Marlon Siqueira

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O multi-instrumentista e produtor musical paranaense Marlon Siqueira é autodidata. Ao se mudar para Curitiba começou a frequentar conservatório com a guitarra elétrica que ganhara de sua mãe.

Em 1985, aos 13 anos de idade, começou a tocar em bares, e a formar as primeiras bandas. Integrou as bandas de cover nos anos 80: Pulso e Perímetro Urbano.

Em 1991, foi um dos fundadores da banda de reggae AFRICAN BAND, banda muito conhecida, e pioneira no cenário reggae paranaense. Depois de seis anos a banda se separou e em 1995, Marlon entrou para a formação da MAKOTO REGGAE, na qual participou até 1997.

Em 1997, a convite de seu grande e saudoso amigo Geraldo Carvalho (importante conhecedor e promotor do reggae no Brasil), foi para a Jamaica, onde tocou no Super Reggae Festival em Kingston e em vários outros eventos, inclusive no dia da Independência do país (06 de agosto), em uma solenidade oficial onde conheceu vários músicos importantes do reggae como: China Smith (Ziggy Marley), Sico Paterson (The Waillers), Ken Booth, entre outros.

Em 1997, passou a integrar a banda DJAMBI, onde simultaneamente, teve algumas experiências com outros estilos, como a música baiana na banda TURMALINA (axé), apresentando-se em casas noturnas e trios elétricos.

Com 12 anos (de 1997 a 2009) integrando a banda de reggae DJAMBI, desponta no cenário artístico e se apresenta em vários festivais importantes em todo o território nacional e internacional, com sete turnês pela Europa, uma pelos Estados Unidos.

A DJAMBI apresentando-se em países como: Suíça (inclusive Montreux Festival), França, Itália (Rototon Sunsplash) Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, Macedônia, Eslovênia e EUA. No Brasil s Participou da gravação de 4 CDs com músicas originais da banda, dois videoclipes, dois DVDs ao vivo e três coletâneas.

Em 2001, DJAMBI foi considerada a melhor banda de Reggae do Brasil através da eleição entre ouvintes do Circuito Universitário e Circuito Reggae de SP. No Paraná foi vencedora de dois prêmios “Saul Trompete” (importante prêmio do cenário musical paranaense) como Destaque da Música Paranaense pelo CD “Ao Vivo em Chicago” -2002 e Melhor CD do Paraná por “A Barca” – 2003.

Durante esse período na banda Djambi, tocou com grandes artistas em turnês dentro e fora do Brasil, acompanhado nomes como: Junior Marvin (The Waillers), Amlak Tafari (Steel Pulse), Vincent Black (Black Uhuru), Peter Broogs, Yelen (Costa do Marfin), Papa Winnie, Andrew Tosh, Izrah Willans (Caribe).

Participou em quase 100 álbuns de diferentes artistas, como o álbum solo de Junior Marvin e de Haneri Aman (importante músico suíço). Dividiu palco com grandes nomes do reggae mundial como: Black Uhuru em Curitiba, Toots and The Meytals em NY, Muta Baruka no Roxxy Theather (LA), Julian Marley em Tolmin (Eslovênia), Skatalites em Venelles (França) e Steel Pulse, Michel Rose, Linton Kwesi Johnson em Eindhoven (Holanda).

Suas excepcionais performances nos palcos e destaque nas produções fonográficas do Djambi na qual co-produziu, o tornaram um músico muito respeitado, principalmente pelo seu estilo de solos mais “pesados”, “a la Hendrix”, até tocando guitarra nas costas, que incorporou ao reggae.

Em 2006, a pedido de Geraldo Carvalho (Geraldo Carvalho de Oliveira Júnior, nasceu em 15/01/1957 e faleceu em 01/08/2006), criou e foi o diretor musical da “Tosh Band” (banda que acompanhou Andrew Tosh, filho do lendário Peter Tosh, em suas turnês pelo Brasil e Argentina).

Inclusive, participando da gravação de seu DVD em Salvador, Bahia – “Tributo a Peter Tosh”. Também em 2006, a convite de Fauzi Beydoun, ingressa na banda TRIBO DE JAH (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/tribo-de-jah), os acompanhando em suas turnês nacional e internacional participando da gravação de “Refazendo” e da gravação do DVD “Ao Vivo na Amazônia”, onde teve a satisfação de dividir o palco com a lenda viva CLINTON FEARON, ex The Gladiators. Integrou a banda até outubro de 2010.

Após este período acompanhou Kiko Zambianchi, tocou na banda de havy-metal e reggae, PROBLEM IN PARADISE, na Romênia, banda PEDRA RARA, de Zé Orlando (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/banda-pedra-rara) ex Tribo de Jah, cantora REEMAH, revelação vinda das Ilhas Virgens, e o tecladista Kat (Bambo Station).

Participações em shows com as bandas: Sensacion Latina (salsa), Unification (reggae), NJ Vibes (reggae), Mestredalma (reggae, rock) e com a “Marley in Camerata” e “Marley in Concert” de Florianópolis – SC.

Com toda essa bagagem profissional, em palcos e estúdios, Marlon tornou-se multi-instrumentista, e começou em 2002, a se especializar em produção musical, fundando, o “ALQUYMUSIC ÁUDIO ESTÚDIO”. Produziu os álbuns de: PEDRA RARA, de Zé Orlando, Nisio Jr, Gilson Gonsalves, Marcelo Silveira, Thiago Caversan, entre outros.

Em 2019, produziu o álbum “Projeto Mandarino” de Anderson Lima no estúdio Click Audioworks, pela Fundação Cultural de Curitiba, sendo este indicado em três categorias no 17° LATIN GRAMMY. Em 2020, Marlon co-produziu, mixou, masterizou e gravou as guitarras do álbum “Caminho Sem Volta” de Elian Woidello, trabalho mais no estilo rock progressivo, elogiado por vários artistas renomados. Realiza projetos com jingle publicitário, trilhas para o teatro e workshop’s. Em 2025, completou 40 anos de carreira musical.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Marlon Siqueira para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 05/11/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Marlon Siqueira: Nasci no dia 01/02/1972 em Jaguapitã, interior do Paraná. Filhe de Iolanda de Lima Siqueira e Orivaldo Barbosa Siqueira. Registrado como Marlon de Lima Siqueira.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Marlon Siqueira: Quando eu tinha mais ou menos sei anos de idade, minha mãe (Iolanda) comprou um violão e me pôs em aulas. E eu ouvia rádio o dia todo.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Marlon Siqueira: Fora da música fiz Edificações (segundo grau) e na música fiz algumas aulas de guitarra no começo, mas depois segui sendo autodidata. Hoje sou multi-instrumentista e produtor musical.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Marlon Siqueira: Minhas influências sempre foram tudo. Desde sertanejo (como sou do interior), rock, pop, música sacra, música clássica, samba, MPB, tudo mesmo. Eu ia mudando as estações da rádio e ouvia tudo que tocava nas rádios AM e FM.

No presente continuo ouvindo de tudo. Não acredito que influências musicais percam a importância. Como produtor musical e arranjador, tudo que ouvi, foi e continua sendo importante. Mas ouço muito Mozart, Beethoven, Van Halen, Whitesnake, Peter Tosh e Bob Marley, Jimi Hendrix.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Marlon Siqueira: Depois das aulas de violão dei uma pequena pausa na música. Em 1984, mudei-me para Curitiba – PR e entrei em aulas de guitarra aos 12 anos de idade, e com 13 anos já tocava nos bares e clubes (1985).

06) RM: Quantos álbuns lançados solos e quantos álbuns como guitarrista e produtor musical?

Marlon Siqueira: Nunca gravei álbum solo, mas já participei como guitarrista e/ou produtor musical em mais de 100 álbuns e alguns shows para DVDs.

Bandas e projetos: Banda Djambi; Banda Nação Erê; Banda Hastaii; Banda Trouble Paradise; Banda Tribo de Jah (CD Refazendo); “Mandarino” – Anderson Lima; “Pedra Rara” – Zé Orlando; Banda Massive; “Caminho sem volta” – Elian Woidello.

Premiações: Top of Mind em 1999; V Prêmio Saul Trompete em 1999 – Destaque / Djambi; VII Prêmio Saul Trompete em 2001 – Destaque / Djambi; Indicação a 3 categorias no 17º Grammy Latino com o projeto “Mandarino”.

Participações especiais: Álbum de Júnior Marvin (guitarrista de Bob Marley) “Wailin’ for Love”; DVD Andrew Tosh (Tributo a Peter Tosh) República do Reggae Salvador em 2006; DVD Tribo de Jah Parque dos Igarapés (Pará); DVD Djambi.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Marlon Siqueira: Sou bem eclético musicalmente. Mas sou mais conhecido no reggae. Sou bem roqueiro também.

08) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Marlon Siqueira: Prefiro citar os guitarristas que admiro: Eddie Van Halen, Júnior Marvin, Carlos Santana, David Gilmour, Mark Knopfler, Donald Kinsey, Jimi Hendrix.

09) RM: Como é o seu processo de compor?

Marlon Siqueira: Não sou compositor, sou arranjador e produtor musical.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Marlon Siqueira: Já trabalhei independente e com gravadoras. Independente você pode guiar seu trabalho e imagem a seu gosto, mas a desvantagem é o menor alcance e recursos financeiros. Você tem que fazer tudo, o que reduz o tempo e energia do artista de se dedicar exclusivamente à sua música.

11) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Marlon Siqueira: Ajuda se souber trabalhar com ela. É uma maneira “barata” e eficiente de atingir pessoas divulgando seu trabalho no mundo todo através das redes sociais.

A internet prejudica quando você tem que “disputar” espaço com artistas com mais recursos financeiros para divulgação ou que usam impulsionamentos caros e alguns truques de marketing e business. Coisas que na maioria das vezes não dispomos.

12) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Marlon Siqueira: Acho que a tecnologia é uma ótima “ferramenta” para trabalhar com música, mas claro, não substituindo o estudo (mesmo que independente) e preparo para criações. A tecnologia torna a produção musical de uma certa maneira mais acessível. Mas acredito que o conhecimento e até a experiência ainda são insubstituíveis.

A desvantagem é que em alguns casos a música acaba ficando uma “produção em série” insossa com uso da Inteligência Artificial como parâmetro criativo principal, perdendo a originalidade do artista.

13) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Marlon Siqueira: Uma situação inusitada foi quando eu era diretor musical da “Tosh Band”, banda de apoio de Andrew Tosh, em que estávamos em turnê num show na Argentina, no Luna Park. No show do Andrew reparei duas pessoas sentadas quase dentro do palco, bem atrás de mim, me observando o show inteiro.

Quando terminou o show, essas duas pessoas vieram me cumprimentar pelo show e um deles beijou minhas mãos elogiando meu trabalho como guitarrista. Eu perguntei ao produtor quem eram eles.

A resposta foi: “Esse que beijou sua mão é o Alpha Blondy, o outro é o baixista que acompanha ele, não reconheceu?”. Claro que minha irritação por estarem quase dentro do palco passou e me surpreendi com o fato dele me elogiar.

Na mesma noite vi uma certa confusão no camarim dele, mas não soube do que se tratava. Pegamos o voo de volta pois tínhamos show no dia seguinte em Florianópolis – SC. Depois do show com Andrew fui chamado ao camarim do Alpha Blondy, o que me surpreendeu novamente. Chegando ao camarim, ele estava sentado sozinho, me ofereceu algo para beber, elogiou novamente meu trabalho e perguntou se eu havia notado uma confusão na Argentina no seu camarim.

Respondi que sim, mas não sabia do que se tratava. Foi então, que Alpha Blondy me falou que teve problema com um dos guitarristas e que, dependendo do desfecho, se eu poderia seguir com ele no restante da turnê, pois gostou muito do meu som. Como era meu último show na turnê do Andrew, eu estaria livre pra seguir com Alpha Blond. Claro que eu disse que sim.

Mas logo nos dias seguintes ele acabou se acertando com o guitarrista que já tinha contrato, e me explicou o fato se desculpando. Mas que gostou muito de mim como guitarrista e que ainda poderíamos trabalhar juntos algum dia. Ficamos em contato por um bom tempo. Esse fato foi uma honra para mim, ser admirado por um ícone do reggae como Alpha Blondy. Felizmente tem algumas testemunhas de todo o ocorrido.

14) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Marlon Siqueira: Fico feliz em poder tocar no coração das pessoas com minha música, emocionar, alegrar, fazendo o que sei e gosto. Minha vida é a música. Fico triste com a falta de valorização e com a marginalização da profissão no nosso país.

15) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Marlon Siqueira: Digo que estude, se prepare, tenha dedicação e paciência. Leve a sério. Seja profissional. É muitas vezes uma profissão difícil, mas é prazeroso.

16) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Marlon Siqueira: Infelizmente a grande mídia ainda é movida por interesses econômicos e comerciais, não priorizando a ampla cultura que temos no nosso país. Infelizmente sempre foi assim. Isso acontece em todos os meios de comunicação, inclusive internet.

A grande mídia dita a cultura a ser consumida de acordo com seus interesses. Infelizmente as pessoas também se deixam ser dominadas por essas mídias e seus “esquemas” comerciais.

17) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Marlon Siqueira: Não estou muito informado sobre esse assunto, mas espaços abertos para cultura sempre são positivos. Só espero que não sejam abertos apenas para “certos” artistas. A famosa “panelinha”.

18) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil?

Marlon Siqueira: Acho que recentemente o reggae no Brasil está um pouco estagnado no sentido lançamento de novos artistas na grande mídia com trabalhos inusitados. Até bandas mais antigas e consolidadas no mercado estão um tanto ausentes na mídia em geral. Mas o reggae sempre teve seus “altos e baixos” no Brasil. A indústria hoje está muito voltada para outros estilos musicais considerados mais rentáveis, o que talvez desestimule um pouco as bandas de reggae e surgimento de novos artistas e trabalhos.

19) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?

Marlon Siqueira: Nem me preocupo com essa questão de reggae verdadeiro ou não. Música é uma questão de gosto pessoal, se a música é “boa” e o público gosta, pouco importa essas “definições”. Até Bob Marley tinha músicas que não eram tão reggae. Essa questão de “rótulos” na música é irrelevante para mim.

20) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Marlon Siqueira: Tendo ido para 27 países, notei que é uma questão da mídia no Brasil e uma questão da própria cultura brasileira de se prender a apenas um estilo musical. Em outros países a mesma pessoa vai em show de rock, de reggae, de jazz.

No Brasil as pessoas se prendem a um estilo apenas. É cultural. A grande mídia e indústria vai pelo mesmo caminho. É sertanejo que está em alta, tudo vira sertanejo. É funk ou trap em alta, só mostram a mesma coisa. Não tem uma variedade de estilos aparecendo na mídia. A falta de novidade aparecendo na grande mídia também contribui.

Novos artistas, novos trabalhos, chegando ao conhecimento do grande público. E o preconceito também, que o reggae, é música de “drogado”, embora eu não considere maconha como droga.

21) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?

Marlon Siqueira: Acho que tem espaço para todos os formatos de apresentações. Acho interessante eventos com bandas e sound system. Cada um escolhe o formato que mais lhe agrada.

22) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?

Marlon Siqueira: Embora eu seja guitarrista, já me apresentei com Sound System. Para mim o que importa é o produto oferecido ao público. O formato é irrelevante da apresentação. Música é democracia.

23) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?

Marlon Siqueira: Quem sou eu para opinar sobre esse assunto. “Cada qual com seu cada qual”. A religião Rastafári tem seus fundamentos que devem ser respeitados. Mas não precisa ser usuário de maconha para apreciar música reggae.

24) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?

Marlon Siqueira: Sou um músico, guitarrista e amante do reggae. Não sou rastafári, e embora eu toque reggae há 35 anos, e já tenha tido contato com Rastafáris genuínos na Jamaica, não tenho propriedade para falar desse assunto. Tem gente muito mais capacitada do que eu para isso. Meu conhecimento sobre reggae é mais voltado para o âmbito musical.

25) RM: Como foi enfrentar um sério problema de saúde em 2022?

Marlon Siqueira: Em julho de 2022, um sério problema de saúde me afastou de tudo por pelo menos dois anos. Tudo começou numa terça-feira de manhã, por volta das 7h, quando acordei com uma forte falta de ar e um enorme desconforto.

Meu estado piorou rapidamente, e fui convencido pela minha esposa a pegarmos um Uber, que seria a forma mais rápida de chegar a um hospital, já que eu mal conseguia falar.

No pronto-socorro, constataram que minha pressão arterial estava em 28 por 19 e que eu possivelmente estava enfartando. Disseram que eu precisaria de um cateterismo de urgência, mas, para meu desespero, o equipamento estava quebrado. Já com apenas 5% a 10% de função pulmonar, a única saída foi minha transferência para outro hospital.

O que parecia uma fatalidade acabou sendo minha sorte, pois fui levado para o hospital da Cruz Vermelha e atendido por um dos melhores cirurgiões cardíacos do Brasil, o diretor do hospital, Dr. Gerônimo Fortunato.

Ele diagnosticou uma “Dissecação da Aorta” – uma condição gravíssima em que a artéria se desfaz em camadas e obstrui a passagem de sangue para o corpo, podendo causar a ruptura do coração e falência múltipla dos órgãos. O índice de sobrevivência é baixíssimo.

A cirurgia durou nove horas. Durante o procedimento, meu coração foi retirado do meu corpo e colocado em uma máquina de circulação extracorpórea, enquanto os cirurgiões implantavam uma prótese na aorta danificada.

Tudo correu aparentemente bem, mas, ao ser levado da sala de cirurgia para a UTI, tive uma parada cardíaca – uma complicação raríssima nesse tipo de operação. Para minha sorte, o próprio Dr. Gerônimo e outro médico iniciaram imediatamente a reanimação mecânica, no braço, que durou quase 20 minutos até conseguirem me trazer de volta.

Os próprios médicos consideraram minha sobrevivência, e principalmente o fato de eu não ter sofrido nenhuma lesão cerebral após tanto tempo sem oxigenação, um verdadeiro milagre.

Graças a Deus e àquela equipe, sobrevivi contra todas as expectativas. Não fiquei com sequelas permanentes, mas o trauma foi grande: fiquei muito debilitado, perdi a memória por um tempo, tive paralisia parcial em alguns membros, síndrome do pânico, estresse pós-traumático e labirintite – reações comuns após intervenções tão agressivas.

Minha recuperação foi lenta e dolorosa, um processo que segue até hoje, três anos depois, com muita medicação, fisioterapia e exames periódicos. Na época, campanhas de doação de sangue e um show beneficente com artistas de Curitiba foram essenciais para custear meu tratamento.

Não foi fácil retornar à normalidade, reaprendendo e recuperando memórias da vida cotidiana e profissional, mas sempre fui um guerreiro e nunca desisti. O apoio incondicional da minha esposa, Gel Muzzillo, do meu irmão, Michel de Lima, e de todos os familiares e amigos foi fundamental para que eu pudesse reescrever minha história.

Hoje (novembro de 2025), estou aqui, vivo, recomeçando a trabalhar e abrindo um novo capítulo. A única palavra que me vem à cabeça agora é gratidão.

26) RM: Quais os seus projetos futuros?

Marlon Siqueira: Como sou produtor musical, é continuar a produzir bandas de reggae, e outros estilos também. Pretendo começar a produzir bandas on-line, a distância, abrangendo mais lugares, e artistas de estados e países diferentes. Claro, não estou em nenhuma banda fixa atualmente, só freelancer. Mas aparecendo algum projeto interessante, quem sabe.

Minha mensagem é um convite para que todos ouçam reggae e explorem a riqueza de diversos estilos musicais, sem se limitarem a um único gênero. O reggae é um estilo incrivelmente rico, tanto nas letras conscientes quanto na sua diversidade musical, com grandes nomes internacionais e nacionais de altíssima qualidade.

Apesar da baixa exposição na mídia em comparação a outros ritmos, o Brasil possui artistas e bandas talentosas, e novos nomes vêm surgindo com força, mesmo longe dos holofotes. Precisamos urgentemente de mais espaço para esses talentos emergentes e para as novidades das bandas já consagradas nos grandes veículos.

Com o apoio dos fãs e amantes do reggae – compartilhando trabalhos, comparecendo a shows e divulgando a cultura – acredito que podemos transformar esse cenário. Apoiem, divulguem e prestigiem: o reggae e seus artistas agradecem!

27) RM: Quais seus contatos?

Marlon Siqueira: (41) 99831-8825 | https://www.facebook.com/share/1CghWrtubT | https://www.instagram.com/marlonguitar

MonoDrama Live-Gerson Delliano entrevista o Guitarrista e produtor Musical Marlon Siqueira-Djambi: https://www.youtube.com/watch?v=u3BRxGpVp88


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