More A Banda! »"/>More A Banda! »" /> A Banda! - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

A Banda!

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A Banda! está entre os grupos musicais mais longevos do Brasil (embora não em atividade contínua), com a mesma formação inicial.

O integrante mais novo do sexteto tem mais de sete décadas de vida e quase sessenta anos de palco. Com tanta estrada assim, eles fazem um som entre nostálgico e pop, urbano e calmo, de uma musicalidade diversificada, entre ritmos latinos e afros, percussivos e, por vezes inusitados.

Com especial atenção aos temas e à poesia das letras, as canções (algumas compostas para peças de teatro) dessa turma original passeiam entre um certo apelo ao romantismo e ingenuidade do passado à uma modernidade presente na ousadia dos arranjos.

Empregam instrumentos acústicos pouco usuais no mundo pop (violão tenor, tambores regionais, harmonium, kazoo, apitos, vibrafone, pífaro, flauta doce, bouzouki), além dos recursos artesanais criados em estúdio.

E até por conta das pausas na longa carreira, apenas recentemente puderam gravar algumas das suas composições (todas elas criações dos seis artistas), para a audição de seus ouvintes. Prestigiem os artistas independentes compartilhando suas canções, seguindo seus perfis nas redes sociais e… divirtam-se também ouvindo.

A Banda! É formada por Chico Feitosa (bateria, percussões e voz), Paulo Henrique (baixo e voz), Dayse Lorena (kazoo, gaita, flauta doce e voz), Gui Lorena (violão tenor, bouzoki e voz).

Rita Moretti (teclado, harmonium, vibrafone e voz) e Sergio Bentes (violão, viola caipira e voz).

Segue abaixo entrevista exclusiva com A Banda! para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 28.12.2023:

01) RM: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

A Banda!: Chico Feitosa, sendo eu o mais velho do grupo (77 anos) nasci no dia 23 de março de 1946, em Feira de Santana – BA. Vim morar depois no interior do Rio de Janeiro – RJ.

Paulo Henrique (baixo e voz), nasci no dia 13 de junho de 1947 em Volta Redonda – RJ.

Dayse Lorena (kazoo, gaita, flauta doce e voz) e Gui Lorena (violão tenor, bouzoki e voz), somos gêmeos, nascemos no dia 15 de setembro de 1949 em Niterói – RJ.

Rita Moretti (teclado, harmonium, vibrafone e voz), nasci no dia 26 de outubro de 1949 em Lavras – MG.

Sergio Bentes, nasci no dia 15 de fevereiro de 1950 em Porciúncula – RJ.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

A Banda!: Chico Feitosa (bateria, percussões e voz), já cheguei ouvindo batuque, nascendo na Bahia. Aos cinco anos de idade já tocava nas reuniões familiares nos fins de semana, nas festas religiosas da comunidade.

Paulo Henrique, aos quinze anos de idade fiz parte de um embrião musical, um grupo que só se apresentava em festas beneficentes, em casas de amigos. Aí, começou meu interesse pelo contrabaixo, que no começo improvisei com um balde, uma corda e um cabo de vassoura.

Diria que foi um arremedo de contato com a Música. Mas que me influenciou bastante ao descobrir que podia reforçar o ritmo de uma canção com uma corda só.

Dayse Lorena, a música esteve sempre presente em nossas vidas. Gui e eu ouvíamos mamãe tocar piano à noite, antes de todos se recolherem para dormir.

Gui Lorena, eram trechos de peças clássicas. Mas nenhum de nós se interessou por instrumentos assim de imediato. Só mais tarde quando mudamos de Niterói – RJ para Volta Redonda – RJ.

Rita Moretti, minha mãe tinha em casa um piano e tocava órgão na igreja da cidade. Foi o meu primeiro contato com a Música. Daí que ela ensinava também algumas crianças em casa, uma iniciação musical meio diferente para aquela época, com instrumentos improvisados de percussão.

Sergio Bentes (violão, viola caipira e voz), nesse ponto a vida tem sido muito generosa comigo. Cresci ouvindo muita música em casa. Família grande, doze filhos, reunida à volta de um toca-discos nos Natais, ouvindo Luis Bordón, Bing Crosby.

Discos de estórias infantis, novelas radiofônicas, o pai cantando marchinhas carnavalescas, minha mãe com um cavaquinho do tempo em que, quando solteira, formara um trio com os dois irmãos dela. Havia ainda uma pequena sanfona de pontos, de oito baixos.

Um dos irmãos mais velhos fez um curso com o famoso Edu da Gaita e ganhou algumas harmônicas dele que logo foram dadas aos mais novos. Havia também um bandolim. Diria que foram vários primeiros contatos.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

A Banda!: Chico Feitosa, morei uns tempos no Rio de Janeiro e fui baterista em alguns grupos de samba, de rock. Foi um aprendizado legal. Até dependi financeiramente da atividade musical por um bom tempo. Mesmo tendo trabalhado por quase trinta anos em um banco estatal.

Paulo Henrique, não cheguei a estudar técnicas de contrabaixo. Ouvindo outros músicos nesse instrumento, aprendi mais pela observação e pela intuição. Paralelamente ao aprendizado musical, trabalhei como engenheiro numa grande empresa da cidade.

Dayse Lorena, também não tive uma formação musical específica na prática. Li muito sobre técnicas vocais e cantos ancestrais. Graduada em Letras, fui professora em algumas escolas e faculdades da região.

Gui Lorena, creio que a minha formação continua até hoje. De uma forma que só me dei conta recentemente. Também muita leitura sobre teorias, escolas, enfim a história da Música. Na prática toda uma vida somando com os amigos aqui no grupo. Meu sustento financeiro veio do comércio que mantive até há pouco tempo, além da minha formação em Contabilidade.

Rita Moretti, fiz alguns cursos curtos e participei de muitos eventos ligados ao ensino da Música. Além de ter um conservatório por décadas.

Sergio Bentes, minha formação musical foi na prática, tocando, aprendendo com músicos que já tinham uma relação profissional com a arte da Música. Foi nos festivais de música uma época e em parte nas apresentações que fiz com bandas iniciantes em pequenos bailes chamados de domingueiras. Fora da área musical fui cirurgião-dentista.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

A Banda!: Chico Feitosa, no passado foram muitas. Mas vou citar três: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Gene Krupa. Estilos diferentes, instrumentos diferentes, mas o resultado em mim foi um só… Enlouqueci quando ouvi a primeira vez… Aliás qualquer um enlouqueceria ouvindo o som desses caras… Até hoje ouço. Quanto aos novos expoentes também são fantásticos. São muitos, mas muitos mesmos. Só não sinto a influência deles. Pra mim os antigos continuam importantes.

Paulo Henrique, o som que me cativou desde sempre foi o das big bands. Aquela pulsação de jazz, o swing. Alguns artistas modernos conseguem manter esse espírito dinâmico e até incorporar novidades a ele. Esperanza Spalding, pra citar só uma entre tantas baixistas, é impressionante. Todos são importantes até hoje pra mim.

Dayse Lorena, sempre prestei mais atenção à Poesia das letras de canções. Daí que artistas e poetas como Violeta Parra, Florbela Espanca, Chico Buarque, Taiguara, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, entre tantos outros, tem um papel relevante na minha formação musical, já que há Música na Poesia também.

Gui Lorena, Mozart, Beethoven, Vivaldi, Bach. Tem mais… Mas muito mais mesmo… São importantes sempre, sem dúvida.

Rita Moretti, Eduardo Souto, Heitor Villa – Lobos. Foi quando me dei conta da grandeza da música brasileira, ouvindo mais esses dois. Não me canso de ouvir “O despertar da montanha”.

Sergio Bentes, no passado e no presente Taiguara, Frank Sinatra, Trio Irakitan, MPB4, Amalia Rodrigues, Nat King Cole, Ivon Curi, Elvis Presley, Ângela Maria, Roberto Ribeiro, Nelson Gonçalves, Tim Maia, Paulinho da Viola, Sergio Endrigo…uma salada musical.

As canções de grandes musicais ou temas de filmes. A importância dessas ditas influências só tem aumentado com o tempo. Pois assim consigo entender o som que se faz hoje, fruto das influências do passado.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

A Banda!: Chico Feitosa, eu digo que ela está sempre começando. Em algum lugar, em algum momento, há muitos anos, fiz meu primeiro som num tambor, num batuque. Tem vezes que parece que ainda ouço esse som…

Paulo Henrique, posso dizer que foi na banda amadora que participei nos idos de 1962…

Dayse Lorena, se participação em festival conta, foi no primeiro que cantei junto com o Gui. Um festival estudantil. Tínhamos dezoito anos.

Rita Moretti, desde pequena, quando me apresentava em recitais na região da minha cidade Lavras – MG.

Sergio Bentes, em 1967 participei desse festival de música estudantil onde Dayse e Gui se apresentaram também.

06) RM: Quantos CDs lançados?

A Banda!: Chico Feitosa, com o grupo, A Banda! tem até agora quatro álbuns que estão nas plataformas, todos lançados nesse ano. São 40 canções (dez em cada álbum), nos álbuns: Labirinto; Shambala; Nas Esquinas da Cidade; Cada um de nós. Como músico convidado, participei na década de 70, no Rio de Janeiro, de alguns álbuns de outros músicos iniciantes.

Sergio Bentes, como intérprete, tenho participação no álbum Saideira, do Guido de Castro; uma parceria em três álbuns com Gutto Carvalho: Festança; Passarim; Debaixo do Sol, como letrista e intérprete, além de participações em outros sete álbuns desse mesmo artista.

Tenho seis canções no álbum “Faz sempre sol”, de música infantil, dos artistas Sara Bentes e Bianco Marques e três canções em episódios do podcast Deixa que eu conto, da UNICEF, de estórias para crianças.

Sou também intérprete convidado em três canções, nos álbuns Sambas, amores, estórias e urubus, de Jota Carlos e Shell, de Renato De Los Santos. E conto ainda com sete canções gravadas pelos artistas Sara Bentes, Vitória Régia, Alexandre Cirino, em álbuns e nas plataformas digitais.

A Banda! É formada por Chico Feitosa (bateria, percussões e voz), Paulo Henrique (baixo e voz), Dayse Lorena (kazoo, gaita, flauta doce e voz), Gui Lorena (violão tenor, bouzoki e voz)

Rita Moretti (teclado, harmonium, vibrafone e voz) e Sergio Bentes (violão, viola caipira e voz).

07) RM: Como você define seu estilo musical?

A Banda!: Chico Feitosa, diria que fazemos música apenas. Não temos um estilo definido enquanto grupo. Sem rótulos. Já nos chamaram de minimalistas. Se isso é com relação aos arranjos, que são simples, faz sentido.

Com relação aos ritmos, há um equilíbrio entre pop, rock, reggae, balada, bossa nova, samba, latino, afro, experimental, country, regional, toada, soul, blues e outros.

Paulo Henrique, é, apenas fazemos músicas que primeiramente, claro, nos agradam. Tocou no coração é o que importa. Até em outros idiomas a gente se arrisca a compor. Uma bossa nova, com letra em inglês, Lost in Paradise, no nosso primeiro álbum (Labirinto).

E um rock latino, Bajo la Luna, em espanhol, no terceiro álbum (Nas esquinas da cidade). Difícil pra mim nomear um estilo musical dominante nas nossas composições. Como a música é também uma atividade lúdica, a gente brinca e se diverte quando faz um som juntos. Mesmo sabendo que ela é também uma coisa muito séria, poderosa, transformadora.

Dayse Lorena, talvez porque tenhamos ouvido desde cedo estilos tão distintos, passamos a assimilar um mix de tudo isso. Diria que sempre fomos ecléticos, desde o começo da nossa formação. Sem perceber talvez tenhamos buscado (mas não encontramos ainda) um som universal.

Depois, com o passar do tempo, descobrimos outros estilos, outros ritmos, como o reggae, o cachambulê. E até misturamos o cachambulê com rumba na canção Minha Maria, do álbum Shambala. Ficou bem interessante.

Gui Lorena, penso que não tenho mesmo como definir isso. São vários estilos, no que se refere aos ritmos. Temos até um vira, chamado A casa dos sete sinos, no quarto álbum (Cada um de nós). Uma canção regional, de nome Folia moderna, no primeiro álbum, sobre a Festa dos Reis Magos. Com certeza por lembranças de nossas infâncias, quando ouvíamos os grupos de Folia.

Rita Moretti, se é pra dar nome, somos mesmo minimalistas. Tentando fazer música de uma forma simples e com bom conteúdo. Canções onde a mensagem da letra seja mais importante, quando se faz necessário ser.

Como não são músicas para dançar, o lirismo das letras, a poesia, são mais relevantes para nós. Ao longo desse tempo juntos, penso que cantar o otimismo, ter esperança de que o amanhã seja melhor, tem sido a tônica da maioria das nossas canções: Balada da Incerteza, Atitude, Clara, Zero, entre outras lançadas até então, são nesse estilo, quanto aos temas.

Sergio Bentes, também pelo fato de fazermos música de encomenda, não temos um estilo definido. Em algum instante, lá no nosso início de formação musical, o grupo buscava fazer uma música competitiva (éramos mais de festivais).

Depois creio que mudamos para uma música competente, mais coração e menos razão, menos técnica. Que soa, mesmo para nós, um pouco crua, pouco refinada. Hoje posso dizer então que temos muitos estilos em função dessa variedade de temas, de ritmos e, principalmente pelo papel que cada um desempenha na elaboração das canções.

Equilibramos bem o romantismo, o humor, a irreverência, a ironia. Às vezes uma pitada de crítica social com acidez, uma certa amargura, um desencanto, particularmente em algumas das canções para teatro. Canções como: Ei, burguês (álbum Labirinto) ou Bicho-homem (álbum Nas esquinas da cidade), feitas para a peça Sem teto: O mundo das ruas, que tratam de temas espinhosos, sensíveis. Ou ainda um pop rock (Ela é má) feito pra uma peça infantil e que figura no álbum Cada Um de nós.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

A Banda!: Rita Moretti, do grupo só eu estudei técnica vocal.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

A Banda!: Rita Moretti, fundamental o estudo de técnica vocal. Aqui no grupo temos alguns cuidados básicos desde sempre com a voz, embora nem todos cantem.

10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?

A Banda!: Chico Feitosa, Ih, é muita gente…Um time de respeito…Leny Andrade, Tânia Maria, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Cauby, Augusto Calheiros, Ivon Curi, Trio Irakitan. Pra citar só alguns brasileiros. Do Exterior um monte de vozes lindas, também altamente técnicas, que estão na preferência do grupo.

Paulo Henrique, Noriel Vilela, Nilo Amaro, Elizete Cardoso, Emílio Santiago.

Dayse Lorena, independente do peso do repertório, da importância da mensagem musical, artistas que cantavam (ser da “antiga” é complicado, não ouço muito do que acontece hoje) em espanhol sempre me impressionaram mais. Lucho Gatica, Los Panchos, Sarita Montiel, Libertad Lamarque, Gardel.

Gui Lorena, admiro qualquer um artista que se disponha a cantar, a soltar a voz, interpretando canções que toquem quem se disponha a ouvi-los com atenção. Assim valorizo todos que cumprem essa missão que carrega compromisso e qualidade, no meu entender.

Rita Moretti, minha praia nessa área é bem diversificada. Yma Sumac, Maria Callas, Mario Lanza, Esther Ofarim, Pavarotti, da turma mais antiga. Atualmente ouço Soledad Villamil, Fito Paez, Luis Miguel.

Sergio Bentes, todos os já citados e mais: Art Garfunkel, Dick Farney, John Denver, Mamas & Papas, Taiguara, Elvis, Sinatra, Tony Bennett, Bing Crosby, Amalia Rodrigues, Pino Danielle, Roberto Ribeiro, Zé Ramalho, Karen Carpenter, Dean Martin, Sergio Endrigo, Nicola di Bari, I Giganti, Demetrio Stratos, Demis Roussos, Nat King Cole, Ray Charles, Joan Baez…ufa! Cada um ao seu modo, mestres em divisão melódica, extensão, suavidade, dicção, interpretação, repertório, composição.

11) RM: Como é seu processo de compor?

A Banda!: Chico Feitosa, na parte rítmica geralmente trabalho com a ideia do tema primário da canção. Assim, quando a letra chega pronta (a parte dos outros integrantes), faço a divisão dos tempos em função da melodia que foi criada. Ou que vai sendo formatada, junto com a criação do ritmo, à medida que ela, a melodia, fique definida para quem vai cantar. Gosto desse processo. Flui bem legal.

Paulo Henrique, uso muito o sistema americano de banco de palavras na elaboração da letra. Tem funcionado bem todos esses anos. Pra quem não tem tanta facilidade para escrever é bem interessante.

Dayse Lorena, é um trabalho bem subjetivo. Pelo menos pra mim. Parece que processo um turbilhão de ideias, de possibilidades e de repente…de repente é um estalo e aí o termo que faltava, a palavra que combina com a ideia está ali, dando mais vida à composição.

Gui Lorena, fico de livre atirador nessa história. Todos de cabeça quente e pra quem está meio de fora, só ouvindo, fica mais fácil dar uma sugestão na melodia, na letra. Funciono bem assim.

Rita Moretti, conhecer um pouco mais de harmonia sempre ajudou. Ou mesmo repetir padrões estruturais com pequenas alterações melódicas e combinações sonoras fazem diferenças sutis nos arranjos. Mas também gosto de trabalhar com mudanças improváveis dentro das harmonias e modulações.

Sergio Bentes, escolho o tema ou ele me é sugerido, quando fazemos canções sob encomenda para peças teatrais. Aí desenvolvo começo, meio e fim da estrutura da letra. Se bem que às vezes começo pelo chamado refrão. Priorizo a síntese nas letras. Letras mais curtas, músicas mais curtas. É uma tendência hoje. Inclusive algumas rádios só aceitam canções entre dois e quatro minutos de duração.

A composição flui bem melhor quando recebo a melodia pronta. Por vezes letra e melodia vão surgindo quando componho só. Gosto de usar palavras e expressões populares, alterar o contexto semântico de ditados. Nem sempre uso rimas. Mas quando uso, tento fugir do lugar-comum. E busco um equilíbrio entre o conteúdo e a forma, entre o popular e o refinado, particularmente na elaboração das letras. Quanto às harmonias e melodias, tecnicamente, meu conhecimento é bem mais limitado.

11)RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

A Banda!: Chico Feitosa, bem, posso dizer que todos aqui do grupo somos os principais parceiros de composição uns dos outros. É uma interdependência interessante. Um dá o tema, o mote. Outro puxa um esboço de melodia e assim vamos construindo a canção.

Sergio Bentes, verdade. Ao longo desses anos, com cerca de 120 canções do grupo, não tem como ser diferente. Fora dele, tenho outras dezenas de canções com os artistas Gutto, Landinho Gonçalves, André da Gama, Ana Brum, Cris Bello, Elisa Carvalho, Zé Maria, Ricardo Monteiro, Ramon Correa, Felipe Costa, Lukinha e Bruno Rafael.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

A Banda!: Chico Feitosa, pensamos que hoje as vantagens são bem mais numerosas. Somos independentes e amadores. Trabalhamos sem pressões externas, sem a urgência de prazos. Só isso já é muito bom, se pensarmos que hoje nossa atuação como grupo é limitada por alguns fatores: distância geográfica, idade, dificuldade de locomoção.

Fatores que em alguns momentos a tecnologia, com a rapidez e a praticidade de permitir gravações à distância, atenua bastante. Mas a motivação e a gana de mostrar o trabalho não diminuem.

Paulo Henrique, quanto aos contras (diríamos que são desvantagens), é que não temos muito tempo livre (nem muita expectativa dele) para divulgar o trabalho, nem tanta paciência para lidar com a mesma tecnologia nessa divulgação.

Lógico que o mercado musical mudou muito. Mas continuamos como livre atiradores num campo onde as plataformas musicais são as grandes vitrines. E onde as rádios, redes sociais, jornais, entrevistas, ajudam muito na divulgação dos álbuns, na exposição do trabalho. Pelo menos para nós.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

A Banda!: Chico Feitosa, bem, hoje só fora do palco pelo jeito… Continuamos nesse trabalho de divulgação, buscando ampliar o alcance geográfico das composições. O céu é o limite. O acesso à Música ficou muito mais democrático e também aumentaram as oportunidades para essa exposição.

Gui Lorena, digamos que é uma relação básica de mercado: Oferta e Demanda. À medida que a primeira aumenta, também cresce a segunda.

Sergio Bentes, sei que sempre haverá nichos, segmentos de consumidores de música onde determinado trabalho irá ser muito mais ouvido e compartilhado. Para isso contamos com as rádios, pedindo que toquem nossas canções. E assim divulgamos o trabalho nas plataformas.

14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

A Banda!: Chico Feitosa, de um modo geral, com a parca divulgação que conseguimos fazer, com a ajuda de parentes, amigos, conhecidos, nas redes sociais e, principalmente de grupos ou coletivos ligados à Música, de entrevistas em jornais locais e regionais, veículos como a revista Ritmo Melodia, de rádios independentes, rádios Indoor, AM, FM, Web, comunitárias, aqui e no Exterior, temos conseguido alcançar uma exposição que até nos surpreendeu positivamente.

Sergio Bentes, os três primeiros álbuns chegaram em quase 200 mil streamings, só no Spotify, em pouco mais de dois meses. Sabemos que são só números. Mas pensamos que sejam bem expressivos para criadores e sonhadores que só querem mostrar o seu trabalho. E que não estão mais na estrada, divulgando suas composições.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

A Banda!: Acreditamos que só ajuda. Não tem como prejudicar. A divulgação é instantânea. A informação flui bem mais claramente. Parece que nela, na Internet, a mensagem que passamos (o conteúdo das canções) é mais importante do que o mensageiro (a forma das canções).

Daí que o alcance dessa mesma mensagem é amplificado nas respostas que temos obtido dos nossos ouvintes e/ou seguidores. Temos tido a sensação de que existe um público ávido por novidades musicais, independente de faixas etárias ou localizações geográficas.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

A Banda!: Nós só vemos vantagens. Hoje, em teoria, qualquer pessoa pode gravar uma música e lançá-la. Afinal de contas, tudo é manifestação cultural. E essa liberdade, essa facilidade de acesso ao mercado, traz diversidade, pluralidade. E essa diversidade é boa, é saudável. Dá aos ouvintes a possibilidade de escolha.

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

A Banda!: Chico Feitosa, hoje ainda estamos dizendo “Estamos aqui! Venha nos ouvir!” para o público, quando lançamos um álbum. No passado, ao apresentarmos uma canção inédita, em festivais, em mostras musicais, em espaços de lazer, entre amigos, também dizíamos a mesma coisa. O que mudou foi a estratégia.

Como não vejo essa concorrência de mercado como desafio, pois penso que tem espaço pra todos dentro desse mesmo mercado, hoje o que fazemos é colocar nas prateleiras, nas vitrines das plataformas, o nosso produto final. Estamos entregando o que construímos ao longo dessas décadas.

Agora, se o público vai responder ao nosso convite, se vamos manter seu interesse em nos ouvir, é uma questão de tempo. E persistência de nossa parte na divulgação, que hoje é muito, mas muito mais fácil.

Paulo Henrique, consistência e coerência. A “concorrência” é saudável. Ao final das contas, todos queremos “vender” um produto. E para aparecer, sem modismos ou aberrações, pensamos que basta seguir o coração, a intuição. Chegar lá (o chamado “sucesso”, que é relativo) talvez não seja tão difícil. Difícil talvez seja manter-se coerente. Não se render aos modismos.

Dayse Lorena, somos amadores e independentes, divulgamos o que compomos e gravamos, sem a preocupação de julgar por antecipação se quem ouvir vai gostar ou não. Não sabemos se isso vai nos fazer ser diferentes dentro do nosso nicho musical, se é que ele existe.

Apenas pensamos que tudo isso (nosso trabalho) é a essência do conhecimento de cada um de nós enquanto artistas. Então, se alguém ouve e gosta, certamente vai compartilhar. E aumenta essa cadeia de ouvintes, de receptividade ao trabalho. Agora, se não gostar, pelo menos vai saber que o trabalho existe.

Sergio Bentes, diria que o que pode diferenciar é o resultado da diversidade de influências de algumas das diversas artes que todos aprendemos ao longo das nossas vidas, como Música, Poesia, Prosa, História. E claro, muito de nossa intuição também. Que se reflete no resultado final de algumas canções. Ao buscar temas diferenciados, ligados à Literatura, mesmo para um rock, como Simão Bacamarte. Já nos disseram que é um rock-cabeça. Seja lá o que for, gostamos do resultado.

18) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

A Banda!: Chico Feitosa, o cenário hoje é bem dinâmico, até por conta do ritmo imposto pela tecnologia na rapidez das informações.. Como cantou Belchior, “o novo sempre vem”. E continua vindo e virá sempre. Como não acompanhamos, de um modo geral, essas levas de novos artistas, não saberíamos dizer. Quanto aos artistas, se regrediram ou não, entendemos que tentam sobreviver no meio musical.

Paulo Henrique, bem, o público também envelheceu junto com os artistas. Ocorre que algumas canções não envelheceram e continuam agregando públicos jovens. Isso é consistência. Mérito dos artistas, compositores, dos criadores delas, das letras e melodias dessas canções, certamente atemporais.

Dayse Lorena, a música brasileira é muito rica. Dimensões continentais, muitos sotaques, muitos ritmos regionais. Que podem até nem ter seus canais de amplificação, de divulgação na mídia. Mas que com certeza dão origem a outros sons, a outras tendências musicais. Nossa MPB é grande, é plural, é muito generosa. Nela cabem todos e tudo.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

A Banda!: Chico Feitosa, bem, já passamos por situações engraçadas. Mais nos festivais em cidades do interior. Como sermos levados no camburão da polícia local para dormirmos em colchonetes em salas de aula, depois da apresentação no festival. Questão de recursos de cada cidade para receber os músicos participantes.

Paulo Henrique, quando não dormíamos em bancos de praça da cidade. Geralmente cidades sem muito recursos ou cujos festivais faziam parte de outros eventos locais, mais concorridos. Aí pousadas e hotéis estavam sempre cheios. Foram algumas vezes. Mas eram outros tempos.

Gui Lorena, já dormimos até em bancos de igreja.

Dayse Lorena, tivemos sorte. Rita e eu sempre conseguimos ficar em casa de algum participante local.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

A Banda!: Chico Feitosa, muita coisa boa me aconteceu e acontece ainda por conta da Música. Amigos que fiz por causa dela. Momentos que deixaram em mim ótimas lembranças. Uma sensação gostosa, ao deixar um palco, depois de uma apresentação onde tudo correu bem. E claro, durante a apresentação também, ouvindo o público cantando junto. Vendo pessoas dançando, sorrindo. A Música me deu e dá muito de satisfação pessoal.

Já a tristeza (não necessariamente na minha carreira), é saber que muito artista bom, competente, dedicado, naquela época não teve as mesmas oportunidades para destacar-se. Por várias razões e circunstâncias. E ficaram pelo caminho, sem serem conhecidos no meio.

Paulo Henrique, não chego a ser um melomaníaco, mas fazer música, ouvir, tocar e cantar em conjunto, me dá um “barato” difícil até de descrever. Uma viagem que não me cansa, com tanta endorfina e dopamina. Como linguagem, é universal.

Quantas vezes ouço canções, em idioma desconhecido, que me prendem a atenção. Não preciso saber o significado do que está sendo cantado. Bastam a melodia, o ritmo, a harmonia, um arranjo diferente, pra me tirarem do chão. Tristeza não tenho.

Dayse Lorena, ter histórias pra lembrar, pra contar. Porque pra mim Música também é isso. É filosofia e comunhão. É memória e cura. É mantra, na alegria e na tristeza. É Arte e entretenimento. É remédio. Mas sei que pode ser veneno também.

Gui Lorena, diria que a Música me deixa ainda mais feliz. Nietzsche disse que sem ela a Vida seria um erro. Não consigo nem imaginar como seria. Pessoalmente a Música me proporcionou muitas horas felizes. Cantar ao lado de minha irmã, ao lado de parceiros e amigos queridos, ao longo desses anos. Isso tem um valor enorme pra mim. Creio que a Música fez e faz de mim uma pessoa melhor.

Rita Moretti, bem, foi minha profissão por tanto tempo. Só tive alegrias. Ver novos talentos surgindo, acompanhar a carreira de alguns deles. Participar das mobilizações na comunidade para criar mais oportunidades para esses talentos.

E poder crescer com o coletivo, em todas as vezes que me apresentei com A Banda! E mais feliz agora, quando estamos lançando algumas das nossas composições. Antigas e novas.

Sergio Bentes, a música sempre esteve presente em minha vida. Tem sido um ponto de apoio para mim, como pessoa. Não seria feliz sem ela. Sem poder escrever letras que se tornam melodias, sem poder externar cantando ideias e sentimento. Aos poucos compreendi que ela ajudou a que eu superasse uma disfemia.

E que me possibilitou estabelecer também um diálogo com as pessoas à minha volta, a encontrar respostas e a me situar no meio musical. Ao longo desses últimos anos, ouvir depoimentos de ouvintes que foram tocados de alguma forma pelos temas de algumas canções, pelo lirismo de algumas letras, me fez ter mais certeza da importância desse meio de comunicação. Resumindo, a Música tem sido pra mim uma experiência de vida que transcende muitas outras. E da qual não se consegue ficar indiferente.

21) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

A Banda!: Sim, existe.

Chico Feitosa, algumas pessoas já nascem com uma predisposição para a Música, seja compondo, tocando, cantando. Naturalmente que nem todas desenvolvem esse dom.

Paulo Henrique, como o nome diz, é um presente que a Natureza nos dá. Agora, o que o cidadão vai fazer com ele não se sabe realmente. Uns vão atuar em outras áreas dentro da Música. Vão ser críticos musicais, luthier, sei lá.

Dayse Lorena, é a capacidade de entender essa linguagem universal que é a Música. De saber traduzir para ouvidos e cérebros atentos as emoções. Diria que é algo simples e ao mesmo tempo complexo o dom musical.

Gui Lorena, mistério. Tem muito de heranças atávicas, de evolução dessa capacidade humana de entender a si mesmo e ao mundo à sua volta.

Rita Moretti, ele pode ser aprimorado, refinado. E até mesmo em que não acredita ter o dom, pode ser despertado. Com o ensino, com os meios para isso.

Sergio Bentes, nem sempre é completo ou mais amplo. Eu mesmo tenho alguma facilidade com letras, harmonias e melodias, mas não com o ritmo.

22) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

A Banda!: Chico Feitosa, ajudar a treinar o potencial criativo do músico.

Paulo Henrique, muita prática, muito exercício, muita observação. E bons ouvidos. Quase absolutos.

Dayse Lorena, conhecimento das escalas, dos ritmos.

Rita Moretti, é uma arte dentro da outra. E como arte tem que ser desenvolvida, aprimorada.

23) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

A Banda!: Sim, existe e é também estudada antes e aplicada depois.

24) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

A Banda!: Rita Moretti, proporciona segurança ao músico para criar, executar. Não vemos nenhum contra nesses métodos.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

A Banda!: Rita Moretti, seus estudos fazem parte de um vasto campo que pertence à Teoria Musical. De forma geral, estudar harmonia significa entender a formação dos acordes, a relação entre os acordes, a relação entre acordes e escalas. Não vejo nenhum contra dentro dos métodos desse estudo.

26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

A Banda!: Chico Feitosa, sim. Já estamos percebendo isso na prática há muitos anos.

Paulo Henrique, com a democratização do acesso ao consumo de música, essa relação mudou. Pelo menos para nós, artistas independentes. E para as emissoras também. Rádios (de todos os tipos) já divulgam as nossas canções. Só temos que pedir, lógico. Fazer barulho.

Dayse Lorena, com certeza. E ficamos à vontade para provocar também. Usamos ironia na canção Toca essa aí, DJ, nossa música de trabalho de Labirinto, o primeiro álbum. A letra toca nesse tema de forma bem humorada.

Sergio Bentes, diria que cerca de noventa por cento delas fazem a inserção de nossas canções na sua programação sem pedir contrapartida financeira. E algumas, no Exterior, ainda emitem relatórios informando em quais datas e horários tal canção foi divulgada.

27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

A Banda!: Chico Feitosa, vá em frente! Sem medo!

Paulo Henrique, não desista e faça o que você gosta!

Dayse Lorena, estude sempre.

Gui Lorena, ouça os clássicos…

Rita Moretti, estude a história da Música.

Sergio Bentes, torne realidade seu sonho!

28) RM: Festival de Música revela novos talentos?

A Banda!: Chico Feitosa, com certeza. Conhecemos alguns nos festivais que participamos. No meio da década de 70 vimos a Joanna, ainda como Maria de Fátima, num festival em Muriaé. Também o Eudes Fraga, em outros festivais, como em Visconde do Rio Branco, nos anos 90.

Paulo Henrique, sim. Já vimos o Milton Carlos (irmão da Isolda) cantando, acompanhado pelo Sergio Sá, ambos ainda desconhecidos da mídia, em festivais, no início da década de 70.

Dayse Lorena, até o Luís Nassif, hoje dedicado ao jornalismo, com quem inclusive cantamos num festival de música, fazendo coro para uma canção dele (Os verdes campos de Pasárgada), também naquela saudosa década de 70.

Sergio Bentes, penso que sim, que festivais revelam novos talentos. É uma escola diferente. É uma competição. Você só tem uma apresentação e tem que impressionar nela. Letra, música, arranjo, interpretação. Foi muito bom pra gente esse aprendizado.

29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

A Banda!: Chico Feitosa, a cobertura é parcial, é a visão egoísta que se passa a ter de uma parcela pequena dessa mesma cena. Se a gente considerar que a cobertura é da grande mídia, ela vai colocar em evidência apenas o que interessa comercialmente ao público que lê (quando lê) ou vê ou ouve o resultado dessa cobertura.

E isso tudo é muito restrito em matéria de conhecimento ou de entretenimento dentro do meio musical. Por vezes é mais do mesmo, fórmulas batidas de ritmos, harmonias, arranjos, temas recorrentes.

Paulo Henrique, a grande mídia é excludente sim. Mas a cena musical brasileira é grande, é pujante. E o dinamismo dos artistas excluídos por essa mídia é que mantém, lá no fundo, a beleza, a originalidade de boa parte dessa cena musical marginalizada sim, mas não desconhecida. Que aos poucos emerge e chama a atenção do público, de uma grande massa que sabe e escolhe o que quer ouvir.

Dayse Lorena, parece um mundo paralelo, uma outra dimensão, surreal. Tentam empurrar para a massa artistas forjados, sem uma história de verdade, genuína. Diria que é o resultado também de falta de investimentos na educação básica tradicional.

Gui Lorena, penso que o ensino da Música e até da sua história deveriam fazer parte da grade escolar. Com certeza faria uma diferença enorme na qualidade da nossa MPB como um todo. Conhecer as origens da Música como arte, como manifestação cultural, mudaria com certeza esse quadro desanimador que presenciamos hoje.

Rita Moretti, hoje vejo que existem realmente esses pontos, eu diria de resistência, de reação contra o chamado mainstream. O mainstream privilegia uma minoria que vem se nutrindo dessa massificação cultural há décadas. Mas penso que a reação dos segregados pela mídia crescerá para manter um equilíbrio é cada vez mais crescente.

Sergio Bentes, é o que temos aí. Um rio ou vários rios, subterrâneos, correndo, invisíveis. Formando uma grande rede, chamando a atenção e tentando, como se diz, furar a bolha pra desaguar também no mar. E vamos conseguir, mesmo que seja aos poucos.

30) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

A Banda!: Muito bom! São fundamentais no processo de equilíbrio da MPB. São vitrines interessantes para todos os artistas, independentes ou não.

31) RM: Quais os seus projetos futuros?

A Banda!: Chico Feitosa, o tempo urge e a gente não para também… De minha parte, continuar a tocar, a aprender mais e mais. Fazer um som com meus amigos desse grupo amador (porque amamos o que fazemos) e ouvir muita música ainda… E, claro, continuar compondo. Afinal de contas, o compositor por vezes é também um cronista do seu tempo. E enquanto houver tempo, enquanto puder, vou viver a Música.

Paulo Henrique, é estranho falar em projetos futuros nessa altura da vida…mas seria mais estranho ainda não tê-los. Quero continuar gravando, nem que seja à distância, já que agora estamos longe uns dos outros.

E continuar sonhando, acreditando que lá, do outro lado, com os ouvidos atentos, sempre haverá alguém, em algum momento, ouvindo nossas canções.

Dayse Lorena, pessoalmente penso na possibilidade de fazer circuitos em faculdades, como fizemos uma época. É um público interessante, ávido por novidades musicais. E poder apresentar algumas das nossas canções, feitas para espetáculos teatrais, em eventos desse tipo.

Gui Lorena, não faço planos. Deixo os dias fluírem enquanto ouço as músicas que amo.

Rita Moretti, gostaria também de voltar aos circuitos nas faculdades. Foi um período muito legal. Cresci muito, é um aprendizado mútuo, uma oportunidade de formação de público num meio crítico.

Sergio Bentes, meu principal projeto do presente e do futuro é continuar compondo. É o que mais gosto de fazer dentro do ambiente da Música. E seguir gravando com A Banda! nesse aprendizado contínuo e apresentar as canções do nosso trabalho para mais pessoas, por meio das plataformas, das rádios. Creio que todos nós podemos deixar um legado musical de qualidade para os nossos ouvintes e para as novas gerações de artistas.

32) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

A Banda!: (24) 99816-7606 | [email protected]

| https://www.instagram.com/abanda_oficial

| https://www.instagram.com/ben.tessergio

Canal Sergio Bentes: https://www.youtube.com/@essebentes

Canal Sergio Bentes: https://www.youtube.com/@sergiobentes1993
Frágil · A Banda! · Sergio Bentes: https://www.youtube.com/watch?v=Za-pRwWHl-w
Playlist do álbum Shambala: https://www.youtube.com/watch?v=2nKRw5VIliE&list=OLAK5uy_mcyUmQLU7FO7Osd4RMpkvgHuDqyxzfeJQ

A Banda! https://open.spotify.com/intl-pt/artist/3xv0NQWvo3ryMYn8uzDiqq?si=a1sJnvN0QSKSvEd5_c8xZA&nd=1&dlsi=f94d205cd7e047f2


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.