More Adelmo Arcoverde »"/>More Adelmo Arcoverde »" /> Adelmo Arcoverde - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Adelmo Arcoverde

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O violeiro pernambucano Adelmo Arcoverde, no início dos anos oitenta concorreu em vários festivais de música em Recife – PE, conseguindo vários prêmios como melhor instrumentista de Viola.

Foi nesta época que participou do “Prêmio Pernambuco música hoje” de iniciativa da FUNDARPE, no qual conquistou o segundo e terceiro lugar sendo depois convidado pelo maestro Cussy de Almeida em 1982 para fazer parte da Orquestra de Cordas Dedilhadas do Conservatório Pernambucano de Música então em formação. Como membro desta orquestra gravou três discos.

Em 1984 participou do “Prêmio Pernambuco música hoje” com a música “A morte de um valente” e em 1987 participou mais uma vez com a música “A dança da morte”.  Tocou no Free Jazz Festival de 1988, e também de disco em homenagem ao compositor Capiba. Participou em 1992 do disco “Pau doido” de Sivuca, com “Forró na penha” de sua autoria e João Lyra.

Participou como instrumentista do disco gravado pelo cavaquinista Jacaré. Em 1987, participou como instrumentista das gravações de discos em homenagem aos compositores Lupércio Miranda com o acordeonista Chiquinho do Acordeon e Capitão Furtado juntamente com o violeiro Roberto Corrêa. Participou também, como instrumentista da Orquestra Armorial de Pernambuco (segunda edição), fez parte como instrumentista da banda De Pau e Corda com a qual gravou um vinil juntamente com o Quinteto Violado de nome “O maior Forró do mundo” e do grupo Ororubá com o flautista Egildo Vieira, ex Quinteto Armorial.   

Em 2009 e 2010 participou como concertista na MIMO – Mostra Internacional de Música em Olinda com os prelúdios nº 03 e 04 para Viola de dez cordas e Orquestra de Câmara, de sua autoria. Em 2010 tocou com a Orquestra Sinfônica do Conservatório Pernambucano de Música os Concertinos de nº 01 e 02 para Viola de dez cordas e Orquestra Sinfônica de sua autoria. Nesta mesma época foi considerado pela revista “Guitar Player” entre os 100 melhores instrumentistas do Brasil. Criou e implantou no Conservatório Pernambucano de Música a cadeira de Viola de Dez Cordas onde lecionou até o ano de 2019.

Gravou no ano de 2013 e 2014 os álbuns “O Convertido” e “Mensageiro” que recebeu o prêmio de melhor álbum instrumental pela Associação dos Cantores e Interpretes de Pernambuco no ano de 2015.

Criou juntamente com André Arcoverde o grupo Viola de Cordel (quarteto instrumental, com o percussionista Júnior Codorna e o baixista Alisson) com o qual participou dos seguintes eventos de música instrumental: SESC (Lançamento do Banco de Partituras-2011), Festival Bangüê (Nazaré da Mata-2011), Arraial Instrumental (Fundarpe-2012), Palco para todos (Conservatório Pernambucano de música-2011), Santander Cultural (Santander-2012), Palco Instrumental (FIG-2012). Lançamento do álbum – “Convertido” no SESC Casa Amarela no mês de maio de 2013 e lançamento do álbum – “Mensageiro” no Conservatório Pernambucano de Música em outubro de 2014.

Em 2015 com o duo Arcoverde, formado por Adelmo Arcoverde e André Arcoverde participou do projeto “Viola dos quatro cantos” no Sesc Vila Mariana em São Paulo em 19 de junho idealizado pelo violeiro Zeca Collares e participou do projeto “Viola em Concerto” em São Paulo no dia 25 de novembro idealizado pelo violeiro Ivan Vilela. No ano de 2016 fez apresentação em Bruxelas na Bélgica como representante da viola nordestina. No ano de 2017 participou do projeto Sonora Brasil como representante da viola do Nordeste tocando em várias capitais do Brasil.

Lançou em 2023 seu método de Viola Nordestina, no qual desenvolveu uma didática de ensino com base no modalismo (utilização dos modos mais frequentes na música dos repentistas, aboiadores e bandas de pífano), com um catálogo de vinte estilos de cantorias em partitura.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Adelmo Arcoverde para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa 26.04.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Adelmo Arcoverde: Nasci no dia 31/07/1955 em Serra Talhada – PE. Registrado como Adelmo de Oliveira Arcoverde.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música. 

Adelmo Arcoverde: Meu primeiro contato com a música foi através de minha mãe, ela tinha um violão escondido dentro de um guarda roupa que eu descobri. Eu tinha 10 anos. 

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Adelmo Arcoverde: Fiz curso técnico em Contabilidade em 1977, sou formado em Direito (1984) e História (2005). Não tenho graduação em Música, preferi à época (1980) estudar Direito devido a ditadura militar.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Adelmo Arcoverde: No passado foram Luiz Gonzaga, os Repentistas (sou bisneto de um), sanfoneiros pé de serra (sou neto de um), Quinteto Armorial, Orquestra Armorial, Quinteto Violado, bandas de Rock Progressivo: Led Zepelin, Yes, Gentle Giant, Havi Shanka, música Indiana, música flamenca. No presente continuam tendo a mesma importância.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Adelmo Arcoverde: Comecei tocando guitarra em bailes nos anos 70 em Nazaré da Mata – PE, cidade onde vivo até hoje e em outras cidades vizinhas.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Adelmo Arcoverde: Dois álbuns: O convertido (2013) e Mensageiros (2014).

07) RM: Como você se define como Violeiro?

Adelmo Arcoverde: Sou um instrumentista que procuro mostrar que a viola é um instrumento que também exige técnica, sem esquecer a riqueza de sua raiz.

08) RM: Quais afinações você usa na Viola?

Adelmo Arcoverde: Uso a Natural, Rio abaixo, a do repentista e a oitavada, que não é a dos violeiros caipiras.

09) RM: Quais as principais técnicas o violeiro tem que conhecer?

Adelmo Arcoverde: Eu sugiro a mão esquerda usando sempre cordas presas, exercícios de escalas modais. Mão direita dedilhada e usando a técnica dos tocadores de Citara para solos rápidos.

10) RM: Quais os violeiros que você admira?

Adelmo Arcoverde: Renato Andrade, Eraldo do Monte, Zeca Colares, Pereira da Viola, Ivanildo Vila Nova, Gulin, Hugo Lins.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Adelmo Arcoverde: Componho com uma ânsia de vômito, a música vem de maneira mística e platônica e tenho que vomitá-la.

12) RM: Quais as principais diferenças técnicas entre a Viola e o Violão?

Adelmo Arcoverde: O Violão usa a técnica das escolas clássicas e da cultura popular (Choro e Bossa Nova), a Viola, cada violeiro desenvolve sua técnica. 

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Adelmo Arcoverde: Ter um estilo próprio é o ideal, o que complica é a aceitação dos arranjadores que não entendem que o violeiro tocará seu arranjo, mas, dentro de seu estilo.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco? 

Adelmo Arcoverde: Eu não planejo, eu acredito que as oportunidades virão no tempo certo de Deus.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Adelmo Arcoverde: Eu nunca me preocupei com isto. Violeiro que faz isto deixou de ser violeiro, virou empreendedor.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira? 

Adelmo Arcoverde: Ajuda na divulgação de algum áudio ou vídeo, no resto se tornou num instrumento ideológico.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)? 

Adelmo Arcoverde: Eu não utilizo esta tecnologia de home estúdio.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o CD não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Adelmo Arcoverde: O problema hoje não é a concorrência, mas, a falta de cultura musical do povo que foi condicionado a gostar de ouvir porcaria.

19) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Adelmo Arcoverde: A música sertaneja com seu lobby tem dominado o mercado de shows no país, fechando as portas para os outros estilos de música popular. Os artistas sertanejos se tornam donos de fazendas e os violeiros caipiras e repentistas vivem correndo atrás de oportunidades. Zé Mulato e Cassiano para mim foi o que aconteceu de revelação nestas décadas passadas. Com relação a regressão, a música sertaneja “Eu te amo” e “Aquele motel” exemplifica as duplas famosas.

20) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja Caipira/Raiz? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Adelmo Arcoverde: Devo afirmar que não tenho muita convivência com a música sertaneja Caipira, no Nordeste não existe quase nenhuma divulgação pelas rádios locais. A dupla Zé Mulato e Cassiano é a maior revelação nas últimas décadas do século XX. Houve uma regressão na música caipira de raiz, pois os novos artistas só querem fazer a música sertaneja pop para ficarem ricos, serem donos de fazenda.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Adelmo Arcoverde: Eu fico feliz sempre que toco viola. Eu fico triste com certos violeiros que fazem cursos de doutorado e mestrado para se sentirem acima dos outros, na verdade deixaram de ser violeiros.

22) RM: Quais os outros instrumentos musicais que você toca?

Adelmo Arcoverde: Eu toco violão e guitarra acústica.

23) RM: Quais os vícios técnicos o violeiro deve evitar?

Adelmo Arcoverde: O maior vício técnico que o violeiro deve evitar, é usar a técnica do violão erudito na Viola.

24) RM: Quais os erros no ensino da Viola?

Adelmo Arcoverde:  Primeiro erro, é utilizar a técnica do Violão Erudito. Segundo erro, é não estudar digitação de escalas antes de ensinar as modas ou cantorias.

25) RM: Tocar muitas notas por compasso no instrumento ajuda ou prejudica a musicalidade? 

Adelmo Arcoverde:  Tocar muitas notas por compasso ajuda no desenvolvimento de técnica, mas prejudica se não houver valorização das melodias simples.

26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Adelmo Arcoverde:  Tem que ter idealismo e humildade.

27) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Adelmo Arcoverde:  O principal erro é que o ensino da música nas escolas de música no Brasil segue uma Escola Erudita europeia misturada com Jazz Americano. Aqui no Nordeste, o Frevo está se transformando em Jazz-frevo. As escolas têm vergonha das raízes da música popular: Choro, Baião, Bossa Nova, Samba.

28) RM: Existe o Dom musical? Qual a sua definição de Dom musical?

Adelmo Arcoverde:  Existe. O músico já nasce músico, já vem formatado por Deus o criador. Isto é dom musical. Se deixar um músico com o dom da música sozinho numa ilha com um instrumento ele vai aprender a tocar.

29) RM: Qual a sua definição de Improvisação?

Adelmo Arcoverde:  Improvisação é a manifestação musical que prova que nós nascemos com o DNA espiritual de Deus nosso criador.

30) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Adelmo Arcoverde:  Improvisação estudada deixa de ser improvisação para ser arranjo. A improvisação é na hora, deixando o poder criativo que herdamos de nosso criador fluir.

31) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Adelmo Arcoverde:  Os métodos de improvisação ajudam ao aluno a perceber como variar as escalas e desenvolver a criação não repetitiva. O que prejudica é usar o Jazz e o Blues como estilos para prática de improvisação. Um bom estudo de modalismo é mais proveitoso, principalmente na Viola. 

32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Adelmo Arcoverde:  Eu usei o estudo do campo harmônico por mais de 30 anos no Conservatório e funciona muito bem para o aluno dominar a sequência hormônica de qualquer música. 

33) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?

Adelmo Arcoverde:  O cenário musical brasileiro está uma porcaria (música pop) e a cobertura é feita por uma mídia porcaria.

34) RM: Qual a importância de espaço como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?

Adelmo Arcoverde:  Importantíssimo.

35) RM: Quais os seus projetos futuros?

Adelmo Arcoverde:  O meu projeto futuro é devolver a Deus com amor tudo o que ele me concedeu na minha caminhada como violeiro tocando pra ele na sua casa.

36) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Adelmo Arcoverde: (81) 99796 – 9694 | [email protected]

| https://www.instagram.com/adelmoarcoverde

Adelmo Arcoverde – Virgulino: https://www.youtube.com/watch?v=Gj4I9c5BChk 

A peleja da pedinte com o anjo da morte – Adelmo Arcoverde: https://www.youtube.com/watch?v=dVJKPvfDlmU 

Saudades do paraíso – Adelmo Arcoverde – Violeiros do Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=Tp7I-ewWajE 

Adelmo Arcoverde – Trecho do Especial Violeiros do Brasil apresentado pela TV Cultura, onde o músico pernambucano nos mostra sua composição: https://www.youtube.com/watch?v=PAxCVd4bsvU 

Adelmo Arcoverde – CONVERTIDO. CD COMPLETO: https://www.youtube.com/watch?v=8_GN6qVgYL4 

Adelmo Arcoverde Cd Via Norte: https://www.youtube.com/watch?v=tSTEAl_URx8 

Violeiros do Brasil – Festival Online Adelmo Arcoverde e Laís de Assis: https://www.youtube.com/watch?v=Dxqtl0TC_YM 

DuoVerde, Behind blue eyes: https://www.youtube.com/watch?v=Afyv5VSS9EQ

 


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.