateria de professores importantíssimos no Brasil.

Para agregar ainda mais material para meus alunos, que são das aulas regulares e da comunidade que está dentro do meu site, recentemente lancei meu e-book “Viradas em Grupos”. Um material que explica o passo a passo de como fazer viradas com combinações de pés e mãos, em subdivisões de 2 até 9 notas. Muita gente já adquiriu e obtive muitas respostas positivas desse material.

30) RM: Como surgiu o conceito que Bateria e o Baixo trabalham juntos? Já caiu em desuso esse conceito?

Ébano Santos: Não sei quando surgiu ao certo essa cumplicidade entre contrabaixo e bateria. Também não sei se alguém pensa em acabar com essa sincronia (risos). Eu faço questão de sempre prestar atenção no que o baixista está tocando e fazer com que a “Cozinha – Baixo e Bateria” funcione da melhor maneira possível.

Graças à Deus, sempre toquei com grandes baixistas. A igreja é um celeiro de ótimos músicos: Sandro Berneira, Carlinhu’s Bass, Ezequiel Carvalho, Giba Conceição, Leandrinho Santos, Lucas Fernandes, Ricardo Mello, Jedielson Flor. São apenas alguns dos grandes nomes que me ensinaram muito a ficar com o Groove In The Pocket.

31) RM: Quais os seus projetos futuros?

Ébano Santos: Quero gravar as músicas que o Thiago Marques já preparou para o segundo disco do duo GranDense e lançar uma versão estendida do meu e-book “Viradas em Grupos”. São meus projetos principais agora.

32) RM: Quais os seus contatos para os fãs?

Ébano Santos: [email protected] | https://ebanosantos.com.br    Instagram: https://www.instagram.com/ebanosantos76

Facebook: https://www.facebook.com/ebanosantos76

Canal Ébano Santos: https://www.youtube.com/@EbanoSantos  

Playlist banda Êxodo: https://www.youtube.com/watch?v=6vccNrxJfrw&list=PLa9vHqwyQLl9cItHN5GspRAEBPaqgnZQ2

Playlist duo GranDense:  https://www.youtube.com/watch?v=j1dvXVSa_J4&list=PLa9vHqwyQLl9y_MEL2rBOF5suc3ASGsgq

Playlist de aulas: https://www.youtube.com/watch?v=k2eswlzpkx8&list=PLa9vHqwyQLl-PtlleEpxu90wfMsO55k3p

Playlist de entrevistas: https://www.youtube.com/watch?v=Aw_EDU7TfhI&list=PLa9vHqwyQLl811mbrphitvS4N7yjyMlq_


Compartilhe conhecimento

Comments · 1

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.