More Marcelo Falcão »"/>More Marcelo Falcão »" /> Marcelo Falcão - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Marcelo Falcão

Compartilhe conhecimento

Orquestra de cinema mudo em São Paulo em setembro de 2022. O projeto é do maestro brasileiro Marcelo Falcão, que foi em Berlim um dos fundadores da orquestra do cinema Babylon.

No telão do lendário cinema Babylon de Berlim, o filme Metrópolis. No palco, uma orquestra tocando ao vivo a trilha sonora original do clássico alemão de cinema mudo. Na plateia lotada, figuras ilustres como o cineasta Wim Wenders e o artista chinês Ai Weiwei. É esta experiência como um dos fundadores e como regente titular, entre 2019 e 2020, da Babylon Orchester Berlin que o maestro brasileiro Marcelo Falcão quer trazer para a cidade de São Paulo. 

O maestro chega ao Brasil no dia 15 de agosto de 2022 para definir o espaço cultural e para angariar patrocinadores que viabilizem a criação de uma orquestra brasileira de cinema mudo. “Eu acredito que o público paulistano tem o perfil perfeito para um projeto como este. Em Berlim, em todas as apresentações, tínhamos fila de espera para a venda dos ingressos. Acredito que em São Paulo não será diferente”, prevê.

Marcelo Falcão mora em Berlim desde 2008 e, além de maestro, é arranjador e compositor. Participou da première alemã da versão restaurada do filme Novo Babylon, com música original de Shostakovich, além de concertos em tributo a Ennio Morricone e a Nino Rota. Também fez parte da estreia de um arranjo para a comemoração do centenário de O Cabinete do Dr. Caligari.

Marcelo Falcão é carioca e tem 38 anos. Ele recebeu no final deste mês de julho, na cidade de Baugé-en-Anjou (França), o prêmio de segundo colocado no 4.º concurso internacional de regência da Ópera de Baugé. Em 2021 participou do Taschenopern Festival de Salzburg (Áustria), regendo a ópera “O Beijo” de Wolfgang Mitterer, no qual trabalhou com membros do Schönberg Ensemble e da Neue Vocalsolisten Stuttgart. Foi regente no Ateliê Contemporâneo em São Paulo, com performances de Pierrot Lunaire de Schoenberg em Português, e estreou obras de compositores brasileiros.

O maestro foi bolsista do Festival Internacional de Campos de Jordão (SP) e regeu a Orquestra Nacional da Rússia, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, a Orquestra Nacional Filarmônica da Geórgia, a Argovia Philharmonic, a Orquestra Sinfônica da USP, a Berlin Sinfonietta, a Orquestra Jovem de São Petersburgo e a MÀV Budapest Orchestra, além de grupos de música contemporânea como o Divertimento Ensemble (Itália) e a Ensemble NAMES (Salzburgo, Áustria). Foi também semifinalista da competição de regência de música moderna e contemporânea na Città di Brescia (Itália).

Marcelo Falcão estudou contrabaixo e composição na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É bacharel em Musicologia e História da Arte pela Universidade Humboldt de Berlim (Alemanha). É especialista em regência de música moderna e contemporânea, tendo feito cursos com Arturo Tamayo na Suíça, Sandro Gorli na Itália e Peter Rundel na Áustria. É Mestre em regência orquestral pela Royal Welsh College of Music and Drama (País de Gales), onde concluiu seus estudos com mérito.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Marcelo Falcão para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 15.08.2022:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Marcelo Falcão: Nasci no dia 19/08/1983, em Nova Iguaçu/RJ.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Marcelo Falcão: Foi com o meu avô, que tocava teclado, e com os vinis dos meus pais, uma coleção rica e que me aguçava.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Marcelo Falcão: Mal cheguei a iniciar o curso de Engenharia Mecânica na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e a música falou mais alto. Fui, então, cursar Música – contrabaixo e composição, também na UFRJ. Sou bacharel em Musicologia e História da Arte pela Universidade Humboldt de Berlim (Alemanha). Sou especialista em regência de música moderna e contemporânea, tendo feito cursos com Arturo Tamayo na Suíça, Sandro Gorli na Itália e Peter Rundel na Áustria. Sou Mestre em regência orquestral pela Royal Welsh College of Music and Drama (País de Gales), onde concluí meus estudos com mérito.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Marcelo Falcão: Desde Paul McCartney até Bach, passando por heavy metal, pop e música brasileira. Não me lembro de nada que tenha deixado de ter importância. Todos, cada um ao seu modo, continuam sendo relevantes.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Marcelo Falcão: Comecei aos 18 anos de idade (2001), no Rio de Janeiro, tocando em uma banda como baixista, dando aula de contrabaixo e fazendo gravações para comerciais.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Marcelo Falcão: Não tenho nenhum CD autoral.

07) RM: Fale de sua atuação como regente de Orquestra.

Marcelo Falcão: Além dos repertórios tradicionais de orquestra, tenho esta atuação bem peculiar como maestro de orquestra que apresenta, ao vivo durante a veiculação da película na tela, a trilha sonora de clássicos do cinema mudo. Também tenho ênfase em música contemporânea, ou seja, música criada por compositores que ainda estão vivos.

08) RM: Quais os prós e contras de reger uma Orquestra?

Marcelo Falcão: Não consigo pensar em algo negativo, mas talvez um item desfavorável é o fato de um maestro não poder praticar em casa. Ele depende da orquestra para a prática. Isso faz com que um regente tenha que estar muito bem preparado sempre. É muito desafiador. Em contrapartida, os prós são muitos. Sempre digo que a gratificação em reger uma orquestra é algo difícil de descrever em palavras.

09) RM: Fale de sua atuação como criador de trilha sonora.

Marcelo Falcão: Crio especialmente para complemento ao vivo de trilhas sonoras de cinema mudo. Reconstituí a trilha do filme Nosferatu, por exemplo, porque tinha uma música original que estava perdida. Foi um trabalho incrível e muito especial para mim. Também fiz um novo arranjo para a trilha original do filme O Gabinete do Dr. Caligari, outra experiência muito enriquecedora.

10)  RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Marcelo Falcão: São muitos, mas se fosse escolher um único, escolheria Elis Regina. Sou muito fã dela.

11)  RM: Como é seu processo de compor?

Marcelo Falcão: Não tem um padrão. Cada vez acontece de um jeito diferente e depende muito da situação.

12)  RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Marcelo Falcão: Eu não trabalho em parceria, faço as composições sozinho.

13)  RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Marcelo Falcão: Hoje a maioria dos músicos desenvolve a carreira de forma independente, então, não considero que isso seja algo que me diferencie da categoria. Como ponto positivo, destaco a liberdade em dirigir minha carreira da forma que eu considere favorável. Como ponto negativo, a independência causa normalmente uma instabilidade financeira. Mas acredito que a liberdade se sobrepõe à instabilidade.

14)  RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Marcelo Falcão: Tenho um jeito bem livre de trabalhar. Talvez a única estratégia seja cumprir as metas estabelecidas. De resto, tenho como ponto de partida a liberdade para traçar a carreira.

15)  RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Marcelo Falcão: Acredito que, aqui, minha resposta seria praticamente a mesma que eu dei para a pergunta anterior (pergunta 14).

16)  RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Marcelo Falcão: Acredito que a internet só ajuda. Não consigo ver uma situação em que a internet possa prejudicar o desenvolvimento da minha carreira musical. Aliás, acho que a internet hoje é imprescindível para qualquer profissão.

17)  RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Marcelo Falcão: Também só vejo vantagens. Poder gravar e postar os trabalhos nas redes sociais, por exemplo, é algo que dissemina a arte e a música. Acho tudo isso muito importante.

18)  RM: Quais as principais características para ser um bom maestro de orquestra?

Marcelo Falcão: Ao meu ver, as principais características para ser um bom maestro são, em primeiro lugar, saber fazer uma boa gestão na esfera humana. Isso porque, como regente, você é o responsável pela unidade da orquestra, uma liderança que precisa estar presente com todo o jogo de cintura e noção de gestão de pessoas. Outra característica é o fato de o maestro dever conhecer muito bem o repertório que será executado. Também incluo nesta lista a necessidade de ter domínio sobre as disciplinas musicais tradicionais como harmonia, contraponto e orquestração, além de literatura, História da música e línguas.

19)  RM: Como você analisa o cenário da Música Erudita Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Marcelo Falcão: Ao mesmo tempo em que o cenário é extremamente diverso, devido ao fato de o Brasil ser um país de dimensões continentais, ele é pouco conectado entre si. O Brasil tem a tradição de muito bons pianistas e cantores, além de ser um país promissor porque existem muitas orquestras sendo formadas e novos músicos chegando ao mercado. O problema é que as universidades e as escolas formam profissionais em quantidade maior do que o mercado de trabalho comporta. Isso gera uma série de talentos sem espaço no Brasil.

20)  RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Marcelo Falcão: Reger e não receber pelo trabalho. Acho que este é um clássico, né.

21)  RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Marcelo Falcão: O que me deixa mais feliz é reger, que é a coisa que eu mais amo na vida. Quando estou regendo eu entro em um outro mundo. E o que me deixa mais triste é voltar para a vida real, depois de reger. E, é claro, falta valorização para este o trabalho, o que me entristece também.

22)  RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Marcelo Falcão: Não sei dizer. O que existe, isso sim, é a capacidade de concentração. É só pensar em uma criança de 6 anos de idade parada e concentrada durante 4 horas por dia, estudando música. Creio que conseguir se concentrar dessa forma seja um dom.

23)  RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Marcelo Falcão: Em geral, reagir no momento certo, evitando frases feitas.

24)  RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Marcelo Falcão: Sim, existe. Mas acredito que ela é fruto de muito estudo prévio, de diferentes linguagens.

25)  RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Marcelo Falcão: Todos os métodos têm a sua importância. Acredito que importante, de fato, é você encontrar a sua própria voz.

26)  RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Marcelo Falcão: Novamente, todos os métodos têm os seus prós e os seus contras. O importante, na minha opinião, é você encontrar um método com o qual você se identifique. E, a partir desta escolha, você tem que estudar muito este método.

27)  RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira no exterior?

Marcelo Falcão: Como fator positivo eu destaco o acesso a concertos de alta qualidade e a infraestrutura que alguns lugares, como é o caso aqui da Alemanha, oferece. O ponto desfavorável é ficar longe da família e dos amigos. Fazer música em casa é sempre muito bom e isso faz falta.

28)  RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Marcelo Falcão: Estude muito, vá a concertos e a ensaios, e tente administrar desde cedo a ideia de como é administrar uma carreira musical.

29)  RM: Quais as diferenças de um músico de orquestra para um músico popular?

Marcelo Falcão: A diferença é pragmática. A orquestra exige mais leitura. A música popular exige mais capacidade de improvisação. Mas ambas requerem muito estudo e dedicação.

30)  RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Marcelo Falcão: A cobertura da grande mídia costuma ser mais intensiva para eventos musicais com maior apelo popular, o que é natural. Acredito também que exista uma carência de críticos especializados na minha área no Brasil.

31)  RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Marcelo Falcão: Não conheço a fundo a ponto de fazer uma avaliação.

32)  RM: Quais os seus projetos futuros?

Marcelo Falcão: No começo de setembro de 2022 estarei em São Paulo para dar andamento a um projeto de criação de uma orquestra que faça a trilha sonora ao vivo de filmes de cinema mudo. Este é um trabalho que fiz, entre 2019 e 2020, com grande sucesso aqui em Berlim e que quero levar para o Brasil.

33)  RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Marcelo Falcão: www.marcelo-falcao.com

Facebook – https://www.facebook.com/marcelofalcaoconductor

Instagram – https://www.instagram.com/marcelo.falcao.conductor

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCu1j6Io0oqHq_hRN8nGkXTg

Battleship Potemkin – Edmund Meisel: https://www.youtube.com/watch?v=JVcSYskKP8Q

“Der Kuss” – Wolfgang Mitterer: https://www.youtube.com/watch?v=3HnbDsxfhU8

Mother Goose Suite – Ravel (CONDUCTOR’S VIEW): https://www.youtube.com/watch?v=iuf5lf47RpM

Scheherazade 2nd Mov. – Rimsky-Korsakov: https://www.youtube.com/watch?v=hsh06gUfQSU

Talk Assessoria de Comunicaçãowww.talkcomunicacao.com.br | (41) 3018-5828

Jornalista responsável – Karin Villatore   (84) 98118-4250  | [email protected]


Compartilhe conhecimento

Comments · 1

  1. Muito bom conhecer o trabalho de Marcelo Falcão no segmento da música clássica!! Parabéns!!!! Uma aula de dedicação e perseverança nesse país q precisa reaprender a valorizar a arte de uma forma abrangente!!!

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.
Revista Ritmo Melodia
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.