MaySistah

MaySistah

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A musicista, cantora, multi-instrumentista, poeta, compositora, professora, artesã e MC paulistana MaySistah teve sua iniciação musical aos 8 anos de idade tocando instrumentos de sopro em bandas marciais da escola onde estudava e aos 15 anos seguiu sua trajetória voltada para a música popular.

Trabalha em show em formações acústica e com banda. É multi-instrumentista toca: Guitarra, Contrabaixo, Flauta, Trompete, Escaleta, Percussão e tem desenvoltura em compor letras com assuntos pré-determinados. Participa de batalhas de rima de conhecimento e eventualmente em SLAM (campeonato de poesia), em que ela emana suas ideias em forma de rimas e poemas.

Entre seus trabalhos, participou da música “Levante sua Cabeça” do disco RAP Pluz Size das Mc’s Issa Paz e Sarah Donato, ao lado da cantora Tassia Reis. Já participou no palco com: Qg Imperial; União Rasta; Família Teocratas; Denise D’Paula, Odisseia das Flores; Talita Cabral; Roots GuetownSemente Regueira e artistas da cena alternativa e independente do RAP, MPB e Samba da capital e interior de São Paulo e Rio de Janeiro.

Teve participação como cantora na Reggae Expo Clic k2017 com Dubalizer Jah Dartanhan. Já lançou um single em formato LP como intérprete da música “Janaína” na coletânea de drum’s in Bass lançada na Europa no ano de 2014.

Hoje é vocalista e instrumentista das bandas DaviDariloco e Gambiarra, além de seu trabalho próprio e freelance nos gêneros já citados. “Não precisa ter medo é só chegar… Levo de bom os acontecimentos positivos, o apego não é material, buscando sempre ser melhor”, afirma MaySistah.

Segue abaixo entrevista exclusiva com MaySistah para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 02/10/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

MaySistah: Nasci no dia 05/09/1983 em São Paulo, regida pelo signo de virgem com ascendente em Touro. Registrada como Maytê Rodrigues. 

02)  RM: Como foi o seu primeiro contato com a música?        

MaySistah: O contato com a música foi muito nova com os brinquedos musicais.  Eu tinha um mini piano de armário de madeira, flauta doce, carrilhão, tambor infantil, e o pense-bem que tinha muitas lições de música que eu seguia para tocar as músicas infantis… 

03) RM: Qual a sua formação musical e acadêmica fora música?           

MaySistah: Iniciei na música de verdade como estudo (pois até então era brincadeira) na escola aos 9 anos aproximadamente, na fanfarra. Primeiro ensaio fui tocar surdo, no próximo já fui para a caixa e no próximo ensaio fui para a corneta em Si Bemol e aprendi a tocar todos os instrumentos da fanfarra no primeiro mês.

Em pouco tempo virei líder de naipe onde passava a técnica que tinha acabado de aprender para aos que recém chegavam na fanfarra regida pela Professora Candida, Pedagoga e Ativista Cultural. Nessa época final dos anos 80, ela tirava a molecada da rua para ensinar música.

Assim continuei e fui para a banda marcial quando estava na sétima série onde aprendi de fato a ler partitura em clave de sol e de fá e tocava trompete. Fiquei na banda marcial até uns 15 anos de idade, já tocava em campeonatos, festas, casamentos e em desfile cívico. Tive a oportunidade de gravar duas músicas no álbum da banda do colégio progresso regida pelo maestro Marcelo Bonvenuto.

Minha formação acadêmica acabou sendo ligada à música podendo desfrutar da arte como trabalho oficial também, fiz magistério no CEFAM (projeto temporário da Secretaria Estadual da Educação no Ensino Regular de 4 anos) onde comecei a praticar muito instrumentos de corda e desde então montando bandas, tocando em bares em diferentes estilos musicais, gêneros, lugares, com pessoas distintas, enfim, universo do qual eu vivo até hoje.

Fiz licenciatura em música e leciono artes em escola estadual desde 2002 no estado de São Paulo. Tenho algumas especializações e complementações ligadas a licenciatura e pós-graduação em coordenação pedagógica pela UFSCar.

Atuei como Professora Coordenadora por 7 anos e 2 anos como professora de artes da escola de Ensino Integral, sempre incentivando, promovendo, criando espaços, festivais e parcerias na música e na arte em geral. Com alunos e artistas em espaços culturais, escolares e artísticos.

04) RM: Quais suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

MaySistah: Sou eclética e aprecio das mais diferentes estéticas musicais, como músicas regionais brasileiras, música folclórica internacional, música tribal, instrumental, erudita, entre outras…

Porém tem sempre aqueles trabalhos que nos influenciam mais contribuindo até para formação social, musical e pessoal como The Doors; Beethoven; Chopin; Adoniran Barbosa; Bezerra da Silva; Carmen Miranda; Elis Regina; Gilberto Gil; Bob Marley; Led Zeppelin; Nirvana; Israel Vibration; Steel Pulse; Villa-Lobos; Noel Rosa; Legião Urbana; Gonzaguinha; Clara Nunes; Rita Lee; The prodigy; Santana; Jovelina Pérola Negra; Elba Ramalho; Janis Joplin, música Indígena, samba de Raiz e Pontos de religiões de matrizes Africanas, entre muitos outros.

Não tem nenhum artista, na minha opinião, que deixou de ser importante, cada um teve sua época para ouvir e sentir, e assim acabou por contribuir de uma forma particular, não só para a formação, mas diversão também.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical artística?

MaySistah: Na fanfarra, Banda Marcial, Igreja católica, grupo de violões e percussão e tive meu primeiro contato com gravação tocando trompete com Banda Marcial do Colégio Progresso (81 músicos entre sopro e percussão) tive a oportunidade de entrar na música profissional, e começar a me entender como Musicista e Artista.

Eu tive também muita atuação no teatro, tenho facilidade em falar em público e “invocar” personagens. Cresci num ambiente em que tudo fazemos e desenvolvemos, então faço artesanatos dos mais diversos tipos e bijuterias com diferentes tipos de materiais, incluindo naturais criando biojóias. Em casa na família Todo Mundo Tem algum tipo de Dom ou facilidade em alguma linguagem da arte alguns acumulam habilidades isso vem desde nossa ancestralidade

06) RM: Apresente seu projeto no Reggae.

MaySistah: No reggae eu já desenvolvi mais de um projeto. Iniciei em minha primeira banda de reggae com 16 anos e nós tocávamos em formato acústico com violão e percussão num projeto misto com homens e mulheres adolescentes.

O trabalho com a banda DaviDariloco foi formado somente por mulheres, no qual eu fui fundadora. O nome quer dizer Vida Colorida, é uma brincadeira com as sílabas organizadas ao contrário da escrita (lidas de trás para frente) Da-Vi = Vi-da Da-Ri-Lo-Co = Co-lo-ri-da, e nome tinha a ver com o estilo de vida de personalizar os itens pessoais e objetos, além de manter sempre os pensamentos “coloridos”, positivos… e poder olhar as coisas da melhor perspectiva, sempre buscando a evolução, superação e ética. O símbolo era o filtro dos sonhos, onde acreditamos que toda energia negativa transmuta à positiva.

Esse projeto passou por uma reestruturação, mas não se alongou, e a principal função sempre foi empoderar e destacar a figura feminina na arte e na produção, incentivando e levando as ideias das mulheres no ambiente artístico sob o olhar do sagrado feminino (força Ômega), levado muito através da música como principal linguagem. Além da especificidade LGBT latente na maioria das integrantes.

Além de freelancer em guitarra, backv ocal, baixo e percussão no reggae, tenho também um projeto solo que se iniciou em 2019 e contei como banda de apoio a União Rasta que na época fortaleceram muito o meu trabalho e me ajudaram na primeira gravação solo com a produção minha, do Fábio Silva, e David Hubbard consolidando a música Favela Vive, devido a sempre cantar improvisos no Riddim “Anorexal Dub” em apresentações da União Rasta, na qual acabei por definir com a letra deste single gravado na Fábrica de Cultura Jaçanã no ano de 2021.

Um pouco antes da Pandemia, eu criei a produtora May’s World Productions e fundei a Rádio União BR junto com o Giovanni Cestini e Elias Orozimbo que me oportunizou toda sexta-feira transmitir o programa GUETTO REGGAE SOUND no estúdio que tinham como administradores a banda União Rasta no estúdio de Elias Orozimbo (que na época estava voltando a morar em SP e assumindo posteriormente o estúdio.

A Produtora me possibilita representar um trabalho com mais seriedade e profissionalismo, um local onde posso praticar e aprender mais e mais sobre os saberes de produção musical, artística e executiva no qual não se restringe somente o nicho do reggae music, mas se estende também a outras vertentes música urbana.

07) RM: Apresente seu projeto do Forró.

MaySistah: Eu montei um projeto de forró, onde eu assumi diversas funções em diferentes fases, se iniciando com a banda Gambiarra Music que eu tocava triângulo e cantava como voz principal, depois mudando para Forró DiDaDó que eu tocava zabumba e fazia segunda voz, ambos com somente mulheres tocando em formação mínima com zabumba, triângulo e violão ou sanfona. 

As letras das músicas produzidas para esse projeto foram criadas por mim, geralmente trazendo uma raiz mais regional como sugere o gênero, mas não foi nada gravado, talvez em breve eu consiga gravá-las e com esse avanço tecnológico no campo dos fonogramas, eu consigo até gravar em estúdio próprio.

08) RM: Apresente seu projeto no RAP.

MaySistah: O projeto rap se iniciou com uma participação no álbum RAP Plus Size. As conheci em um show de reggae e rap e na batalha de rimas de conhecimento Dominação que acontecia toda segunda-feira na frente do mosteiro São Bento.

Na época eu estava em atividade com a banda DaviDariloco e gravamos a faixa Levante sua Cabeça com participação da Tássia Reis e se consolidando a única música do álbum a ser gravada com banda, eu gravei o baixo, a guitarra solo e back vocal e gravamos um clipe (o primeiro de minha carreira).

Tal fato me inspirou a escrever o álbum “Rascunho de RAP” com seis singles que produzi sozinha ou com parcerias nos beats. Gosto muito de fazer Freestyle, é uma cultura desde criança que adquiri na rua e no bairro do Jaçanã, onde nos reuníamos nas praças para fazer música e rimas, uma forma de sintetizar em música o que penso sobre o dia a dia.

O RAP acaba sendo um canal por onde essa expressão é posta, já que as letras do reggae têm outras finalidades, e no rap uma forma de colocar a revolta para fora trazendo outras temáticas nas letras e meu ponto de vista sobre os assuntos sociais e históricos, pessoais e do mundo… 

09) RM: Quantos discos lançados?

MaySistah: Eu mesma nunca tinha pensado em gravar a minha própria música e de 2016 até os dias de hoje que eu tenho desenvolvido mais essa parte, pois sempre fui mais musicista de palco, show, e de gravar músicas de diferentes estilos, mas dos outros.

Ultimamente tenho organizado as mais de 500 composições que tenho para distribuir entre esses projetos que apresentei acima para consolidar de fato a gravação todas. Por ser um número expressivo de composições tenho ido devagar e me profissionalizado cada vez mais.

A primeira música que gravei de minha autoria foi em 2014 na Fábrica de Cultura, onde pude gravar um single acústico na estética MPB com violão e Cajon chamada Ssano Davi (nossa vida), e eu mesma criei uma edição de imagens (bem simples) e coloquei uma espécie de clip no youtube só para testar, mas nunca divulguei. Gravei violão e voz, fiz o arranjo todo e Clave de lua (baixista DaviDariloco) gravou back vocal, Cajon e fez a letra.

Nessa mesma época em 2014/2015 o Dj Fabio Kura (RJ) nos convidou para gravar o single que saiu pela gravadora DNBB records no álbum Brazilian Flavours, na qual captamos em casa mesmo, nessa fui intérprete na música do nosso amado amigo Neto (que fez a passagem em 2015, deixando muita saudade), essa música é uma Drum N Bass que saiu em uma coletânea do gênero lançada na França com Djs de diferentes países. A música Janaína é bem gingada e gravamos o violão e as vozes em uma casa que tinha acabado de alugar e não tinha móveis. Uma experiência Ímpar!

Com a DaviDariloco tive a oportunidade de entrar mais em estúdio para gravar. Além do single com as manas da Rap PluzSize feat. Tassia Reis que citei acima, e mais três músicas, cujo duas saíram em coletânea de reggae produzida pelo produtor Rodrigo Loli com vários artistas, e como tínhamos duas músicas prontas, tivemos a oportunidade em gravar o single Reggamente com participação da Sistah Mari e a música Felicidade, ambas escritas por mim, exceto a parte cantada da Sistah Mari que foi de autoria da própria artista.

Essa coletânea foi lançada em novembro de 2018 com nome de “Festival Reggae de Artistas e Bandas Novas”pelo edital do reggae no presente ano com produção do Coletivo Econsciencia e Luciana Monteiro.

Na mesma época, sempre buscando incentivo financeiro ou gratuito para custear as gravações (que muitas vezes são inacessíveis para artistas periféricos e independentes, imagina um grupo de mulheres no cenário majoritariamente masculino, a dificuldade triplica), na Fábrica de Cultura Belém gravamos a música Luanda inteira e conseguimos gravar algumas guias das outras músicas, mas infelizmente a banda terminou antes da consolidação desses outros fonogramas.

Ao todo com a DaviDariloco gravamos com RAP Plus Size (Levante a sua cabeça), as duas da coletânea (Reggamente e Felicidade), Luanda (na fábrica de cultura) e iniciamos uma gravação com o David Hubbard produzindo em um estúdio particular parceiro do David, porém o fonograma pronto o produtor fonográfico do estúdio nunca nos entregou, mas temos algumas versões ao vivo da música Jaçanã (isso aconteceu também com as músicas do David na época).

A música Luanda com a banda DaviDariloco tem um clipe que ganhamos de uma produtora consolidada pelo Fomento VAI em 2017 e foi o primeiro audiovisual oficial da banda produzido pelo Coletivo 220 Volts. Com esse trabalho de empoderamento feminino através da música reggae tive a oportunidade de terminar os arranjos das músicas que estavam pré-prontas.

Em 2021 meu trabalho foi bem pontuado no quinto edital de Fomento às periferias na linguagem Reggae/Rastafaripromovido pela Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo no módulo Gravação de álbum inédito que iniciamos em Janeiro de 2022, tive a oportunidade de gravar 10 músicas ao lado do brabo Fábio Silva, produtor e tecladista de várias bandas que foi o braço direito desse trabalho, devido a uma fratura no meu pé em agosto de 2022 as gravações foram interrompidas, retomando em novembro do mesmo ano para terminar e entregar o projeto em tempo hábil.

Porém devido a trâmites não muito profissionais do estúdio que gravamos, só pudemos fazer o lançamento do álbum completo em setembro de 2023. Em dezembro de 2022 para concluir todas as atividades e contrapartidas propostas no projeto e poder realizar a prestação de contas em tempo, gravamos duas Lives do álbum ao vivo na Fábricas de Cultura Jaçanã.

As músicas do álbum foram: Olha a música, Água da bica (pré-lançamento do álbum), Ser Simples, Secrets The Life (riddim Fábio Silva), Lovers (riddim Fábio Silva), Eles Não feat Odisseia das flores (riddim MaySistahe Fábio Silva), Coração Aberto, Living Reggae feat. Black Anjo e David Hubbard (Riddim de Black Anjo), Mudança e Expandindo Horizontes que é uma música instrumental criada por mim com arranjos criados para trio de metais trompete, saxofone em Mi bemol e trombone em Dó.

Todos os arranjos de metais foram escritos por mim e a maioria dos riddims também, essa foi a primeira experiência em que escrevi para arranjo para nipe de metais. Eu gravei as guitarras base, vozes e trompete, os teclados foram Fábio Silva, o Bass por Rafael Ulisses, Guitar solo por Jazza, Trombone por David Barros, Bateria por Rogerio Marques, percussão de Marcos Capinam que inclusive criou um instrumento para música água da bica que ele cortou um círculo na moringa para dar um efeito de água e integrar a sonoridade da música e o Saxofone por Giancarlo Burigo. A Mixagem e a Masterização foram feitas pelo Jah Nilo.

Sobre o atraso na entrega do estúdio e lançamento do álbum: a fratura do pé contribuiu para o atraso e para esfriar os ânimos com a equipe envolvida, porém escolhemos um estúdio que estava ainda em início de carreira, mas que tinha equipamentos e espaços pertinentes ao que precisávamos.

Mas as pessoas que ali trabalhavam mostraram um certo despreparo para um trabalho de tamanha potência, a banda com 10 músicos selecionados para gravar (sem contar as participações), eram muitos takes aos que eles estavam acostumados, prefiro pensar em despreparo para não falar boicote a um trabalho criado por um mulher lésbica periférica nessa magnetude no meio de pessoas do cenário reggae que muitas tendem a competir do que fortalecer o trabalho das sistahs, eu tenho um Lema “Se quer competir comigo no âmbito musical, já ganhou. Pois o cenário é pequeno e tem espaço para todo mundo. E se eu quisesse competir entraria em um concurso”. Demos Graças pelos avanços e oportunidades.

 10) RM: Como você define o seu estilo musical dentro da cena reggae?

MaySistah: Não consigo me definir dentro de um estilo estético específico pois gosto muito de misturar as tendências de forma harmoniosa, e dentro da música urbana (na qual me intitulo) eu sou do reggae.

Não costumo me definir e dizer que sou isso ou aquilo, hoje eu posso fazer isso e amanhã aquilo, então não consigo me definir dessa forma. Já até toquei caixa no bloco de samba reggae Kaya na Gandaya em 2015 e 2016.

Já me apresentei como convidada com a banda QG Imperial na 1°Mostra Cultural de reggae que contou com vários cantores na apresentação musical entre eles Rodrigo Piccolo, RasKadhu, Denise D´Paula entre outros da cena no ano de 2016.

Apresentei o evento como MC “SP REGGAE FEST” realizado pelo Portal Ras e SMC de São Paulo na Praça da Sé em 2017 ao lado de Luana Hansen.

Em 2018 participei como back vocal da União Rasta no palco reggae da Virada Cultural com as participações de Sister Nane, Leny Fyah (ex filosofia reggae).     

Em agosto de 2019 fiquei entre os finalistas do festival Cena Norte realizado pelo “Fórum de Cultura Cena Norte” na Fábrica de Cultura Jaçanã com a música “Favela Vive” e ganhei uma gravação, certificado e um troféu. Os 10 finalistas eram os vencedores deste festival.

Em setembro de 2019 participei do FESTIVAL 6 CONTINENTES que é um festival internacional que acontece simultaneamente em  mais de 40 países, e no Brasil aconteceu na Fábrica de Cultura Jaçanã organizado pelo Embaixador Ibero-Americano Sayder SDR III e me apresentei com a União Rasta pré-lançando a minha 2° música em Língua inglesa e também atuei também como produtora do evento agregando com a equipe de minha produtora  que na época foi a May Roots e Patricia Teodoro ajudando na organização do 2° dia do festival e também gravando os podcasts com os artistas pela Rádio UniãoBr que se encontram no canal do youtube da Rádio.

Montamos a Rádio UniãoBr em julho de 2018 em parceria com o estúdio União e os meninos da banda União Rastae produtora May´s World Production, com intuito de fazer entrevistas, tocar nossas produções, promover shows, apoiar eventos e fazer os podcasts.

De fato, cobrimos alguns eventos de reggae entrevistando entre os artistas Israel Vibration, Planta & Raiz, Adão Negro, entre outros. Participamos do Evento do Circuito Reggae – O Retorno com a rádio e produtora e o Flavio Ferreira vocalista da União Rasta que entrevistou os artistas junto a equipe da produtora e banda, eu editei, criei o vídeo e postei no youtube os aúdios captados.

Em 2019 Em novembro de 2019 foi reconhecida como Personalidade do Ano de 2019 pelo Embaixador Iberoamericano Sayder SDR. Homenageada com certificado e troféu na Câmara dos Deputados em São Paulo com artistas como Paulo Da Ghama, MC Dentinho, Lecy Brandão Cover, entre outros artistas de distintas linguagens.            

Em dezembro de 2019 foi reconhecida como “Revelação do Reggae Nacional 2019/2020” homenageada e recebeu certificado e troféu pela equipe do Prêmio Internacional Iberoamericano “A La Trayectoria El nevado Solidario de Oro, na Câmara dos Deputados em janeiro de 2020.

Na arte me sinto bem livre e faço o que tenho vontade sempre estudando para tentar trazer novidades e me divertir também. Alguns dizem que eu sou “nova geração do reggae music”, outros dizem o que eu faço a linha “Roots favela”, e outros dizem que minha guitarra é “Reggae Bossa Nova”, pois eu toco sem palheta, (risos).

Mas presumo que o que mais me define mesmo é ser uma mulher fazendo música praticando as ideias femininas juntando com a vontade e o temperinho da geração Y que tem a tendência de misturar as coisas, e eu me adapto rápido às mudanças e me envolvo com diferentes pessoas para exercitar a “Nossa arte de cada dia”. 

11) RM: Como você se define como cantora/intérprete?

MaySistah: Acho que me defino sem barreiras, num “misturê danado”; como camaleão que se adapta ao ambiente que está. Sou muito eclética e cada estética me completa de uma forma diferente para eu praticar a musicalidade de vários gêneros, mas tenho uma “caidinha” maior pelo reggae, mas não me limito somente a ele. Amo cantar MPB e música internacional, rock, blues, black onde pratico outras habilidades e impostação vocais distintas.

12) RM: Quais os cantores e cantoras que você admira?

MaySistah: Nossa essa pergunta é difícil… São muitos! Tem uns que não gosto muito da música, mas o jeito de cantar é incrível e muito bom para treinar… Mas gosto bastante da Dezarie, banda Nazirê, I Tree, Groundation, Byoncé, Adele, Denise de Paula, Marina Peralta, James Brown, Tim Maia, Rihanna, Michael Jackson, Erika Badu, Pink, Elza Soares, Adoniram Barbora, Carmem Miranda, Zelia Duncan, Cassia Eller, Rita Lee, Clara Nunes, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Dawn Penn, Koffe, entre muitos outros. 

13) RM: Como é o seu processo de composição musical? Quem são seus parceiros musicais?

MaySistah: Meu processo criativo é muito aguçado e disposto, se eu pudesse (questão de tempo) criava uma música por dia. Tem dia que crio várias na rima e depois vou lapidando principalmente quando estou brava com alguma coisa da minha vida pessoal ou social do nosso país, coloco uns beats e fico pensando no que eu vejo e coloco em música e depois revisito e vejo o que ficou bom, o que dá para usar, arrumo umas coisinhas e produzo, surgindo uma música nova!

Assim como me sento e escrevo sobre algum assunto que estou pensando motivada por uma situação que passei ou que vi pelo mundo e depois crio a melodia e os arranjos. Tem muita música que faço de Freestyle, acho que estar empatado mais esses dois processos criativos, mas gosto muito de criar, inventar, experimentar e fazer parcerias com outros músicos… (risos).

No reggae eu tenho alguns parceiros musicais (criamos coisas pela rede social em várias estéticas), Black Anjo, Allan Z (itú), Fabio Kura (Dj RJ), Fábio Silva, David Hubbard entre outras parcerias de 1 trabalho só. 

14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

MaySistah: Na minha concepção, antes de eu desenvolver um trabalho artístico sólido de fato, sem ficar só na “fazeção” do “músico funcional” (barzinho e cover) é preciso entender como funciona a arte musical, quais fatores a envolvem além do “sentar e tocar” é preciso entender os bastidores para que o trabalho autoral aconteça, venho dessa caminhada e a música é infinita então vou morrer aprendendo (risos).

Acho que sustentar um trabalho artístico autoral e independente é muito, muito difícil, precisa ser resiliente, próspero, ter paciência e o principal não desistir. É ir construindo pedrinha por pedrinha do castelo artístico e precisam ser sólidas, por isso o preparo anterior é essencial.

Em 2018 iniciei o trabalho com a produtora May Root´s, e algumas oportunidades com a Patricia Teodoro (minha atual namorada), passo para elas a visão que tenho e de como acho que as coisas poderiam acontecer e juntas direcionamos e organizamos os trabalhos sempre agregando os saberes e práticas de todxs envolvidxs, pois em breve quero compor uma equipe para que que posso me preocupar somente com a parte musical.

Tem uma frase que uso desde sempre “a força da muherada fazendo um som” nesse caso é produzindo também (risos).

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

MaySistah: Ixi, são muitas! Várias pessoas me falam que sou uma “potência musical”, mas nunca botei muita fé nisso, eu só faço o que gosto e tenha facilidade de aprender na música, então cresci no meio musical, nas rodas de samba, rimando no rap, tocando no mpb, soul e rock, ou no karaokê, ou trabalhando como locutora em comércios, vendendo singles, propagandas de produtos, fazendo cards de divulgação, vinhetas de propaganda, e vídeos institucionais (risos).

Então depois que “cresci” e comecei a pensar nisso, pois saí de casa ainda menor de idade, tive que me sustentar desde então e trabalhei desde os 9 pra poder conquistar os instrumentos e bens materiais que tenho hoje, nunca tive muito tempo para pensar nessas coisas, precisava sobreviver, depois que me formei na pós-graduação que comecei a investir mais tempo na vida artística e encará-la como trabalho mesmo, além somente de expressão.

E em várias épocas eu por ser a única da banda que tinha carro, ainda tem essa logística, carregar o carro, dirigir até o local, dar carona para quem caber no carro, chegar no local, descarregar, montar, equalizar, passar o som, tocar, acertar com o contratante, pagar a banda, desmontar, carregar o carro dirigir até em casa e descarregar em casa. Minimamente esse esforço para sair para tocar, imagina isso várias vezes na semana.

Então, o artista independente não somente toca, canta e faz música, ele ainda tem tudo isso pra pensar, organizar ainda somando atividades como: fechar com o contratante, escrever os projetos, se comunicar com todos envolvidos para distribuição de tarefas quando há dinheiro para pagar todo mundo, pois senão, é tudo nós mesmos que fazemos a produção executiva, artística e musical além de ser o artista principal do trabalho… Ufa…. São tantas funções que envolvem um trabalho musical e às vezes fazemos tudo sozinha.

Primeiro tive que investir em conhecimentos específicos e depois em ferramentas físicas e tecnológicas que pudessem materializar o que praticava todos os dias (fazer música e produzir até ajudando os amigos e alunos) como notebook, pedais, case de pedal, microfones, interface de som, controladora entre outros, além do investimento intelectual e também as direções artísticas, musicais e executivas em conjunto com MayRoot´s. Pois além da música éramos as proponentes Majoritárias da rádio UniãoBr.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira?

MaySistah: Num vejo que a internet prejudica, a mim só agrega e facilita muito a comunicação principalmente dentre do reggae que é um nicho relativamente pequeno perto dos outros gêneros, lógico temos que ter um “filtro” pra não ficar expressando muita emoção através das redes, pois isso segrega as opiniões e gera mal entendimentos, mas minha pegada ultimamente é mostrar pro mundo do que eu sou capaz de fazer acontecer sendo mulher, multi-instrumentista e produtora periférica e independente!

Capaz de chegar em qualquer lugar que eu destacar como prioridade, para traçar metas, planejar e alcançar os objetivos pensados. A música não tem limites! O limite muitas vezes está dentro das nossas barreiras mentais.         

Uma situação que acho bem desagradável, é quando as pessoas usam as redes para atacar gratuitamente, aconteceu comigo devido a um posicionamento pessoal por exemplo, quando eu me autodeclarei como mulher de ancestralidade indígena na 4° geração fora da aldeia perante aos integrantes do movimento Reggae e participantes do Fórum do Reggae, com intuito de apresentar o Espetáculo “ApaGando” para o dia Municipal do Reggae, que envolve um álbum ainda não gravado, mas idealizado para tratar do apagamento dos povos originários que ainda vive aqui e na resistência até os dias atuais, cada vez mais perdendo espaços para especulação imobiliária e apagamento cultural constante por parte do patriarcado.

Geralmente não me abalo emocionalmente, pois quem ataca quer holofote e holofote é só no palco, e a maioria que atacou e me tirou como branca ofendendo meus princípios e particularidades nem merece minha atenção, além de ser algo que diz mais respeito da pessoa que tem a necessidade de julgar e esbravejar na posição pessoal do outro do que a mim propriamente dizendo.

17) RM: Como você analisa o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

MaySistah: Acredito muito que na música não existe o bonito ou feio, é tipo a concepção do Belo em Arte, existe o que dá certo e o que não dá naquele grupo e naquele momento, é muito particular… Para acertar o gol precisamos chutar inúmeras vezes de vários ângulos e formas diferentes, e nem sempre a técnica aplicada por um que deu certo, dará certo para o outro.

Então não acredito em uma regressão de trabalho, mas sim de repente em uma equipe ou trabalho que parou de caminhar, ou parou de tentar “acertar” para dar certo e esse “dar certo” é íntimo a cada trabalho, lógico ponderando as oportunidades, pois as vezes a banda tem mais oportunidades para aparecer em grandes festivais e palcos lotados, é só observar a ficha técnica dos grandes festivais e eventos, Tirando o fórum do reggae que parte do princípio da equidade, a grande maioria dos eventos trazem bandas majoritariamente masculina, com artistas homens e muitos eventos com a mesma galera sempre.

É só observar! Mas acredito que a banda Natiruts e Ponto de Equilíbrio chegaram bem longe, e não fica atrás o Mato Seco também. O restante das bandas (tirando o pessoal da panela) tem espaço parecido, mas ainda falta muita equidade na música reggae. Ei, produtores que estão lendo, pensem nisso antes de fechar seu set com os mesmos artistas de novo.

Sobre o cenário acho que está faltando os “grandes” repensar como eles são ou até acreditar mais em si e no seu trabalho (risos). Acho que no reggae falta um pouco de ousar, inovar e juntar… Acredito que esses três elementos juntos são capazes de ampliar e muito, os horizontes do reggae atual fazendo com que a cultura caia mais nas graças de pessoas comuns não somente de regueiros.

Eu vejo que o é reggae bem democrático, a maioria das pessoas que costumam se intitular de determinado gênero, (tipo roqueiro, funkeiro, sambista) gostam de reggae. Então um “reggezinho” é sempre bem-vindo! Mas também não há como afirmar que ainda nos dias de hoje é muito marginalizado.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (Home Studio)?

MaySistah: A vantagem é o poder de praticar a gravação, o que antes só era possível com muito dinheiro… Hoje em dia a maioria das bandas tem o seu próprio home estúdio, mas poder desfrutar de um estúdio com tecnologia e equipamentos de ponta fazem toda a diferença para o trabalho, tanto com profissionais experientes, como equipamento de última geração.

Porém conheço álbuns incríveis que foram produzidos em casa e que deram muito certo… acho que só tem vantagem na real. Principalmente para que é multi-instrumentista como eu, que tem a possibilidade de gravar vários instrumentos da música sem depender de outras pessoas.

19) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

MaySistah: No Reggae tenho visto que os trabalhos do Dada Yute têm chamado a atenção pela versatilidade das estéticas trazidas para dentro do reggae, e das oportunidades que ele já teve, pois ele ousa e propõe parcerias, o reggae precisa mais disso!

Acho que o Sensimilla Dub (Neskau Magnarello) também vem ampliando os horizontes do reggae music de longo alcance; Monkey Jhayam, Leões de Israel e o Men trazem propostas interessantes de longo alcance também.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

MaySistah: Nossa, já aconteceu tudo isso citado na pergunta (risos). Mas acho que uma das experiências mais marcante, foi uma vez que o técnico de som não conseguiu alinhar as P.A e ficou dando microfonia no show todo, tivemos que parar diversas vezes até o técnico de som da casa abandonou o posto e deixou o local.

Fizemos uma gambiarra lá desligamos os microfones da bateria, deixamos as P.A. só para voz, não usamos microfone para o trompete e terminamos o show sem os instrumentos na linha, mas a casa nos propôs uma contraproposta em forma de desculpas e se retratou da melhor forma… mas foi bizarro, o público não estava entendendo nada. Tivemos uma outra oportunidade em realizar o show naquela casa e patrocinado ainda.

Uma outra coisa inusitada que aconteceu foi uma produtora que confundiu as bandas por ter nome parecido, e pediu que confirmássemos uma apresentação em um espaço público em São Paulo, confirmamos, eu contratei toda a banda e quando chegou 3h antes da apresentação a mulher disse ter se enganado, pois negociamos e ela conseguiu ressarcir os custos de quem se locomoveu até o local. Esse foi demais…

Uma outra interessante foi quando a energia acabou em plena apresentação e estávamos em praça pública, a batera continuou e eu também, improvisamos batera e trompete, o pessoal pirou e aplaudiu muito.

21) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

MaySistah: Feliz é ter a oportunidade de cantar e levar a mensagem positiva, nas apresentações ao vivo, no improviso quando outras bandas e projetos me chamam para participar, cantando, tocando algum instrumento ou gravando…

Ah triste, não sei pontuar a tristeza assim. Mas artistas que não praticam a humildade e “se acham” me chateiam um pouco, mas não fico triste não, tento sempre o Big Up!

O preconceito também me deixa chateada, algumas situações que fui diminuída por ser mulher, ou periférica, ou lésbica, ou fora dos padrões globais… enfim rótulos e preconceitos me chateiam, mas quando se fecha uma janela, abrem-se portas.

Acredito muito nisso! E é bem difícil eu ter esse sentimento, se estou fazendo minhas coisas estou feliz e nada vai me atrapalhar! Temos que sempre agradecer a vida e as oportunidades. Falsidade também não curto, acho muito tosco.

22) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?

MaySistah: Moro em São Paulo, onde tem uma cena até que meio infinita…Nunca dá pra conhecer tudo e todos.

Mas no reggae ainda tem alguns artistas que perdem a oportunidade de fazer parcerias, agregar pessoas e ampliar a cultura reggae, assim como, vejo também uma crescente evolução na cultura e no cenário, onde os homens Rastas vem agregando e exaltando mais a força ômega (feminina).

Amadurecendo muitos irmãos, pois nascemos em uma sociedade extremamente capitalista e machista, onde as coisas materiais e o poder tomam os olhares de quem faz acontecer. Tenho sentido a evolução em muitos que a uns 10 anos atrás agiam de forma diferente e até me invisibilizando. 

Tem um pessoal que quer agregar essa força feminina, incentivando e promovendo a força ômega abrindo espaço para as mulheres perderem a timidez e participarem cada vez mais como ativas no movimento, porém para uma equidade de gênero dentro da cultura ainda falta muito… Isso me dá muito orgulho da cultura reggae/rastafari que vem ampliando os olhares dos irmãos e simpatizantes do movimento, entendendo a palavra pela verdade e não pela aparência, gênero, etnia ou opção sexual. 

23) RM: Quais os músicos ou/e bandas que você recomenda ouvir?

MaySistah:  David Hubbard, União Rasta, Família Teocratas, Allan Z, Qg Imperial, KampFar I, Monkey Jhayam, Rap Plus Size, Filosofia Reggae, Denise D`Paula, DaviDariloco, Sistah Chilli, Unidade Punho Forte, Nyabingui Brothers, Odisseia das Flores, Gabi Nyarai, Luana Hansen, Tássia Reis, Ethiopicos, Ras Menor, Rebote Zion, Lei Di Dai, Samora, Chardel Rhoden, Hempress Sativa, Etana, Femine Hi-Fi, Eve, Jude Mowat, Laylah Arruda, Norma frazer, Mulamba, Sistah Mari. Bia Fyah Bia Ferreira, Pscipretas, Rafa Sotto, Marina Peralta, Nazirê, Sister Nancy, Paika, Queen Ifrica, Reemah, Sista Ruby, Sonya Spence, Soraia Drummond, Tanya Stephens, Warrior Queen, Sister Carol, Célia Sampaio, Núbia, Hollie Cook, entre outros.  

24) RM: Quais os cantores e cantoras que gravaram as suas canções?

MaySistah: Por enquanto nenhum, eu já vendi músicas, mas fazia parte do contrato não reclamar direitos autorais e nome na ficha técnica, me restringindo dos mesmos, fiz alguns feats. só.

25) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

MaySistah: Não inicialmente, mas futuramente quem sabe né?! Na minha seleção do programa Guetto Reggae Sound na Planeta Reggae, eu toco várias músicas de todo mundo, quem manda, quem não manda, se eu sei que tem eu toco, e também lançamentos e tals sem cobrar nada.

A não ser que o artista queira uma arte para divulgar antes que vai tocar e tals, mas tb é preço de custo. E outra, se você pedir nessas web rádio eles tocam, eu tenho uns brothers que curtem muito meu som e quando eles tão na seleção eles colocam, mas é raro viu (risos).

26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

MaySistah: Acredite e lute para construir o seu trabalho, mesmo que para os outros isso seja absurdo! Só vai! Junte-se com quem também acredita, às vezes encontrar essas pessoas certas pode demorar, mas, tudo no tempo de Deus e dentro do nosso planejamento e investimento material e imaterial.

27) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com o uso da maconha?

MaySistah: Infelizmente tem pessoas que ainda atribuem o reggae ao uso da erva, a cultura rastafari tem a sua ideologia e as pessoas confundem e julgam sem conhecer, não sou rasta e não faço apologia.

Tenho outros assuntos para falar na frente que julgo ser mais latente a mim do que me posicionar sobre o uso da erva, mas não pra negar que além de versátil é medicinal, acho que o uso recreativo sem exageros não dá nada, lógico, como qualquer excesso faz mal.

Mas seria como julgar todo Rapper de ladrão, todo sambista de boêmio e toda dançarina de vulgar, entre outros rótulos que a geração dos Baby Boomers, alguns religiosos e extrema direita tendem a taxar.

Abstenho-me de qualquer julgamento, acredito que ações pessoais são íntimas demais para serem comentadas assim, mesmo que uma massa a pratique! Preconceito é difícil de lidar! Cada um sabe o que faz! É livre arbítrio! Mas a marginalização do gênero é muito pela ignorância de atrelar o reggae ao uso da ganja. E achar que todo regueiro é maconheiro e vice-versa.

28) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a religião Rastafari?

MaySistah: Os rastas já me ensinaram muita coisa, a doutrina me guia em muitos pensamentos, acho fantástica a forma como expressa isso através da música reggae e dessa manifestação ancestral e que hoje como estética musical se ampliou e vem tomando o mundo não só trazendo a sua raiz e acompanhando as mudanças, mas também abrindo e somando as outras vertentes da música, ampliando a mensagem, os elementos e o movimento.

O Nyahbinghi é uma coisa mágica que só quem já participou sabe o que é, sentir e poder batucar a batida do coração é uma experiência incrível e renovadora que limpa nossa mente nos fortalecendo e criando pensamentos bons.

Pois o capitalismo tem deixado as pessoas doentes e tristes, com mania de juntar coisas materiais. O que faz sentir mal, é quando não é selecionado em uma das caixinhas do sistema, o reggae traz esse empoderamento, não precisamos nos encaixar em um padrão, só precisamos ter fé, sermos verdadeiros e acreditarmos em nós mesmos, sempre agradecendo e retribuindo ao universo e ao Jah.

O movimento trás outros elementos, entre eles, a Capoeira, o Soundsystem, os Cantores, Toasters e MC´s, a alimentação I-Tal, a vestimenta cultural, os Dreadlocks, os Selectahs, … além das mensagens sobre a cultura que amplia muito a mente de quem participa se prestar a devida atenção.

29) RM: Você usa os cabelos dreadlock. Você é adepto a religião Rastafari?

MaySistah: Já usei dreadlock, mas meu uso foi pela estética e nunca foi do cabelo todo. cada época o cabelo está de um jeito. Não sou rasta, pratico mais o espiritismo, na verdade sou o verdadeiro sincretismo! Mas me sinto muito bem nas cerimônias rastafari e nas rodas de Nyahbinghi, onde posso desfrutar das mensagens e da música de maneira diferente, à vontade e sem rótulos.

30) RM: Os adeptos a religião Rastafari afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?

MaySistah: Já vi muito essa vibe, mas não vejo atualmente os irmãos fazerem esse julgamento mais, pelo menos não assumindo na minha frente (risos).

Acho que no reggae de uns 20, 25 anos atrás e quando comecei era mais latente, mas hoje em dia com o empoderamento do preto, da mulher, do periférico isso se distancia um tanto, é lógico sempre que tem a exceção, mas não se faz mais maioria na minha vivência…

Assim como disse anteriormente, tenho visto muitos irmãos evoluírem em seus pensamentos e práticas e acredito que desse pensamento também, pois não existe o reggae verdadeiro se não o que é feito com muito amor de verdade, sabe, é muita emoção no coração.

Como vários rastas ancestrais que conheço afirmam, o rasta não está na aparência e nem na musicalidade, mas sim no pensamento, atitude e coração… E isso não é visível na aparência.

31) RM: Na sua opinião por que o reggae no Brasil não tem o mesmo prestigio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

MaySistah: Porque aqui a indústria da música sempre fica rendida aos investimentos de grandes gravadoras ou personalidades, na verdade é no dinheiro né?! E o reggae quebra um pouco esse tabu, pois as grandes gravadoras quase nem tem artistas do gênero, por não ser uma indústria milionária, o que a meu ver promove mesmo a cena independente.

E nós artistas se fortalecendo e fazendo grande com a nossa autonomia e levando o reggae até ao estádio como aconteceu no em alguns festivais e sem patrocinadores milionários, assim como A República do Reggae (o maior festival de reggae do Brasil). 

Hoje com a digitalização de tudo e até da música e da inteligência artificial acessível na mão de qualquer pessoa, o que realmente chega em milhões de views são os orgânicos por sorte, ou a turma da Boiada que tem dinheiro para patrocinar, e até criar fazenda de seguidores, já viu isso? pois é, pesquise para ver…

Centenas de aparelhos tocando a música no phone para ninguém ouvir só para dar visualizações, e até robôs que aumentam seguidores e views. Talvez o ousar mais.

Atrair maiores investidores, tentar, realizar e abrir portas entre músicos e produtores para criar grandes festivais dentro do reggae. Estamos sempre em crescimento, com altos e baixos. Ainda mais depois de 29 de novembro de 2018 que a UNESCO declarou o Reggae da Jamaica como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e qualquer outro subgênero do reggae vem da raiz jamaicana.

32) RM: Quais os prós e contras de usar o Riddim como base instrumental?

MaySistah: Usar Riddim no reggae é o mesmo que usar os beats no RAP, são movimentos muito próximos. Quando você já conhece o Riddim fica mais legal de ouvir e ver a habilidade do Toaster e MC em usá-lo da melhor forma o adequando a sua música e letra.

Eu curto muito essa versatilidade, e ultimamente tenho feito apresentações com sound em riddim popular usando algum instrumento ou voz para agregar na sonoridade, e assim poder ajustar a minha arte ao riddim e vice-versa.

33) RM: Você faz a sua letra em cima de um Riddim já conhecido usando uma linha melódica diferente?

MaySistah: Sim, nunca tinha feito uma apresentação em cima de um riddim pronto, só tive essa oportunidade ao vivo com banda em participações sem ensaio que chegava e combinava com os meninos da banda ali no momento mesmo, e sempre deu certo, eu faço um freestyle ou mando uma rima ou letra e tá tudo certo! A música aconteceu…

Esse ano em setembro eu participei de um festival, e não queria me apresentar sem banda completa e baixei e editei o riddim Anorexal Dub do Eek a Mouse e fui com a cara e a coragem, e o resultado me surpreendeu, fiquei entre os 10 primeiros. É diferente usar riddim, você usa uma ideia que já existe e desenvolve em cima, quando criamos do zero é legal, mas é outro tipo de experiência.

34) RM: Você acrescenta e exclui arranjos de um Riddim já conhecido?

MaySistah: Geralmente sim, sempre trazendo o mesmo de uma maneira diferente, mas acrescentar é bem mais fácil. Poder contribuir sonoramente com uma coisa que já existe e que vários artistas usam com a sua particularidade, fortalece a identidade musical do artista, ampliando o desenvolvimento musical e passando por experiências únicas a cada riddim.

35) RM: Quais os prós e contras de fazer show usando o formato Sound System (base instrumental sem voz)?

MaySistah: Amo tocar, participar, estar junto da música com a banda dividindo a sonoridade com outras pessoas é demais e cada dia é um dia, mesmo que seja o mesmo show. Porém na falta de tu vai tu mesmo, como diz o ditado (risos). É diferente o formato Sound System e muito legal, pois abre outras possibilidades musicais, quando você só canta é outra experiência, e geralmente Sound é mais intimista, então agrega de forma diferente, prefiro banda, mas curto muito Sound também. Ah, e curto improvisar com instrumento para agregar num riddim…

36) RM: Quais os seus projetos futuros?

MaySistah: Gravar os álbuns escritos em editais, entre eles: “Rascunho de Rap”, “Forró”. No Reggae: álbum DesaPagando, EP “Ouvindo as estrelas em terra de Gaya”, fora alguns singles soltos pré-prontos; Dois sambas prontos para gravar.

consolidar oficialmente a MW Productions – Ampliando Mundos e Mentes.  E quem sabe, lançar um livro com meus poemas que escrevi para Slam (tem muuuitos); Publicar os Zines que já criei também. 

37) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?

MaySistah: (11) 98114 – 5722 | [email protected] | https://www.instagram.com/maysistah  | Facebook @mundodemay | Youtube: Canal Radio UniaoBr (construído por mim) | DaviDariloco: Clip Luanda – https://youtu.be/zHeZmDOif_Ehttps://www.instagram.com/maysistah/ | https://www.facebook.com/maysistah/

Youtube: Canal Radio UniaoBr (100% produzido por mim);

Programa Guetto Reggae Sound – Toda Segunda feira às 18h
www.planetareggae.com.br

Álbum Expandindo Horizontes

Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/album/56X4cbNpOXMX628AUUPzow?autoplay=true

Youtube music: https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kOpMeaQikvdIy3VsvPvCbn1qpBrvp5RxY

Youtube Maysistah: https://youtube.com/@maysistah?si=5TxeMvmIw_3dcmPc

Apple music: https://music.apple.com/br/artist/maysistah/1543583332

Kwai: https://k.kwai.com/u/@MaySistah/CxRPgsjU

Tik tok: Tok
https://music.tiktok.com/artist/MaySistah-6904149676838295554

MC SP Reggae Fest – Praça da Sé — Dez/17

Apresentou ao lado de Luana Hansen o evento com G artistas como Planta e Raiz, Zabah Bush (BA), Ambulantes, David Hubbard & QG Imperial, Mato Seco, Denise D ́Paula, Rude Mama e Nyahbinghi. 2’43’’ no link abaixo: https://www.facebook.com/portalras/videos/1758182354255728/?v=1758182354255728

MC Reggae Expo Click, Galeria Olido — Dez/2018: Apresentadora no encerramento todos os artistas, fotógrafos e produtores participantes receberam o certificado, encerrando com show da banda Mato Seco. Evento aconteceu sempre no último sábado de cada mês (de agosto a dezembro) com quatro fotógrafos e duas bandas por dia: https://www.instagram.com/p/Bq_KJuAn9EE/

Multi-instrumentista – Forró DiDaDó — Dez/17. Coletivo é formado por mulheres que trazem músicas autorais e releituras de obras consagradas do Forró Pé de Serra: Https://www.jornalspnorte.com.br/domingo-de-forro-na-casa-de-cultura-tremembe/

https://youtu.be/77Azv39Nfg4?si=QAOiPFc6aPvYcF-e

MaySistah: single Reggamente – Participação Sistah Mari – https://youtu.be/4IxDHxiqMkw

| Single Felicidade (vou com Jah): https://youtu.be/JSe0w9BCCFE

| Quer saber se tocamos bem?  Assista: https://youtu.be/4ONrlYucprw

| livestteping out – releitura steel pulse com freestyle em português no meio… Nesse mostramos a nossa musicalidade como banda de apoio projeto – Elas cantam Marley com Denise d´Paula, Sistah Mari, Odisseia das Flores e Talita Cabral:  https://youtu.be/smBaMi38O64 por Filme Zero

| Clip com Tassia Reis e RapPlusSize: https://youtu.be/ar16kIFWERI

| Início do show na Galeria Olido, introdução e releitura da música mixup com improviso e introdução: https://youtu.be/5fEAsUm9A6k


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1 thought on “MaySistah

  1. Que sensacional! A artista tem projeto de reggae, forró e RAP. Bom demais! Parabéns aos envolvidos.

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