More Debora Gurgel »"/>More Debora Gurgel »" /> Debora Gurgel - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Debora Gurgel

Debora
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A pianista, flautista, compositora e arranjadora paulistana Debora Gurgel compõe música brasileira contemporânea, com fortes raízes na música popular brasileira e na concepção jazzística de improvisação.

Suas composições estão registradas em discos autorais com formação de trio, quarteto e septeto. O seu grupo “Dani & Debora Gurgel Quarteto”, com Debora ao piano, Dani Gurgel na voz e vocalizes, Sidiel Vieira no baixo acústico e Thiago ‘Big’ Rabello na bateria gravou seus cincos discos mais recentes.

Debora compõem Choro, Bossa Nova, Maracatus e vários ritmos brasileiros, flertando também com o jazz e com ritmos latinos. Alguns dos seus trabalhos mesclam a liberdade de improvisação do jazz com a forma e a ternura da canção brasileira.

CD – “Triálogo”, do trio homônimo com Itamar Collaço no baixo e Pércio Sapia na bateria, contém 11 composições suas. Com este grupo, foi semifinalista do 7º Prêmio VISA de Música Brasileira – Edição Instrumentistas, em 2004.

Suas composições também podem ser ouvidas no CD – “DICA”, do grupo homônimo com Debora na flauta, Amador Longuini Jr. no piano, Itamar Collaço no baixo e Celso de Almeida na bateria.

Ela faz parte do elenco de arranjadores da Orquestra Jazz Sinfônica e da Orquestra Jovem Tom Jobim tendo escrito arranjos para Richard Bona, Chico Pinheiro, Maurício Einhorn, Claudete Soares, Joyce Moreno, Amilton Godoy, Lilian Carmona e Dona Inah, entre outros.

Debora estudou piano e orquestração com Amilton Godoy, Roberto Sion e Fernando Mota. Foi professora no CLAM (escola fundada pelo Zimbo Trio) durante 11 anos e é autora de vários métodos direcionados à linguagem da música popular brasileira para piano e instrumentos de sopro.

Fez parte da equipe do projeto TIM- Música nas Escolas, no Auditório Ibirapuera, lecionando para os 120 alunos da orquestra e participando da elaboração do curriculum do curso.

Fez parte da equipe de professores da Escola Municipal de Música de São Paulo, lecionando fundamentos do jazz, arranjo e improvisação para todos os instrumentos. Nos últimos anos realizou workshops sobre música e composição brasileira em renomadas escolas como “Jazz School” (São Francisco, EUA), “CornishUniversity” (Seattle, EUA), Conservatório Dr. Carlos de Campos (Tatuí – SP).

Segue abaixo entrevista exclusiva com Debora Gurgel para a www.ritmomelodia.mus.br  , entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.05.2017:

01) Ritmo Melodia : Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Debora Gurgel – Nasci no dia 13/04/1962 em São Paulo – SP.

02) RM : Fale do seu primeiro contato com a música?

Debora Gurgel : Meus pais ouviam um pouco de tudo: Bossa Nova, Jazz, música internacional. E eu ficava tentando tocar junto com os LPs as músicas que eu gostava. Meu primeiro contato com o Piano foi com uma vizinha pianista erudita, que acabou se tornando minha primeira professora de piano, D. Hermínea Sanches.

03) RM : Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?

Debora Gurgel : Fora da área musical, eu sou Engenheira Elétrica pela POLI, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP.

Na área musical, comecei estudando piano erudito com D. Hermínea Sanches com oito anos de idade e depois fui para o CLAM, escola administrada pelo Zimbo Trio. Estudei com Fernando Motta e com Amilton Godoy. Arranjo e orquestração, eu estudei com Roberto Sion.

04) RM : Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Debora Gurgel : Em primeiro lugar, nenhuma influência deixou de ter importância. Eu sou a soma de tudo o que ouvi, do que toquei, e de tudo que me emocionou durante a vida. Às vezes uma música te emociona não pelos elementos construtivos, pela beleza estética e pela qualidade, mas porque ela está ligada a uma determinada época ou acontecimento da sua vida, e isso é muito forte.

Não é porque hoje eu gosto mais de música brasileira que o rock progressivo tenha perdido importância. Alguns elementos ficaram guardados para sempre e garanto que aparecerão em algum arranjo, em algum momento.

Minhas maiores influências musicais são: Dori Caymmi, Tom Jobim, Ivan Lins, Edu Lobo, Filó Machado, Zimbo Trio, Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Cesar Camargo Mariano.

Mas, também tem Bill Evans, Chick Corea, Herbie Hancock, McCoy Tyner, Wayne Shorter. Mas, também tem Debussy, Ravel, Chopin, Dvorak, Shostakovich, Bach. Mas, também tem GentleGiant, Yes, James Taylor.

É bem plural! E também tem a turma que eu adoro e que está em plena atividade, como Léa Freire e o Vento em Madeira, Aca Seca, André Mehmari, Avishai Cohen, Shai Maestro, Maria Schneider, Fabio Peron.

05) RM : Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional?

Debora Gurgel : Eu comecei aos 14 anos de idade tocando em Bares.

06) RM : Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nasgravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?

Debora Gurgel : Vou relacionar aqui os CDs com o meu nome.

DDG4 -2016 – CD – Autoral do Dani e Debora Gurgel Quarteto, com Dani Gurgel (voz), eu (piano), Thiago Rabello (bateria) e Sidiel Vieira (baixo)

GARRA – 2015 – CD Autoral Dani e Debora Gurgel Quarteto, com participação do Romero Lubambo (violão).

NEON -2015 – CD com arranjos para clássicos da música mundial, lançado apenas no Japão (aqui só digital) com Dani e Debora Gurgel Quarteto.

LUZ – 2014 – CD Autoral com Dani e Debora Gurgel Quarteto.

UM – 2013 – CD Autoral com Dani e Debora Gurgel Quarteto.

DEBORA GURGEL – 2012 – CD autoral com Dani Gurgel, Thiago Rabello, Sidiel Vieira, Guilherme Ribeiro(acordeão), Daniel D’Alcântara(trumpete), Vitor Alcântara(sax), Carlos Alberto Alcântara(sax), Mauricio de Souza(sax), Marinho Andreotti(baixo) e Cuca Teixeira(bateria).

TRIÁLOGO – 2010 – CD Autoral com Pércio Sapia(bateria) e Itamar Collaço (baixo).

DICA -2000 – CD Autoral com Amador Longuini Jr. (piano), Celso de Almeida (bateria), Itamar Collaço (baixo) e eu na flauta.

Como pianista, arranjadora ou diretora musical, relaciono aqui:MARCO; Adriana Godoy; Conrado; Paulino Quarteto.

07) RM : Como você define seu estilo musical?

Debora Gurgel : Defino como música brasileira contemporânea. Há uma dose grande de brasilidade em tudo o que eu faço, porém temperada com elementos do jazz, do pop, da música erudita.

08) RM : Como é o seu processo de compor?

Debora Gurgel : Eu não sou compositora de encomenda. Se você me pedir um frevo, é bem capaz de eu compor um choro, uma balada, um samba em 3 antes do frevo sair.

Eu sento ao piano e pesquiso por horas. Às vezes uma determinada sequência harmônica me chama a atenção e dali eu começo o desenvolvimento. Às vezes é um groove, às vezes é um trecho melódico. Não há regra. Eu desenvolvo o que me encanta.

09) RM : Quais são seus principais parceiros de composição?

Debora Gurgel : Minha principal parceira é a Dani Gurgel, minha filha.

10) RM : Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Debora Gurgel : Nunca fui uma artista não independente, portanto é muito difícil comparar. Pelos relatos ouvidos de colegas que viveram a época das grandes gravadoras, acho que nunca me enquadraria em um processo altamente comercial em que outras pessoas direcionam a sua arte. Não me vejo dentro disso.

11) RM : Quais as estratégias de planejamento da sua carreira musical dentro e fora do palco?

Debora Gurgel : Fazer o que amo, sem concessões, com muito amor, muita dedicação, estudo, profissionalismo e eficiência. Se você fizer a música na qual acredita, da forma como acredita, ou seja, a sua verdade, seu trabalho será reconhecido. Não pelo grande público, pois isso envolve questões mercadológicas nas quais definitivamente não estou interessada, mas sim pelas pessoas que se emocionam com a música que faço.

12) RM : Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira musical?

Debora Gurgel : Trabalhar muito! Gravar, compor, arranjar, passar o meu conhecimento adiante dando aulas, e principalmente deixar acessível ao público em geral o meu trabalho através de vídeos, partituras, etc. Tudo está disponível para que todos ouçam e toquem a minha música.

13) RM : O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Debora Gurgel : Sempre ajudou, pois torna a música que faço mais democrática e acessível a todos. Nunca prejudicou. Acho que só prejudica quem está pensando em “ganhar mercado”, “concorrência”, etc. Não é o meu caso. Penso em arte para todos.

14) RM : Quais as vantagens e desvantagens do fácil acesso a tecnologia  de gravação (home estúdio)?

Debora Gurgel : Tornou o ato de gravar música mais democrático. Não vejo desvantagens. Outra vez, há desvantagens para quem pensa que “a concorrência aumentou”. Não é o meu caso. Agora mais gente tem como se expressar musicalmente, e isso só faz aumentar o número de pessoas interessadas em melhorar, estudar mais para gravar, ouvir música com mais qualidade, etc.

15) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Debora Gurgel : Ouço muito de alunos e colegas a frase: “Ah, nos anos 50 só tinha músico bom, só lançavam discos bons. Hoje tem muita gente achando que sabe tudo e só faz porcaria”. Penso de outra maneira: Nos anos 50 ou em qualquer época existiam músicos, compositores, arranjadores, produtores ótimos, outros apenas bons, outros médios, outros bem ruinzinhos e outros péssimos. Só que para gravar, você precisava de uma gravadora e a gravadora tinha verba para gravar 10 discos por ano. Ora, quem eram os artistas escolhidos? Os ótimos; é lógico. Eu também os escolheria!

Hoje todos conseguem gravar, os ótimos, os bons, os médios, os ruinzinhos. O problema está no que as pessoas querem ouvir, e no que a mídia vende como “boa música”. Nem sempre é boa música, mas tem mais mercado e público por causa de uma estratégia de marketing, não pela qualidade musical.

Não penso em música como um produto, portanto não penso em me diferenciar dentro do meu nicho musical. Não penso nos meus colegas como concorrentes, mas como construtores de uma música brasileira contemporânea de qualidade, junto comigo! Se tivermos que dividir o público, ok. Penso em música como a expressão da minha arte. Fazendo com seriedade e amor, atinjo um público que quer ouvir isso. É um público pequeno, mas que entende o que faço.

16) RM : Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Debora Gurgel : O cenário musical brasileiro vai muito bem, obrigada! Nunca se fez tanta música boa, de qualidade, diversificada como se faz hoje. O grande problema é fazer essa música chegar às pessoas que estão interessadas em ouvi-la. A mídia tradicional (rádio, tv, cinema) só aposta em respostas garantidas e com certeza a grande música brasileira de qualidade não está nessas respostas garantidas.

17) RM : Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Debora Gurgel –André Mehmari, Edu Lobo, Ivan Lins.

18) RM : Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Debora Gurgel : Hoje em dia não acontecem mais situações não esperadas. Com o tempo você aprende a formatar melhor os contratos, as condições de trabalho, trabalhar com quem você confia e é bom profissional, de forma que tudo funciona. E você aprende a dizer NÃO quando as condições não são as combinadas.

No início da carreira é muito difícil dizer não. Com o tempo você aprende a se valorizar. Mas enquanto você está aprendendo, é inevitável passar por situações estranhas. Algumas que já passei: falta de condição técnica do piano local; show em parque público debaixo de um sol de 40º sem cobertura algumae por aí vai

19) RM : O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Debora Gurgel : Mais feliz é exercitar meu ofício, seja estudando, tocando, compondo, arranjando, dando aulas, e recebendo o carinho de quem entende a sua arte. Mais triste é ter que correr atrás de coisas burocráticas, não relacionadas à música.

20) RM : Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?

Debora Gurgel : São Paulo tem uma cena extremamente diversificada e intensa. Você consegue ver bons shows todos os dias, se procurar. De todos os estilos musicais.

21) RM : Quais os músicos, bandas da cidade que você mora, que você indica como uma boa opção?

Debora Gurgel : Banda Mantiqueira, Vento em Madeira, Filó Machado, As bigbands do Movimento Elefantes, os shows nojazzB e no Jazz nos Fundos, as rodas de Choro e Samba no Ó do Borogodó.

22) RM : Você acredita que sem pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Debora Gurgel : Não.

23) RM : O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Debora Gurgel : Que é uma carreira como qualquer outra, se você desenvolver todos os aspectos. Se você está atrás de sucesso, garanto que será muito difícil e não depende especificamente da música que você faz. Depende de marketing, investimento, imagem, e do quanto você está disposto a se formatar nos moldes que o mercado quer.

Mas se você quer investir numa carreira musical para fazer arte, vá em frente. Não espere retorno financeiro, mas sua alma agradecerá.Só não se esqueça de desenvolver todos os ramos que a sua profissão dá. Não seja um músico específico. Tenha uma especialidade, mas seja versátil. Saiba tocar vários estilos, arranjar, improvisar, compor, dar aulas, e principalmente, faça o melhor que puder! Como músico e como profissional!

24) RM : Quais os Pianista e Tecladista que você admira?

Debora Gurgel : Cesar Camargo Mariano, Amilton Godoy, Luiz Eça, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, André Mehmari, ChickCorea, Bill Evans, Herbie Hancock, Oscar Peterson, McCoy Tyner, Shai Maestro, LyleMays, e muitos outros.

25) RM : Quais os compositores Erudito que você admira?

Debora Gurgel : Shostakovich, Dvorak, Ravel, Debussy, Bach, Chopin e muitos outros.

26) RM : Quais os compositores de Jazz que você admira?

Debora Gurgel : Wayne Shorter, Maria Schneider, Thelonius Monk, Pat Metheny, Chick Corea, Bill Evans, e muitos outros.

27) RM : Quais os compositores de Bossa Nova que você admira?

Debora Gurgel : Carlos Lyra, Tom Jobim, Edu Lobo, Marcos Valle, Luiz Bonfá.

28) RM : Quais os compositores de folk-rock que você admira?

Debora Gurgel : James Taylor.

29) RM : Quais os compositores da MPB que você admira?

Debora Gurgel : Gilberto Gil, Lenine, Milton Nascimento.

30) RM : Quais os discos que você atuou como produtora musical?

Debora Gurgel : Marco, da Adriana Godoy.

31) RM : Quais os cantores(as) e bandas que vocês já acompanhou como Pianista\Tecladista?

Debora Gurgel : Adriana Godoy, Dani Gurgel, Lenny Andrade, Silvia Maria, Lelo Izar, Conrado Paulino, SeptetoAS.

32) RM : Nos apresente a sua metodologia como professora de Piano\Teclado?

Debora Gurgel : Consiste em programar os passos de acordo com a disponibilidade de cada um. É importante que os olhos brilhem! O método é todo apostilado e o programa é feito individualmente atendendo as prioridades de cada um.

33) RM : Quais as principais diferenças entre as técnicas de Piano e Teclado?

Debora Gurgel : São instrumentos diferentes com aplicações diferentes. Eu sou pianista. Toco teclado apenas quando não há disponibilidade de um piano, ou quando quero timbre de piano elétrico (rhodes).

34) RM : Quais as principais técnicas para se dominar para se tornar um bom Tecladista/Pianista?

Debora Gurgel : Muito simples: estudar! Com determinação e consistência. Não adianta estudar uma vez por semana. Tem que ser uma prática diária, nem que seja por pouco tempo.

35) RM : Qual a importância dos conhecimentos tecnológicos para o Tecladista?

Debora Gurgel –Muita. Sem conhecer tecnologia você nunca saberá usar adequadamente os recursos de um bom teclado.

36) RM : Quais os Pianos Digitais que você indica atualmente?

Debora Gurgel : Indico a linha P da Yamaha. Acho uma boa relação custo/benefício para quem não pode ter um piano acústico, seja por orçamento, seja por morar em apartamento ou coisa parecida.

37) RM : Quais os principais vícios e erros se deve evitar o estudante de Piano e Teclado?

Debora Gurgel : Estudar sentindo algum tipo de dor. É importante tocar da forma mais relaxada possível. Pense que você fará isso por várias horas, todos os dias da sua vida.

38) RM : Quais os principais erros de metodologia de ensino de música?

Debora Gurgel : Não ter abertura para adaptar o programa do aluno aos assuntos que o fazem vibrar e avançar. É o brilho nos olhos, a gana de tocar, que faz as pessoas evoluírem.

39) RM : Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Debora Gurgel : Existem pessoas que tem mais facilidade para aprender música, assim como existem pessoas que tem mais facilidade em aprender matemática ou história, mas isso não os torna bons músicos. A persistência e o estudo sim.

É muito comum pessoas que tem mais facilidade e aprendem as coisas de forma rápida não se dedicarem. E é muito comum que em determinado ponto de sua evolução isso não seja suficiente. É lógico que pessoas sérias, persistentes, estudiosas e que tem facilidade vão evoluir muito mais.

40) RM : Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Debora Gurgel : Não vejo contras. Acho que você tem que achar a abordagem certa dependendo do aluno. Há alunos que tem medo de improvisar, achando que tudo está feio e malfeito, e é esse ponto que você tem que trabalhar primeiro.

Outros alunos saem tocando milhões de notas por segundo sem consciência do que estão fazendo e acham que estão abafando, e é esse ponto que você tem que trabalhar primeiro. Há o enfoque certo para cada um. O mais importante é praticar sempre e evoluir gradativamente.

41) RM : Qual a definição de Improvisação para você?

Debora Gurgel : Improvisação é um discurso. É o seu discurso sobre um determinado assunto. Se te pedirem hoje para fazer um discurso sobre física quântica, você saberia? Eu não. Eu sei falar português, sei o vocabulário geral, e sei leves coisas sobre o assunto.

Precisaria estudar o histórico, o vocabulário específico, os processos, e juntar isso num discurso com começo, meio e fim. É isso que faço no improviso musical. A minha visão sobre aquela situação musical, aquela harmonia, aquele groove, etc, interagindo com os músicos com os quais estou tocando. A improvisação nunca é solitária. O caminho que você segue depende dos palpites musicais das pessoas que estão tocando com você.

42) RM : Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Debora Gurgel : As duas coisas. Para você conseguir improvisar de fato, você tem que ter conhecimento prévio dos elementos (vocabulário, histórico, técnica). A junção de tudo isso num discurso com começo, meio e fim é realmente improvisada.

43) RM : Como chegar ao nível de leitura à primeira vista?

Debora Gurgel : Praticando, todo dia! Nunca repita. Escolha um método para praticar (qualquer um!) e leia como se estivesse no palco, a tempo. Nunca volte e corrija, isso não é leitura à primeira vista, isso é estudar! Com o tempo, você aprende a ler alguns compassos na frente e fazer o cérebro organizar a leitura antes da execução.

Pense numa criança lendo a frase “A casa é bonita”. Enquanto ela fala cada palavra, seus olhos estão olhando para a palavra que está sendo falada. Agora pense em como você lê a mesma frase. Quando você começa a falar, você já leu a frase inteira, não é? Música é igual, só treinando você acostuma a ler na frente.

44) RM : Quais os métodos que você indica para o estudo de leitura à primeira vista?

Debora Gurgel : Qualquer um, desde que adequado ao seu nível. Tanto faz se é Bona, erudito, jazz, mpb, songbook. Depende do que você quer treinar.

45) RM : Quais os seus projetos futuros?

Debora Gurgel : Continuar fazendo o que faço e amo: compondo, tocando, fazendo tours, arranjando, dando aulas, gravando!

46) RM : Quais seus contatos para show e para os fãs?

Debora Gurgel : [email protected] | www.deboragurgel.com.br

https://www.facebook.com/Debora-Gurgel-128233243909267 |

https://www.youtube.com/user/danigurgel


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.