A complexa relação entre o Quociente de Inteligência (QI) e as preferências musicais tem sido objeto de estudo e fascínio. No epicentro dessa investigação, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, pós-PhD em Neurociências e um assumido metalhead, tem vindo a aprofundar a compreensão de como a nossa mente, e em particular o cérebro, interage com a música que escolhemos ouvir.
Em estudos por ele publicados, o Dr. Fabiano de Abreu, em coautoria com a PhD e Psicóloga Roselene Espírito Santo Wagner, revelou insights notáveis sobre o gosto musical de indivíduos com alto QI. A pesquisa, que envolveu uma amostra de 50 voluntários com QI comprovadamente elevado (alguns deles membros da Mensa, Intertel, ISI e Triple Nine Society), concluiu que a maioria desses participantes manifesta uma preferência acentuada pelos estilos
Rock, seguido de perto pelo Heavy Metal. Curiosamente, para momentos que exigem concentração e estudo, a mesma população de alto QI tende, em parte, a optar por música clássica, instrumental e até mesmo o Heavy Metal mais rápido. Estas descobertas sugerem que pessoas mais inteligentes podem gravitar em direção a géneros musicais que são percebidos como mais elaborados e ricos em complexidade teórica.
A Aceleração Frontal: Um Fio Condutor Neurocognitivo
Para o Dr. Fabiano de Abreu, a predileção por géneros intensos como o Heavy Metal em mentes inteligentes não é aleatória, mas pode estar neurobiologicamente ligada a um conceito de “aceleração frontal”. Este fenómeno, caracterizado por uma atividade mais rápida ou intensa no lobo frontal do cérebro, é um ponto de convergência intrigante entre a superdotação e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Conforme análises do Projeto Gifted Debate do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, liderado pelo próprio Dr. Fabiano de Abreu, é fundamental entender que, embora a maioria das pessoas com TDAH não seja superdotada e poucos superdotados apresentem TDAH, existe uma área cinzenta de comportamentos que podem ser confundidos devido a essa aceleração frontal comum. Ambos os grupos, de formas distintas, processam informações e respondem a estímulos de maneira única.
É neste ponto que a música, especialmente com batidas mais rápidas e estruturas complexas, pode desempenhar um papel crucial. O Heavy Metal, até mesmo a música eletrônica, com a sua intensidade e dinamismo, pode fornecer a estimulação necessária para mentes que operam em “alta velocidade”, seja pela profundidade da superdotação ou pela necessidade de foco do TDAH. As batidas e ritmos rápidos e complexos desses géneros musicais podem alinhar-se com a forma como esses cérebros funcionam, oferecendo um ambiente sonoro que é não só apreciado, mas potencialmente benéfico para o engajamento cognitivo.
O cérebro é um órgão incrivelmente adaptável, e a música atua como um poderoso catalisador. As investigações do Dr. Fabiano de Abreu, aliadas às suas observações sobre a aceleração frontal e as nuances entre TDAH e superdotação, abrem novas portas para compreender não apenas o porquê de certas preferências musicais, mas também como a música pode ser uma ferramenta de interação e estimulação cerebral para diversos neurotipos. A melodia, o ritmo e a harmonia do Heavy Metal, para muitos, são mais do que apenas sons, são a linguagem de uma mente que opera numa frequência diferente.
Créditos: Divulgação / iMF Press Global Fonte: https://revista.cognitioniss.org/index.php/cogn/article/view/154/149
Que interessante! Adorei saber sobre a relação entre Q.I e as preferências musicais. Excelente matéria!