Carlos Chaves nasceu em Niterói no ano de 1974. É bacharel em violão pela UFRJ e Mestre em Música pela Uni-Rio.
Fundou o quarteto de violões Maogani, onde toca até hoje, com o qual gravou 7 CDs (que ganharam 3 vezes o Prêmio da Música Brasileira e o Prêmio Rival-BR como melhor grupo instrumental) e viajou por várias cidades brasileiras e mais de 15 países.
É um dos cavaquinistas do Monobloco desde 2007 e participou da gravação do DVD Monobloco 10 e do CD Arrastão da Alegria (vencedor do Prêmio da Música Brasileira).
Como compositor, Carlos Chaves passeia pelo universo da música popular brasileira instrumental e cantada. Duas de suas composições venceram festivais de música: Choro de Bela ganhou o Musicanto de Americana – SP (2001) e Tricotando venceu o Festival de Música da Rádio MEC (2017), ambas na categoria Música Instrumental.
Em 2018, lançou Tricotando, seu primeiro CD no qual fez a produção musical e todas as composições e arranjos. O álbum conta com a participação de 40 músicos, destacando-se Pedro Luís, Renato Braz, Cristiano Alves, Maogani e Maurício Carrilho.
Em 2020 criou o projeto Cavaquinho Solo que consiste em dois álbuns (Cavaquinho Só e Acalantos de um cavaquinho) e um álbum de partituras inteiramente dedicados ao cavaquinho como instrumento solista.
Esse trabalho foi apresentado no Festival En Vivo, em São João Del Rey e no Festival Memória do Cavaquinho Brasileiro, no Centro da Música Carioca – RJ em 2022.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Carlos Chaves para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado para Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 28.02.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Carlos Chaves: Nasci no dia 15/05/1974 em Niterói – RJ e fui criado no bairro de Itaipu.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Carlos Chaves: Meu primeiro contato foi com meus pais. Minha mãe me apresentou Beatles, Paulinho da Viola, Eduardo Dusek e a música popular, meu pai me mostrou a música clássica, me levando para ver a ODB no Municipal.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Carlos Chaves: Comecei com a professora Anna Botelho, aos 12 anos de idade, a estudar violão popular, mas com alguma técnica do clássico. Depois fui pra UFRJ onde estudei com Léo Soares e tive aulas de harmonia com Marco Pereira. Fiz mestrado em música na Uni-Rio com uma dissertação sobre o ensino do violão de seis cordas no choro.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Carlos Chaves: Minhas primeiras influências eram o Rock e a música popular, depois me apaixonei pelo choro e pelo samba. Minha influência como compositor é o Guinga, Chico Buarque, Francis Hime, entre outros. Acho que nada deixa de ter importância. Talvez o rock apareça menos nas minhas composições, mas de vez em quando ele aparece.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Carlos Chaves: Comecei minha carreira tocando choro em um regional, aos 18 anos de idade, e logo depois ajudei a fundar o Maogani que é meu principal trabalho como músico. Gravei o primeiro CD aos 23 anos.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Carlos Chaves: Tenho sete álbuns com o Maogani, três álbuns autorais, um álbum e um DVD com o Monobloco e participações especiais em mais de 30 álbuns.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Carlos Chaves: Não sei definir. Eu gosto de passear por vários estilos de música popular. Gosto de fazer canções, música instrumental, gosto muito de compor pra cavaquinho solo. Espero algum dia fazer música erudita também, mas ainda não dei esse passo.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Carlos Chaves: Não canto. Só como cantautor para mostrar minhas músicas e em roda de samba.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Carlos Chaves: Acho importante é já tentei fazer algumas aulas, mas me falta tempo para me dedicar mais.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Carlos Chaves: Adoro a Mônica Salmaso, Luísa Lacerda, Ilessi, Elis Regina, entre outras.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Carlos Chaves: Não tenho um processo muito bem definido. As vezes começo com a melodia, as vezes dedilhando uma harmonia no violão, as vezes pego uma letra pra musicar ou faço uma melodia para que alguém coloque letra. Varia muito.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Carlos Chaves: Os que tenho mais músicas em parceria são: André Lacerda, Zé Motta, Ernani Cal, Edu Kneip, Lais Ferreira. Mas tenho composições com Laura Becker, Pedro Luís, Guilherme Lamas, Renato Frazão, Diogo Sili, Iara Ferreira, entre outros.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Carlos Chaves: Os prós é que podemos fazer música do jeito que quisermos, o contra é que é mais difícil ser bem remunerado pelo trabalho.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Carlos Chaves: Estou sempre estudando e produzindo coisas novas, adoro desafios. E diversificando os trabalhos.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Carlos Chaves: Produzo meus próprios shows e faço minha própria divulgação em redes sociais.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Carlos Chaves: A Internet não prejudica em nada, os streamings que acabaram com os CDs, que era uma forma de ganhar algum dinheiro com venda em shows. Acho que as redes sociais ajudaram na divulgação e no contato maior com o público. O problema é vencer os algoritmos.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Carlos Chaves: Eu acho que facilitou o acesso à gravação, mas eu não tenho. Prefiro gravar em estúdio.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Carlos Chaves: Tento diversificar e fazer minha música com originalidade. Meu trabalho de cavaquinho solo é bem diferente, poucos fazem algo parecido, mas, pelo mesmo motivo, tem menos público. Resumindo, faço minha música tentando mostrar o que imagino da arte e do mundo. Não tenho tanta preocupação em me diferenciar, mas acho que faço uma música bem original em alguns aspectos.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Carlos Chaves: Eu acho que a MPB está muito viva e cada vez melhor. Vejo nomes como Ilessi, Luísa Lacerda, Mônica Salmaso, Renato Braz, Breno Ruiz, Edu Kneip, entre outros se consolidando.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Carlos Chaves: Tem várias. A que mais gosto foi quando pegamos um voo numa aeronave pequena no Projeto Pixinguinha e perguntaram nosso peso com uma calculadora na mão.
Uma vez o Maogani foi tocar no SESC Campos e tinham várias turmas de escola que fizeram uma algazarra e perguntavam que horas era o lanche. Mas não foram muitas roubadas e nunca tomei calote, o que é uma raridade.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Carlos Chaves: Eu me sinto feliz fazendo música e levando arte e entretenimento para as pessoas. O triste é nem sempre ser bem remunerado pelo trabalho.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Carlos Chaves: Não acredito que exista. Alguns tem facilidade, mas a habilidade musical requer muita pratica. 10% de inspiração e 90 % transpiração.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Carlos Chaves: É um dos elementos que mais admiro e menos domino. Improviso as baixarias e a condução de acorde, mas não sou bom improvisador melódico.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Carlos Chaves: Para improvisar tem que estudar muito. Escalas, harmonias, links, patterns, mas existe o improviso na hora sim.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Carlos Chaves: Eu conheço poucos. Acho que todos os métodos são importantes, mas nenhum é completo.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Carlos Chaves: Eu conheço poucos. Acho que todos os métodos são importantes, mas nenhum é completo.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Carlos Chaves: Eu conheço poucos. Acho que todos os métodos são importantes, mas nenhum é completo. Eu nunca paguei Jabá. Não sei se é por isso, mas tenho poucos ouvintes no Spotify. Mas acho que faz parte do jogo. Não sou a favor nem contra.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Carlos Chaves: Siga seu sonho, mas tenha muita determinação e saiba que é difícil.
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Carlos Chaves: Eu acredito que sim.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Carlos Chaves: Eu tenho acompanhado pouco a grande mídia, mas tem críticos importantes como Mauro Ferreira, Tarik de Souza, entre outros.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Carlos Chaves: Acho fundamentais estes espaços.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Carlos Chaves: Em 2024 lanço o oitavo álbum do Maogani. Tem muitos shows com Monobloco. Tenho dois álbuns para produzir. Pretendo gravar três álbuns autorais: um com Zé Motta, que já tem os arranjos quase prontos, um de parcerias com Ernani Cal e outro com André Lacerda. Quero fazer mais o show do Cavaquinho Solo.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Carlos Chaves: (21) 98707 – 5795 | [email protected]
| https://www.instagram.com/chavescarlos
Links para os álbuns: Maogani Quarteto de violões (1997): https://open.spotify.com/album/67N4tPR1Xck7GGfl3ahnl7?si=N0ud-IicTa6uCYNDpDWU5A&nd=1
Cordas Cruzadas (2002): https://open.spotify.com/album/4rXqXT8cIIDRWxgtxbTw7C?si=9f09bed6a3c84edd&nd=1
Água de Beber (2004): https://www.youtube.com/watch?v=AqmkKw240Ng&t=7s
Impressão de Choro (2008): https://open.spotify.com/album/2lMwZJgjCNa8fwLafGsAl1?si=a1bbb86951864591&nd=1
Pairando (2014): https://open.spotify.com/album/2INJmzUAXUBfmJPu5bj2OE?si=05920fab5e26425b&nd=1
Canela (20015 com Renato Bráz): https://www.youtube.com/watch?v=FleOaz-F4Qs&t=6s
Álbum da Califórnia (2019): https://open.spotify.com/album/0kgiqc3eiE8WVdLFg7q3gh?si=dHTi24GYSUWzs_W6DQ7lkQ
Tricotando (2018): https://open.spotify.com/album/6xTGsQgfb0Rf664ttcZ0Wu?si=pHv9w-JwRT6EX7FQh4ohCQ
Show de lançamento: https://www.youtube.com/watch?v=actQqfW6_V0&t=11s
Cavaquinho Só (2021): https://open.spotify.com/album/66Su5szLu7coJIEuN0nBMQ?si=03UNGosfRq6Avbj4okzoig
Acalantos de um cavaquinho (2021): https://open.spotify.com/album/64Ujk9KSAQYrCI7jkvZpyR?si=wmfJyfHbQm-NP1jYEM1Oww
Novo canal do YouTube do Maogani. Vem muita novidade por aí: https://youtu.be/S6210sKUiTQ?si=SeMw2MRSEnlYbii6