More Claudette Ferraz »"/>More Claudette Ferraz »" /> Claudette Ferraz - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Claudette Ferraz

Compartilhe conhecimento

Artista no Brasil não nasce pronto, mesmo que venha com “tudo em cima”, ou seja, boa voz, afinação, carisma para seduzir a mídia e talento para escolher um bom repertório.

Ainda que preenchendo todos os requisitos, é preciso um talento à parte: o de ir à luta, batalhar, persistir, enfrentar a falta de espaço para com os que não são famosos. O essencial lhe foi dado pela natureza; boa voz, boa estampa, e uma dose essencial de “Feeling”.

Não que tenha sido assim tão simples. Desde que meteu a cara – ou melhor a voz – na estrada, Claudette Ferraz vem conquistando as plateias mais ecléticas, passeando por vários estilos; regravando sucessos, trabalhando lançamentos, enfim, uma carreira que se fez na estrada, indo aonde o povo está, como já dizia a canção.

Dona de uma voz suavemente grave, límpida, marcante e um inconfundível estilo de cantar e interpretar canções – uma carreira que se fez na estrada, indo aonde o povo está, como já dizia a canção.

Claudette Ferraz, cantora, compositora e empresária, iniciou sua carreira, em 19 de janeiro de 78, como Lady Crooner (como eram chamadas as cantoras de baile, nas décadas de 70 e 80), no Clube Rural de Seropédica/RJ, com o grupo musical “O Bando”, com o qual ela se apresentou pela primeira vez na TV brasileira, no programa “Mauro Montalvão em 4 tempos”, pela antiga TV Manchete, a convite do apresentador que se encantou com a sua voz, com o seu talento.

 

Em 1980, ela assinou contrato com o Sheraton Hotel, em São Conrado/RJ, por 6 meses. Desde então, o seu nome se propagava como uma das melhores cantoras da noite carioca até receber o convite valioso para ser cantora-solo do mago do piano, Luiz Carlos Vinhas, em 1981, com quem trabalhou durante 4 anos se apresentando nas melhores casas noturnas do circuito carioca: Alô, alô, Sal & Pimenta, de Ricardo Amaral e todo o circuito Chico Recarey, além de percorrer toda rede de hotéis da zona sul do Rio de Janeiro com o pianista, com quem ela viajou pela primeira vez para New York e New Jersey, em 1985.

 

Em 1982, o arregimentador da gravadora Polygram, da Barra da Tijuca/RJ, Waldyr Barney, assistiu um show da cantora no restaurante, casa de shows, Recanto da Alemã, na Barra de Guaratiba e a convidou para compor o quadro de Backing vocal de artistas da gravadora, como: Tim Maia, Emílio Santiago, Agepê, Kátia, Roberto Leal e outros. E assim, ela participou de vários discos e shows do cantor e compositor, Elymar Santos, Jorge Aragão, Reginaldo Rossi e outros.

Fez temporadas em casas de renome, como: Imperator, Mistura Fina, Rio Jazz Club e Night Rio’s (hoje “Porcão Rio’s”).

Participou em programas de grande projeção na TV brasileira, como: “Note e Anote” de Ana Maria Braga, pela TV Record; programa “Flash” de Amaury Jr., pela Band; “O Povo na TV” do saudoso Wagner Montes, pelo SBT, Samba de Primeira” com Jorge Perlingeiro e muitos outros.

Em 1991, alugou o “CANECÃO” no Rio de Janeiro para apresentação única e se apresentou dois dias antes no “Domingão do Faustão”, pela Rede Globo de Televisão.

“Dois Apaixonados” título do seu primeiro LP, com produção de Michael Sullivan, lançado em 1992, no “Asa Branca” (RJ), com direção da compositora, Sarah Benchimol, teve as participações de Elymar Santos, Robertinho do Recife (um dos maiores guitarristas do Brasil).

Em 2001, viajou rumo à Nova York, pela segunda vez, para a “Festa dos brasileiros” mais conhecida como Brazilian Day, partindo em seguida para o “Conrad Casino Hotel”, no Uruguai, como convidada especial do cantor, Elymar Santos.

Conquistou troféus de melhor intérprete e prêmios de primeiro lugar em festivais de música. No concurso “A grande chance” (1996), reeditado pelo saudoso, José Messias (radialista e ex jurado do programa Raul Gil, pelo SBT), realizado no Teatro Rival BR, faturou o prêmio de 1º lugar, juntamente com duas grandes cantoras, Ninah Jô e Denise Dallal, com direito a cobertura do “Bom Dia Rio” e “RJ TV”, pela Rede Globo de televisão.

Foi coordenadora musical de dois projetos de José Messias: “Reveillon do meio dia”, realizado em dezembro de 1999, na Cinelândia no Rio de Janeiro, com participação de grandes nomes da nossa música.

E “Rio e as vozes de ouro”, onde Claudette cantou ao lado de Cauby Peixoto, Ângela Maria, dos saudosos Agnaldo Timóteo, Emilinha Borba, Núbia Lafayette, Wanderley Cardoso e outros, além de cantar e homenagear a inesquecível, Clara Nunes.

Em 1999, realizou o seu primeiro projeto, “Sertanejando”, exaltando a música sertaneja de raiz que gerou o título de um CD de músicas inéditas (independente) com 11 (onze) músicas, sendo sete de sua autoria e com parceiros.

Ainda em 1999 defendeu, pela primeira vez, o samba do G.R.E.S Império da Tijuca, ao lado de Paulinho Mocidade, na Marquês de Sapucaí.

Em 2002, foi convidada para o projeto “Neste Palco Iluminado”, incentivado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro; homenageando compositores das décadas de 1920 a 1960, com textos e narração do poeta, compositor e dramaturgo, Paulo César Feital.

Um verdadeiro resgate a música popular brasileira com arranjos contemporâneos, realizado em lonas culturais; teatros: Glória, Sala Baden Powell e Solar de Botafogo; e praças públicas do Rio, em 2002, 2003, 2004, e que devido ao sucesso de apresentações, retornou em 2008, em curta temporada no teatro Solar de Botafogo.

Em 2005, gravou o CD Demo acústico, “PRA VOCÊ”, só com regravações em parceria com sua produtora, parceira musical e sócia, Shirlei Cavalcanti, na tentativa de buscar incentivo através de empresas de alto e médio porte, como: Petrobrás, Eurofarma, InMetro, Sindicato dos Transportes, Fundação Dom Cabral, dentre outras, as quais atuou durante 10 anos, em convenções na rede hoteleira do litoral do Rio, como Hotel Portogalo, Porto Real, Porto Belo e muitos outros.

Em maio de 2006, Claudette Ferraz foi convidada especial do cantor e compositor Elymar Santos, para o “Projeto “Seis e Meia”, nos dias: 16/05, “Teatro Alberto Maranhão”, Natal/RN, 17/05, Teatro “Mag Shopping” (espaço fechado para Shows), João Pessoa e 18/05, “Teatro Severino Cabral” em Campina Grande (PB).

Em seguida chega em Mossoró (RN), para show solo de lançamento do seu segundo CD independente, “PRA SEMPRE”, que inclui quatro músicas de sua autoria e duas em parceria com Shirlei Cavalcanti, bem como a que intitula o CD, além de regravar compositores, como: Lenine, Ângela Rorô, Altay Veloso, Paulo César Feital, Miltinho Edilberto e outros, no Teatro Dix-Huit Rosado, no dia 02 de junho, onde voltou a se apresentar em outubro e Dezembro do mesmo ano, desta vez, à convite da Prefeitura e do Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, para interpretar o HINO de Santa Luzia, padroeira da cidade de Mossoró/RN (que ela fez questão de gravar para presentear a igreja), cantando no adro da Catedral recepcionando a chegada da imagem da Santa até a Catedral, após a procissão.

Em 2007, participou do grandioso espetáculo, “ALABÊ DE JERUSALÉM”, a convite do compositor, músico, cantor e autor da obra, Altay Veloso. Uma ópera popular religiosa que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Citibank Hall e no Vivo Rio, contracenando com elenco de alto escalão, como: Jorge Vercilo, Selma Reis, Isabel Fillardis, Jayme Periard, Antônio Pitanga, Watusy, Ricky Vallen, Alex Cohen e outros.

Em 09 de novembro de 2011, Claudette recebeu na Câmara dos Vereadores da cidade de Mossoró/RN, o título de cidadã Mossoroense por sua constante atuação em eventos culturais referentes à cidade.

E em julho de 2013, se apresentou no adro da Igreja de São Vicente, na abertura do grandioso espetáculo, “Chuva de Bala no País de Mossoró”, novamente a convite da Prefeitura da cidade, retornando em 2016, com a mesma finalidade.

Em 2017, Claudette Ferraz lança “Meu DNA”, música de sua autoria e que intitula o seu mais recente álbum que se encontra em todas as plataformas digitais, juntamente com os singles “TATUEI VOCÊ NO CORAÇÃO” de sua autoria em parceria com o músico, compositor, cantor e maestro, Lito Figueroa e o Remix “PRA SEMPRE”, dela em parceria com Shirlei Cavalcanti.

Em 2018, Claudette dedicou-se ao projeto “CHÃO DE ESTRELAS”, mais uma parceria com a sua produtora, Shirlei Cavalcanti; projeto inspirado na conexão bem diversificada de gêneros e estilos expressivamente distintos através do encontro e da atuação de vários artistas anônimos, num mesmo evento – artistas que não estão na mídia, mas que manifestam seus talentos com total maestria.

Em 2019, devido a pandemia, apresentou-se em duas lives pelas redes sociais e a partir de então, dedica-se a 2 de seus projetos, Claudette Ferraz “nos braços da canção”, uma exaltação à música popular brasileira nos seus vários segmentos de épocas passadas e; Claudette Ferraz “simples assim”, que manifesta mais a intérprete, com canções de sua autoria e com parceiros que, por enquanto, estão sigilosos.

Ser artista numa tal “Terra Brasillis” requer não somente muito talento, mas também, uma boa dose de veemência. Texto de Paulo Debétio (Produtor fonográfico, cantor e compositor – In memorian).

Segue abaixo entrevista exclusiva com Claudette Ferraz para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 21.11.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Claudette Ferraz: Nasci no dia 21/11/1958 em Campo Grande/RJ e já são 38 anos radicada na Ilha do Governador/RJ. Registrada como Claudete Carvalho de Moraes.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Claudette Ferraz: Minha maior escola e incentivadora foi minha mãe (Euridyce Carvalho de Moraes) que cantava muito e foi a minha fonte inspiradora, só que eu era tímida demais e isso me prejudicou bastante até a decisão final.

Minha mãe participou do programa de calouros “O trem da alegria”, com Lamartine Babo e lá ela cantou junto com Elizete Cardoso, Ary Barroso, Sérgio Murilo e outros.

No bairro onde eu nasci, ela era conhecida como a “Estrelinha do samba” e fazia sucesso nas rodas de samba. Meus primos tinham banda e me cortejavam para que eu cantasse com eles, mas a timidez me impedia até que, aos 17 anos, resolvi encarar e não parei mais.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Claudette Ferraz: Minha formação musical foram os bailes e bares da vida. E como disse Elis Regina: “Não vejo graça noutra coisa que não seja cantar”.

Mas desde 2009 sou empresária, pela SoLluart produções e Eventos Ltda, em sociedade com Shirlei Cavalcanti. Empresa que me dá a possibilidade de agenciar os meus próprios trabalhos.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Claudette Ferraz: Elis Regina, sem dúvida alguma, foi a minha maior influência e uma referência valiosíssima na construção do meu próprio caminho na música, Elizeth Cardoso, Sarah Vaughan… Todos têm sua relevância, apenas não curto alguns segmentos.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Claudette Ferraz: Iniciei minha carreira, em 19 de janeiro de 78, como Lady Crooner (como eram chamadas as cantoras de baile, nas décadas de 70 e 80), no Clube Rural de Seropédica/RJ, com o grupo musical “O Bando”, com o qual ela me apresentou pela primeira vez na TV brasileira, no programa “Mauro Montalvão em 4 tempos”, pela antiga TV Manchete, a convite do apresentador que se encantou pelo meu trabalho. De lá pra cá não parei mais.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Claudette Ferraz: Um LP – Orquestra Cuba Libre – Independente, em 1990.

Um LP “Dois apaixonados”, em 1992, com produção do cantor e compositor, Michael Sullivan e participações de Elymar Santos e do guitarrista Robertinho de Recife e compositores renomados.

Três álbuns independentes: SERTANEJANDO (1999), um projeto que homenageia a música sertaneja de raiz e que me gerou um CD autoral, pela dificuldade de recurso financeiro para liberação das músicas do projeto.

“PRA SEMPRE”, com quatro músicas autorais e duas em parceria com Shirlei Cavalcanti, três de compositores anônimos e quatro regravações, de compositores como: Lenine e Dudu Falcão, Ângela Rorô, Miltinho Edilberto, Altay Veloso e Paulo César Feital.

“Meu DNA”, um segmento musical da sofrência, onde a música título é um forró-funk de minha autoria, oito melodias assinadas pelo músico, compositor e maestro, Lito Figueroa; sendo duas em parceria comigo, três com o saudoso, Carlos Colla, uma com Cecília da Gama e uma com Roseli Vieira.

Lancei três singles: Remix PRA SEMPRE (Claudette Ferraz / Shirlei Cavalcanti); EU PROMETI FAZER VOCÊ SORRIR (Claudette Ferraz / Marcos Farias); e APARTAMENTO 154 (Claudette Ferraz / Tom César).

Obras: Ainda bem que você veio (c/ Shirley Cavalcanti); Chamego danado (c/ Marcos Farias); Cinco sentidos (c/ Sérgio Celane); Enquanto houver chance (c/ Shirley Cavalcanti); Eu digo não (c/ Lito Figueroa); Jamais deixei de amar você (c/ Elymar Santos); Não vejo a vida sem você (c/ Sérgio Celane); Prece cabocla (c/ Sérgio Celane); Sertanejando (c/ Sérgio Celane); Sonhos e desilusões (c/ Lito Figueroa/Shirley Cavalcanti); Um gosto de você (c/ Marcos Farias).

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Claudette Ferraz: Sou bem eclética. Me considero uma cantora intérprete e penso que uma intérprete não tem que ter estilo. Tem é que cantar com estilo tudo a que se propõe com propriedade e muita personalidade para trazer pra si a forma certa de traduzir o seu canto, com ousadia e assim formar plateia, interagindo com ela o maior tempo possível. Tem que arrepiar.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Claudette Ferraz: Nunca estudei técnica vocal.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Claudette Ferraz: Saber colocar a voz, a respiração no ponto certo é fundamental e o estudo técnico ajuda demais, mas acho que Deus foi tão generoso comigo, que Ele me deu habilidades que me facilitam e muito no uso dela.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Claudette Ferraz: Elis Regina, Gal Costa, Elizete Cardoso, Ângela Maria, Milton Nascimento, Raul Seixas, Tim Maia, Alejandro Sanz, Sarah Vaughan, Norah Jones, Diana Crow e muitos outros. Gosto de timbres ousados (risos).

11) RM: Como é seu processo de compor?

Claudette Ferraz: Não consigo criar letras sem uma melodia, mas consigo criar uma letra sobre uma melodia. É claro que tem todo um processo de duração nas construções das mesmas, mas tudo flui muito naturalmente até a sua finalização.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Claudette Ferraz: Lito Figueroa, Shirlei Cavalcanti, Marcos Farias, Tom César.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente? 

Claudette Ferraz: Acho que a liberdade de traduzir, de deter sua própria obra é muito importante. É claro que tem que ter carisma para seduzir a mídia e talento para escolher um bom repertório.

E ainda que preenchendo todos os requisitos, é preciso um talento à parte: o de ir à luta, batalhar, persistir, enfrentar a falta de espaço para com os que não são famosos, porque nos dias de hoje, o artista independente se esbarra muito nas ferramentas de busca para divulgar o seu trabalho; a mídia não tem olhos para o independente e o marketing é essencial.

Infelizmente a indústria fonográfica é quem comanda essa mídia que ignora o independente ou finge não ver. Com isso a dificuldade de divulgar, distribuir e vender shows, torna-se uma batalha constante.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Claudette Ferraz: Nunca planejo nada; simplesmente deixo fluir naturalmente as minhas emoções e me abasteço da confiança sobre tudo aquilo a que que me proponho e tento fazer acontecer da melhor forma possível; canto com a alma, com o corpo e com o coração e acredito que tem um público enorme disso.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Claudette Ferraz: Difícil… O tal do jabá está sempre à frente de tudo. Se o artista independente não tiver recurso algum, ele é engolido pelo sistema e os espaços vão se afunilando de tal forma que se ele não tiver uma boa relação com a internet e suas redes sociais, se ele não souber buscar os recursos necessários para uma conexão sólida com tudo o que envolve essas plataformas, os resultados serão sempre contrários ao seu conteúdo.

Ele terá que depender de um profissional que entende e desenvolve bem o assunto para que todo o seu trabalho não seja desperdiçado, não seja em vão. E eu confesso que não curto muito ficar dependente disso – acho injusto e ingrato demais com quem cria e se dedica tanto a dar o seu melhor e sabe que tem uma obra de conteúdo tão relevante, mas que as pessoas não se dão nem ao luxo de conhecer e dar devido valor que aquela obra tem e merece.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Claudette Ferraz: Ajuda muito, se a gente souber usar todas as ferramentas de acesso a esse desenvolvimento. O problema é saber como, onde e quem pode te ajudar, por encanto e não por quanto.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Claudette Ferraz: Muitas vantagens. Hoje é possível gravar uma obra num piscar de olhos, mas é como eu falei acima; o problema é divulgar, como e onde melhor distribuir.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Claudette Ferraz: Sempre me preocupei com a qualidade das músicas que canto, com a dinâmica do meu trabalho, com qualidade sonora e técnica não só de voz, como de interpretação, mas também com as mensagens que traduzo para o público que se propõe a me assistir, a me ouvir tendo plateia cheia ou não; foi assim que conquistei o respeito e a admiração de muitos e busco manter sempre essa mesma postura.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas?

Claudette Ferraz: Tem muito profissional de talento no anonimato, infelizmente. E eu sinto muita falta dos grandes festivais de músicas que revelavam grandes artistas. Hoje, o cenário não está nada favorável para vertentes como as que busco traduzir através da minha voz, ou seja, a música está sem expressão.

Os meus ídolos, da minha geração estão indo embora, quem irá substituí-los? – Vejo que nada está sendo feito para mudar isso e confesso que me preocupa e desanima um pouco, mas continuo acreditando que ainda há tempo, por isso, não desisto nunca de continuar insistindo nos meus projetos de resgate a música popular brasileira que é riquíssima de conteúdo nos seus vários segmentos. E eu tenho a maior certeza de que ainda há um público muito carente disso.

20) RM: Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Claudette Ferraz: Sinceramente, da MPB se perdeu quase tudo. Não se faz mais música com poesia, com melodias impactantes como aquelas que tanto nos emocionaram, antigamente. Lamentavelmente, a indústria da música, hoje, virou um comércio altamente capitalista.

21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Claudette Ferraz: Lembro de algumas passagens, lá trás, quando eu ainda backing vocal de Tim Maia, passei por situações inusitadas, mas confesso que durante os quatro anos e meio que trabalhei com ele, apesar dos altos e baixos dele, éramos muito amigos e eu nunca deixei de admirá-lo por isso.

“O descobridor dos sete mares”, foi composta dentro da minha casa, pois fui casada com um dos compositores, Gilson Mendonça e essa música nos trouxe muitas alegrias, inclusive a amizade e o respeito do Tim Maia que chegou a produzir um compacto simples meu, com duas músicas minhas em parceria com o Gilson Mendonça, onde o próprio Tim Maia participava tocando percussão e bateria. Seria lançado pela gravadora dele, a Polygram, que não liberou o máster por falta de pagamento (risos).

22) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Claudette Ferraz: Saber que não dependo da música que tanto acredito para sobreviver; eu nunca corri atrás de fama, mas sim, de reconhecimento.

Mas o que me deixa muito triste é ver que a música popular brasileira está perdendo a sua expressão, a sua força para esse mercado selvagem, capitalista.

23) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical? 

Claudette Ferraz: Sim. Uma dádiva divina de Deus e que eu serei sempre grata. Algumas de minhas músicas foram compostas em agradecimento a Ele, pelo dom que Ele me confiou. E a primeira delas intitulada “NOS BRAÇOS DA CANÇÃO”, agora é título de um projeto meu e que brevemente estará nos palcos, se Ele assim permitir.

24) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Claudette Ferraz: Depende muito da situação em que você se encontra no momento. A gente precisa estar atento e forte para driblar o inesperado – nunca se sabe o que vem e como vem. Mas é necessário conhecimento de causa, com certeza.

25) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Claudette Ferraz: Existe a improvisação de fato. Eu mesma já improvisei algumas vezes ao esquecer uma letra de música no palco, onde eu tive que improvisar no lalala. Mas também pode ser estudado para ser aplicado desde que você confie no que está fazendo por ter um bom preparo, harmônico.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Claudette Ferraz: Os prós é quando você está muito bem preparado harmonicamente e o contra é quando não obtém nenhum conhecimento da escala musical. Pode ser bastante arriscado.

27) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Claudette Ferraz: Depende, acho que um bom ouvido ajuda, para quem nunca estudou música (risos).

28) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Claudette Ferraz: Com certeza acredito que minhas músicas tocarão sem pagar o jabá. Eu sempre busquei uma linguagem popular para as minhas letras e melodias. Nunca fiz música só para eu cantar e gravar, mas também para quem se identificar com ela.

29) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Claudette Ferraz: Pense bem para não desistir (risos) – estou brincando, mas acho que o principal é estudar bem o mercado e uma proposta que se encaixe bem nele; confiar, persistir é o mais importante.

30) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Claudette Ferraz: Revela novos talentos, mas depende da veracidade, da sua condução e da proposta do Festival de música.

31) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Claudette Ferraz: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é bastante equivocada, injusta. Lamentavelmente.

32) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Claudette Ferraz: Esses espaços são super importantes. Ampliam possibilidades.

33) RM: Quais os seus projetos futuros?

Claudette Ferraz: O Projeto, “NOS BRAÇOS DA CANÇÃO”, com título renovado tem como principal objetivo resgatar uma importante etapa cultural da música brasileira através de grandes clássicos de muito sucesso em décadas passadas na minha interpretação impecável, além da narração emocionada de textos históricos do poeta, teatrólogo e compositor Paulo César Feital. Uma verdadeira viagem musical.

Indicado pela crítica especializada como um dos três melhores espetáculos musicais de 2002, 2004 e 2008. No show de aproximadamente 1 hora e 50 minutos de duração, a cantora interpreta 31 títulos na íntegra e pout pourris.

No roteiro musical obras inesquecíveis de: Lamartine Babo, Noel Rosa, Ary Barroso, Lupicínio Rodrigues, Chiquinha Gonzaga, Chocolate, Catulo da Paixão Cearense, Mário Rossi e Marino Pinto, João de Barro (Braguinha), Ataulfo Alves, Cartola, Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Humberto Teixeira, Evaldo Gouveia e Jair Amorim, João de Aquino e Paulo César Pinheiro e tantos outros.

O enfoque deste espetáculo é trazer apresentações de sucessos com novos arranjos, preservando a essência das suas construções, levando ao público o resgate de grandes sucessos que hoje estão esquecidos na história.

O projeto já se apresentou no Teatro Baden Powell em Copacabana, Teatro Glória, Teatro Solar de Botafogo, Lonas Culturais, Praças públicas e diversos bairros não atendidos por salas de teatro, onde foram apresentados em palcos montados em locais de referências nos bairros.

Com Shirlei Cavalcanti assinando a produção geral e Paulo César Feital, a direção artística. Os arranjos, regência, teclados e direção musical, ficaram a cargo de Lito Figueroa mais o apoio de grandes músicos. Música Popular Brasileira pura!

E o Projeto “CHÃO DE ESTRELAS” (itinerante). Que tem como objetivo principal RESGATAR e EXALTAR a importância da nossa Música Popular Brasileira através de uma conexão bem diversificada de gêneros e estilos expressivamente distintos na atuação de artistas anônimos; cantores intérpretes, compositores, músicos num mesmo evento – artistas que não estão na mídia, mas que manifestam seus talentos com total excelência.

O PROJETO ganhou um padrinho, o cantor e compositor, Elymar Santos que abraçou a causa e uniu-se em parceria por acreditar na força e na essência de tão belas e inesquecíveis canções que fazem parte da história da nossa música tocada e cantada de diversas formas.

34) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Claudette Ferraz: (21) 98245 – 9352 com Shirlei Cavalcanti (produtora e sócia) | [email protected] | [email protected] | www.instagram.com/claudetteferraz | https://www.facebook.com/claudette.ferraz

YOUTUBE: www.youtube.com/@ClaudetteFerraz 

PARA JULIETTE – EU VOU FAZER VOCÊ SORRIR (Marcos Farias / Claudette Ferraz): https://www.youtube.com/watch?v=lIIxX4ebEc4 

Claudette Ferraz (Nos braços da canção). Parte 1 (teatro Solar de Botafogo 2008) – https://www.youtube.com/watch?v=QH5eRJ9l27E 

Claudette Ferraz (Nos braços da canção) Parte II (teatro Solar de Botafogo 2008) – https://www.youtube.com/watch?v=Q9CfaeurLx4 

Claudette Ferraz (Nos braços da canção). Parte III (teatro Solar de Botafogo 2008) – https://www.youtube.com/watch?v=uYi5lCY5hWM 

Claudette Ferraz (Na batucada da vida (Ary Barroso e Luiz Peixoto) – Teatro Glória, 2004 – https://www.youtube.com/watch?v=rMAU9Ka7YXo 

Claudette Ferraz – Canção de amor (teatro Glória 2004) – https://www.youtube.com/watch?v=RaL3mGo0LHs  

Claudette Ferraz – Homenageando o mestre Gonzagão (teatro Glória 2004) – https://www.youtube.com/watch?v=lhmbQ9E5pQ4 

Alabê de Jerusalém (teatro Municipal do Rio) – https://www.youtube.com/watch?v=-o2uVGv3Z1o&list=PLhhCUawMK5i9busC9TIsUkgwxNQquPdI0 

PROJETO CHÃO DE ESTRELAS (TEASER): https://www.youtube.com/watch?v=spb8mjEqTA4 

DIZEM (Claudette Ferraz / Lito Figueroa) – CD Meu DNA: https://www.youtube.com/watch?v=Rcm9icyakbc

Claudette Ferraz no Domingão do Faustão, dia 08/09/1991: https://www.youtube.com/watch?v=NPYSSVj3eFg

Claudette Ferraz (Hotel Fazenda Barra do Pirai/RJ, em 2007, em comemoração particular para funcionários da Petrobrás. Participação dos excelentes músicos: Zé Leal – percussão e Tila Reis – violão):https://www.youtube.com/watch?v=5ekbmEpD3RQ


Compartilhe conhecimento

Comments · 1

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.