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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

COMPANHEIRO ROCK’n’ROLL

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Por Gladson Morais

(https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/passaro-unitario/)

Meu verso se perfumou de naftalina, sentou-se à mesa do bar, afinou sua guitarra de vocábulos, pediu uma dose de gasolina e colheu da lua o uivo indigesto dos lobos. Sussurrou uma ode veloz, melódica, distorcida em acordes dissonantes, reverenciando o companheiro ébrio de codinome Rock’n’Roll. As estrelas abandonaram o firmamento, a constelação desceu ao chão, o manto negro da noite cobriu o tablado do anfiteatro e a voz rouca, uníssona, esbravejava sua partitura marcial de três acordes libertários.

O Rock’n’Roll é o compasso elétrico, atribulado, do menino cabeludo de ideias, contestando as sombras de um sistema que padroniza corações e mentes. Seu verbo, embalado ou balado, alivia as destoantes frustrações do viver incompreendido. Sua ordem gera desordem. Sua organização desorganiza. Seu aparelhamento desaparelha. Seu refrão destoa categoricamente da ignorância atroz, que indica o caminho certo, a hora sensata, o modelito exato, o ritmo harmônico de uma vida enlatada.

A melodia roqueira também é flor roubada à meia-noite do canteiro orvalhado de amores e solidão. Passeia no acalanto, conformando a dor no andarilho som musical do mundo de inquietações mútuas. Saboreia os lamentos. Afaga as decepções. Auxilia o grito rasgado da indignação. Acaricia a paixão subtraída em cada um de nós. É batom nos lábios doces da ninfa menina. É sol, esclarecendo elementos de sobrevivência no caos.

Da vitrola vem a tempestade das vidas, na poesia exacerbada da crônica roqueira. A bateria acelera. O baixo ensurdece. A guitarra solidifica. A voz entoa sílabas metamorfoseadas de palavras que acendem versos oriundos das profundezas de cada eu. Luzes em contrafluxo. Trovões relaxando a audição dos deuses. Meninos e meninas. A filosofia jovem do moleque, companheiro dos mil e um lirismos de libertação.

Meu verso, geado de flores e cabelos coloridos, beija silenciosamente a mão nebulosa de todas as nebulosas. Entoa estribilhos de sua nave planetária de canções, aumentando o volume e assoviando, enluarado de braços e abraços, a harmonia fantasmagórica da longa amizade com o bom e velho Rock’n’Roll.

“I can’t get no satisfaction…”

 


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Comments · 2

  1. Parabéns, meu parceiro Gladson. O texto soou como um Riff de palavras: ‘A voz rouca, uníssona, esbravejava sua partitura marcial de três acordes libertários’, Poesia vibrante e cheia de alma ao espírito do bom e velho Rock’n’Roll!

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