Ceiça Simões, no auge dos seus 75 anos, mineira, chegou à cidade do Gama, Brasília – DF em 1964.
Licenciada em Português – Francês e suas Literaturas, no Curso de Letras pelo Centro Universitário Brasília- CEUB. Atualmente, é membro da Academia Gamense de Letras – AGL. Aposentada pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e conhecida na cidade, pelo ativismo político em defesa do ensino público, de qualidade e para todos.
Antes de se dedicar à música, ela se aventurou nas Artes Plásticas, criando pinturas que exaltavam seu cotidiano. Um de seus maiores projetos é “Em Casa com Ceiça Simões”, ao lado de seu mestre e professor, André Dias disponível no seu Canal do Youtube. Nesse espaço acolhedor, ela abre as portas de sua casa para receber amigos, compartilhar conversas sobre temas da atualidade, e o melhor de tudo, fazer música!
Há 12 anos fazendo música, é hoje uma das mais novas compositoras da cidade, com 158 composições autorais! Após o diagnóstico de câncer de mama, Ceiça nunca desistiu! Firme em seu propósito e sempre cercada pelo amor de seus filhos, netas, familiares e amigos, enfrentou cada desafio com coragem. Com força e determinação, venceu essa luta! Ceiça Simões continua compondo e encantando! Sua trajetória só cresce!
Segue abaixo entrevista exclusiva com Ceiça Simões para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 02/07/2025:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Ceiça Simões: Nasci no dia 19 de outubro de 1949, em Cana Brava, município de João Pinheiro – MG. Registrada como Maria Conceição da Cunha Queiroz.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Ceiça Simões: Interessante, nunca pensei nisso, mas, olhando um tempo que ficou lá atrás, o primeiro contato com a música, se deu nos mutirões de fiação, em Cana Brava, onde mulheres do lugarejo, dentre elas, minha mãe, se reuniam para descaroçar, cardar e fiar a a colheita de algodão do ano. As crianças brincavam, circulando entre as rodas de fiar e ouvindo as conversas e as cantigas entoadas pelas fiandeiras.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Ceiça Simões: Sou formada em Letras com Licenciatura Plena em Português / Francês. Quanto à formação musical, não tenho nenhuma.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Ceiça Simões: Sempre fui apaixonada pela música brasileira. Acho que o fato de me ter despertado para o fazer musical, tardiamente, depois dos sessenta anos, as minhas influências vêm dos movimentos musicais marcados por tantos ritmos e estilos, desde a música caipira de raiz, bolero, samba canção, passando pela Bossa Nova, pela música de protesto, enfim, toda a efervescência que marca a produção musical brasileira dos anos sessenta aos oitenta. Acho que esse caldeirão é o meu referencial.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Ceiça Simões: Em 2012, algum tempo depois de aposentada, resolvi aprender a tocar viola caipira, a partir daí, comecei a compor.
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Ceiça Simões: Baú da Alma – Ceiça Simões (2019); Raízes & Matrizes – Ceiça Simões (2022); Dúbia Alma – Ceiça Simões e André Dias em Voz e Violão (2024).
Lancei os singles: Tempo Novo (2023); Tempo de Reconstrução (2023); Saudade de Nós (2023); Cirandar (2023); É Sangue Bom (2024); Taça do Tempo (2024); #Geração70+ (2024).
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Ceiça Simões: Meu estilo musical é bastante eclético. Acho que isso se deve ao fato de ter me interessado pela música brasileira, desde sempre, e começado a fazer música em idade tão madura.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Ceiça Simões: Quando comecei a cantar frequentei aulas de técnica vocal.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Ceiça Simões: A técnica vocal permite maior domínio do ato de cantar, ajuda no controle da respiração, a capacidade de projeção da voz, melhorando a performance do cantor ou cantora. É importante, sim.
10) RM: Como é o seu processo de compor?
Ceiça Simões: Meu processo é intuitivo. Surge uma motivação, um tema e desenvolvo, letra e melodia. Costumo compor, andando numa praia, quase deserta, do litoral norte de Ilhéus!
11) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Ceiça Simões: Não componho em parceria. Musiquei três poemas, um do poeta Jorge Amâncio e dois do poeta Jalma Queiroz.
12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Ceiça Simões: Desenvolver uma carreira musical, independente, é uma empreitada difícil e dispendiosa. Se é que tem alguma vantagem é exatamente a independência, a possibilidade de conduzir a carreira com liberdade, sem interferências.
13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Ceiça Simões: Na verdade, não tive nem muito tempo ou possibilidades de planejar a minha curta carreira. Ela foi acontecendo, ou fui fazendo acontecer, vencendo desafios e superando obstáculos, como a Pandemia do Covid-19 e um Câncer de mama, que interromperam planos e projetos a curto prazo. Aos poucos, estou retomando.
14) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Ceiça Simões: Elis Regina, Maria Bethânia, Marisa Monte, Rita Lee, Teresa Cristina, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque são unanimidades. Mas ouço Luiz Melodia, Belchior, Chico César…Uma voz que me encanta, hoje, é Ayrton Montarroyos.
15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Ceiça Simões: As redes sociais e as plataformas digitais, hoje, são os recursos de promoção e divulgação de um trabalho autoral e independente, como é o meu caso.
16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Ceiça Simões: A acessibilidade à tecnologia de gravação é fundamental para a produção musical independente.
17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Ceiça Simões: Produzo uma música na qual vejo qualidades que são bastante relevantes. Busco, dentro do possível, apresentá-la com o maior nível de qualidade possível, em todos os espaços que encontro disponíveis, seja através de shows, dos CDs, de singles, etc…
18) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Ceiça Simões: A produção musical brasileira é inesgotável! Na MPB temos uma plêiade invejável de oitentões produzindo, ativamente, seguidos de tantas gerações brilhantes, que se destacam no cenário nacional e outros seguem carreira internacional, além de uma gama de talentos em busca de oportunidades.
19) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Ceiça Simões: A produção musical brasileira é inesgotável! Na MPB temos uma plêiade invejável de oitentões produzindo, ativamente, seguidos de tantas gerações brilhantes, que se destacam no cenário nacional e outros seguem carreira internacional, além de uma gama de talentos em busca de oportunidades.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Ceiça Simões: A mais inusitada foi a minha primeira experiência no palco, foi uma grande ousadia! Lancei o Primeiro CD, BAÚ DA ALMA, no Teatro Paulo Gracindo – SESC -Gama. Eu era totalmente inexperiente, nunca havia subido num palco.
21) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Ceiça Simões: O que me deixa feliz é o reconhecimento de minha música, o que me deixa triste é a falta de oportunidades pra mostrar o meu trabalho!
22) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Ceiça Simões: Nunca busquei espaço nas rádios, mas acho que, sendo um esquema, que ainda prepondera é, sem dúvida, uma barreira impeditiva para as produções independentes.
23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Ceiça Simões: Digo que não desista diante das primeiras dificuldades, se acredita no seu trabalho, lute por oportunidades que, certamente, surgirão.
24) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Ceiça Simões: Acredito que sim! O dom é um talento, uma habilidade para cantar, fazer música que independe de formação, mas que deve ser cuidado e aperfeiçoado através do exercício diário.
25) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Ceiça Simões: Improvisar é criar algo no momento de uma apresentação.
26) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Ceiça Simões: A improvisação não deve ser um recurso para tentar superar ou evitar uma possível falha ou despreparo, mas, é válido se for intencional e de forma segura.
27) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Ceiça Simões: Uma boa improvisação, mostra um domínio de palco e uma capacidade criativa do cantor. Se não for de forma segura, pode demonstrar inexperiência e insegurança.
28) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Ceiça Simões: O conhecimento teórico sobre harmonia musical é um auxílio poderoso para o exercício do canto, mas exige tempo de estudo e de dedicação, e nem sempre é acessível!
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Ceiça Simões: Pode revelar, depende do alcance que tem.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Ceiça Simões: A grande mídia favorece quem já é muito conhecido e tem uma carreira sólida!
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Ceiça Simões: Esses espaços de fundamental importância para permitir o acesso a diferentes públicos! Para o artista independente representa oportunidade de acesso para realização de shows. É uma janela que deve ser ampliada mais divulgada.
32) RM: Quais os compositores populares que você admira?
Ceiça Simões: Para citar alguns, Chico César, Lenine, Marisa Monte além, claro, dos mitos Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil…
33) RM: Quais os compositores da Bossa Nova que você admira?
Ceiça Simões: Carlos Lyra, além das unanimidades como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto.
34) RM: Quais os seus projetos futuros?
Ceiça Simões: Continuar produzindo música e seguindo em busca de oportunidades para levá-la a um público que a aprecie e valorize.
35) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Ceiça Simões: (61) 98177 – 0756 | (61) 98177 0759 | https://linktr.ee/ceicasimoes | [email protected]
| https://www.facebook.com/ceicasimoesartista | https://www.instagram.com/ceicacsimoes
Canal: https://www.youtube.com/channel/UCataijqluPia92FYljXmuLA
Fruto da Mesma Semente: https://www.youtube.com/watch?v=78hk1W0OpIM
Bela trajetória! Nunca é tarde para o talento! Aprender a tocar viola caipira e também compor é algo que aprecio. Parabéns pela entrevista!
Parabéns pela força de vontade e pela música, Ceiça Simões! Bela entrevista! Muita saúde e sucesso pra você!
Viva! Amo!