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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Banda Psychotria

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Psychotria surgiu como um power trio, e após rodar São Paulo com sua demo instrumental “Citrus”, com apresentações incendiárias em locais como Sensorial Discos, Apê 80, Casa de Cultura Chico Science e livraria Kazuá, em 2018 a banda entrou em um hiato por tempo indeterminado.

Em 2023 a banda voltou à ativa como um uma formação ainda mais experimental e acaba de lançar o single “Chacrona”, uma viagem sonora com poucos acordes e muitas nuances.

Para celebrar esse lançamento, a banda está caindo na estrada novamente com a turnê “Lisergia & Ativismo”, que irá passar por ruas, parques, casas de shows e espaços culturais variados, apresentando seu som difícil de rotular, que flerta com o experimental, com a psicodelia, com o punk e com indie.

As canções, que convertem em sons algumas experiências vividas pelos integrantes, versam sobre as angústias da nossa sociedade contemporânea: Como a desigualdade social, as mazelas do capitalismo e a saúde mental da população.

Segue abaixo entrevista exclusiva com a banda Psychotria para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 30.10.2024

01) Ritmo Melodia: Qual a data de nascimento e cidade natal dos músicos da banda Psychotria?

Psychotria: Daniel Galeano (baterista e multi-instrumentistas) nasceu no dia 17/07/1976 em São Paulo – SP. Ivan Curtis (tecladista e multi-instrumentistas) nasceu no dia 23/08/1980 em São Paulo – SP. Manuela Cruz (cantora) nasceu no dia 25/06/1986 e Walter Moreno Sousa Cruz (guitarrista) nasceu no dia 21/06/1980, os irmãos nasceram em Imperatriz, no Maranhão. Jean Guilherme Paz (baixista) nasceu no dia 30/05/1983 em São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul.

02) RM: Fale do primeiro contato com a música dos músicos da banda Psychotria.

Jean Paz: Fui impactado desde muito pequeno pela música La Bamba (Ritchie Valens). Ao ponto de ficar circulando pela casa com uma tampa de panela de pressão, simulando que estava tocando um violão. Eu sempre quis ser um Novo Baiano, mas como sou gaúcho, nasci na década de 80 e toco mal, não foi possível.

03) RM: Qual a formação musical e/ou acadêmica fora da área musical dos músicos da banda?

Psychotria: Ivan e Daniel são advogados e estudam música. Manuela é iluminadora e estuda música. Walter é designer e artista gráfico e teve aulas com uma lenda da guitarra brasileira, o mestre Milton Medusa. Jean Paz é publicitário não-praticante e tem preguiça de estudar música, mas deveria estudar.

04) RM: Quais as influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância dos músicos da banda Psychotria?

Psychotria: Daniel tocou heavy metal durante muito tempo. Até ser tocado pela psicodelia e pelo funk.

Walter já tem uma pegada mais classic rock. Mas também ouviu muito heavy metal e hard rock.

Ivan prefere ouvir bandas dos anos 80 e isso é muito presente na sua sonoridade.

A Manuela é muito influenciada pelo rock nacional, principalmente pelas cantoras. Em especial, a saudosa Cássia Eller. Seu timbre é parecido e seus trejeitos fizeram com que uma vez a rainha Elza Soares a apelidasse de “Cassinha”.

Jean Paz é muito influenciado pelo punk, pelo experimental e pela psicodelia. Se há uma banda que “amarra” nossas influências todas, essa banda é o Pink Floyd.

05) RM: Quando, como e onde você começou a banda Psychotria?

Psychotria: A banda nasceu como power trio em 2016 e após rodar São Paulo com sua demo instrumental “Citrus”, com apresentações incendiárias em locais como Sensorial Discos, Apê 80 e livraria Kazuá (durante o Festival da Arte Degenerada).

Em 2018, a banda entrou em um hiato por tempo indeterminado, após um dos integrantes comunicar que teria que abandonar o projeto por uma questão profissional que o levaria para o outro lado do mundo. A banda entrou em um recesso que durou 5 anos.

Em 2023, os membros fundadores Jean Paz e Walter Cruz resolveram reativar o projeto e recrutaram os multi-instrumentistas Daniel Galeano e Ivan Curtis para compor a parte instrumental da banda.

Para interpretar os textos escritos sob influência de literatura beat, cinema marginal e biografias de revolucionários latino-americanos que inspiram o grupo, convocamos a cantora Manuela Cruz, que une lirismo e visceralidade, para nos lembrar que não podemos perder a ternura mesmo nos momentos mais combativos.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Psychotria: Ainda não lançamos um álbum. Pretendemos gravar em 2025. Por enquanto temos os singles: Citrus, lançada na primavera de 2017. Em 2024, lançamos “Chacrona”.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Manuela Cruz: Estudei técnica vocal.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Manuela Cruz: Estudar técnica vocal é importante para tirar o máximo do potencial com o mínimo esforço. Afinal a voz é único instrumento que não pode ser substituído.

10) RM: Quais as cantoras (es) que vocês admiram?

Manuela Cruz: Gosto de vocais viscerais, como Cássia Eller, Kurt Cobain, Chris Cornell, Cazuza

11) RM: Como é seu processo de compor?

Jean Paz: Costumamos criar uma base no baixo/bateria e deixamos que a guitarra e as teclas viagem em cima. No meio desse caos Manuela cria suas linhas melódicas e o resultado é essa mistura impossível de rotular, que você podem acompanhar através das nossas plataformas digitais.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Jean Paz: Toda essa trupe delirante que chamamos de banda Psychotria.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Psychotria: Prós: sermos donos dos nossos fonogramas. Podermos agir como nosso coração mandar e nos manifestarmos politicamente sem nos preocuparmos em seguir o posicionamento da gravadora/selo.

Não termos que lidar com a opinião de pessoas que às vezes entendem muito de mercado, e muito pouco de produção artística. Podermos tocar na rua e passar o chapéu sempre que acharmos necessário.

Contras: Termos que bancar os custos de promoção e material de merchandising. Ficarmos de fora de playlists que impulsionam o alcance das músicas.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Psychotria: Nesse momento, estamos focados na formação de público. Assim que tivermos uma boa rede, pretendemos abrir um financiamento coletivo que irá bancar os custos de produção do nosso primeiro álbum. E na sequência, tentar algum edital que possa arcar com a turnê de divulgação do álbum, para que ele chegue aos ouvidos do maior número de pessoas possível.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Psychotria: Não entendemos muito de empreendedorismo. Talvez por isso a gente sofra um pouco para fazer nosso som circular.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Psychotria: A internet nos ajuda possibilitando que nossa música alcance os ouvidos de pessoas de qualquer canto desse planeta redondo. E serve para tirar eventuais dúvidas que surjam durante os processos. O único fator negativo é que as vezes ela nos tira o foco. E ao invés de estar tocando o instrumento, estamos vendo alguma coisa superficial e desnecessária.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Psychotria: Nosso baterista Daniel Galeano possui um Home Estúdio e isso revolucionou nossa forma de trabalhar. Porque acabamos economizando a verba de ensaio, que acaba sendo direcionada para outros fins. O Home estúdio permite que a gente grave os ensaios e esse material é utilizado como suporte no desenvolvimento dos sons. E em breve vamos nos trancar lá para iniciarmos a pré-produção do nosso álbum.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que a banda faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Psychotria: Nossa prioridade é nos divertirmos com o nosso trabalho. Acredito que esse seja nosso diferencial. Porque a pessoa que está ouvindo percebe que realmente estamos gostando de estarmos ali apresentando nosso trabalho para o público. E acredito que essa transparência, seja a melhor forma de criarmos uma conexão com nosso público.

19) RM: Como você analisa o cenário do Rock Progressivo e Blues no Brasil? Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Jean Paz: Confesso que desconheço novas bandas de rock progressivo. Parei na Patrulha do Espaço, Mutantes, Som Nosso de Cada dia. Além da Barca do Sol.

Já no blues, tem duas bandas de Blues Rock que ouço muito e recomendo a todes: A Hammerhead Blues. Aqui de São Paulo e a Hard Blues Trio lá de Porto Alegre – RS. As principais revelações musicais da última década são as bandas Boogarins, Bike, Carne Doce. As duas primeira, inclusive, construíram sólidas carreiras internacionais.

Sobre as bandas que regrediram…acho que Raimundos e Ultraje a Rigor (que são de outra geração) regrediram muito de uns anos para cá.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Jean Paz: Tive uma experiência recente que foi bem desagradável: Eu estava vindo de uma semana tensa, por causa de um festival de música que produzo junto com o Walter Cruz (o festival ocorreu na noite de sexta-feira e tudo o que podia dar errado, deu errado) e íamos tocar na Avenida Paulista, que para mim é sempre uma realização.

Ai quando estava dando aquela última afinada antes da apresentação, faltando 5 minutos para iniciarmos, a corda Mi do meu baixo estoura. Sabe aquela história de “passar um filme na cabeça”?

Por uma fração de segundos me vi num filme, só que buscando mentalmente lugares em que eu encontraria encordoamentos à venda na região da Avenida Paulista num domingo à tarde. E não encontrei. Acabei fazendo o show com três cordas mesmo, e tendo que subir uma oitava na maioria das músicas.

Aparentemente, pouca gente percebeu o incidente. Mas foi um perrengue danado, porque além de ter uma corda a menos para utilizar, eu perdi totalmente a referência do braço do instrumento e as vezes a cabeça dava uma travada na hora de achar certas notas.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Jean Paz: O que me deixa mais feliz é poder estar tocando o que eu gosto com as pessoas que eu mais gosto. É muito bom fazer arte com meus ídolos.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Jean Paz: Acredito que exista o dom. De tempos em tempos circulam alguns vídeos de algumas crianças tocando instrumentos com técnicas absurdas. Ou é Dom ou é vídeo feito com IA.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Jean Paz: “Deixa a vida me levar”. Uma hora a gente se encontra e volta para a base.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Psychotria: Com certeza existe improvisação de fato. No nosso caso, 20% das canções executadas ao vivo seguem um formato pré-estabelecido no ensaio. Os outros 80% é puro improviso. Gostamos de sentir o clima da apresentação e o impacto que nosso som está causando no público.

Vamos explorando alternativas e possibilidades dentro das composições, até sentirmos que é momento de voltarmos e encerrarmos a música. A única certeza que um expectador pode ter sobre as apresentações da Psychotria é que nenhuma música será tocada duas vezes da mesma forma. Cada show é uma experiência única.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Jean Paz: Não consigo ver nada contra. Todo conhecimento é bem-vindo e a improvisação amplia nossa percepção musical de uma forma ímpar. Porque aprendemos a ouvir o outro, a ler as expressões corporais do outro e a entendermos nosso lugar dentro daquilo que está sendo tocado.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Jean Paz: Repito a resposta anterior. E acrescento que sem uma mínima noção de harmonia é impossível criar algo, porque ela é a base de tudo. No nosso caso, gostamos de subvertê-la. Mas até para isso é preciso ter um mínimo de conhecimento.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Jean Paz: Nas rádios comerciais nossas músicas não tocarão sem pagar o jabá. O lance é focar nas webs rádios e rádios comunitárias. A não ser que alguém burle o mercado e tenha coragem de lançar uma rádio nos moldes das finadas rádios Fluminense “A Maldita” (RJ) ou Ipanema “a rádio dos loucos” (RS).

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Jean Paz: Digo para não desistir na primeira porta que se fechar. É preciso acreditar no seu trabalho e ser perseverante. Digo para ser sincero naquilo que faz e para ser transparente com seu público. E se puder: não mexa no seu som para encaixá-lo em alguma “caixinha”.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Jean Paz: Acredito que Festival de Música revelam novos talentos. Talvez não os grandes festivais de música, bancados por grandes marcar.

Mas festivais como Psicodália, Goiânia Noise, Morrostock, Abril Pro Rock entre outros, costumam dar oportunidades para artistas maravilhosos que só precisam de um palco e um microfone para mostrarem seus talentos e caírem no gosto do público.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Jean Paz: A grande mídia encara a arte como um produto. Logo, os destaques vão para aqueles que compram espaço ou para aqueles que aparentam ter potencial para serem “vendidos” para o mercado.

Não à toa, o gênero mais tocado atualmente é bancado pelo dinheiro do agronegócio, que queima florestas, poluí rios e o solo e compra espaço nas rádios e tvs.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Jean Paz: Tenho uma relação meio ambígua com esses espaços. Ao mesmo tempo em que eles oferecem oportunidades para artistas emergentes, disponibilizam boas estruturas para essas pessoas mostrarem seus trabalhos, exigem uma certa burocracia que atrapalham o acesso daqueles que ainda não possuem CNPJ ou que ainda não trabalham com uma produtora. Mas no modo geral, são espaços ótimos e muito necessários para nossa cultura.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Psychotria: Gravarmos nosso primeiro álbum e cairmos na estrada para divulgar esse trabalho, que é o trabalho de uma vida toda né? O primeiro álbum reunirá materiais que compusemos ao longo de toda nossa jornada, experiências e bagagens que fomos acumulando ao longo da vida e que resultaram nessa miscelânea que é o som da Psychotria.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Psychotria: (11) 97150 – 1983 (Jean Paz) l [email protected] | https://linktr.ee/banda.psychotria | https://www.instagram.com/banda.psychotria

Canal: https://www.youtube.com/@bandapsychotria

Marielle (instrumental) – Ao Vivo na Avenida Paulista: https://www.youtube.com/watch?v=eZMEuO8ZH-M

Playlist de singles: https://www.youtube.com/watch?v=zmSiiOE_XkE&list=PLXSrfQZ9f147mTxDFhQBFKVQX1H9i6vM

Playlist: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/1x0c24W8tL95CNdh7TJqxJ

Chacrona: https://open.spotify.com/intl-pt/track/2qUwD8eVuYDnWlWiZlN3EA?si=2b7f9db305584fb6&nd=1&dlsi=570647de008a4749

Playlist de singles: https://soundcloud.com/banda-psychotria


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