Elaine Alves

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Elaine Alves iniciou sua trajetória na música no bairro do Cambuci onde passou grande parte da sua infância e adolescência , gravando seu primeiro disco como vocalista e backing vocal na banda “Raça Humana” (2004-2009), já com influência de reggae, rap e rock.

Vocalista e compositora na “Banda Ambulantes” lançando os singles ‘Mulher Brasileira’, ‘Run’, ‘Them Man Nah Ready’ (feat David Hubbard) e ‘Luta’, com letras que trazem a voz das mulheres suas opniões críticas e políticas, grito de revolução necessário nos dias atuais.

Participou de eventos e projetos, como: Virada Cultural SP 2017 e 2018; SP Reggae Fest; Dia Municipal do Reggae, Turnê ‘Pela Cidade’ (cantando com diversas cantoras reggae e rap nacional).

Lançou seu primeiro vinil com a banda Ambulantes intitulado “Colheita” (2022), com mixagem e versões DUB feitas pelo reconhecido produtor Victor Rise.
É cantora na ‘Banda Peabiru’ com álbum intitulado “Da Juréia ao Himalaia” (2023), gravado no estudio Big Rec em São Paulo. A banda desenvolve um trabalho de pesquisa musical sobre a obra dos irmãos Antonio Bruno e Ernesto Zwarg. Com o show ‘Cantos do Litoral’ se apresentou no Festival Inverno Quente de Guaraú – Peruíbe e no Teatro Eva Wilma em Itanhaém; com show de lançamento do álbum na Casa de Cultura Brasilândia.

É também integrante como cantora, corista e sambadeira do grupo “Garoa do Recôncavo” do Centro Cultural Mestre Ananias no Bexiga, com um trabalho tradicional de Samba de Roda e Samba Chula que resgata as tradições culturais das Mestras e Mestres do Recôncavo Baiano, participando de apresentações como ‘Ciclo Junino Casa Mestre Ananias’ (SESC Paulista, 2022); Samba Garoa do Recôncavo recebe Raízes de Acupê – BA (SESC Consolação e SESC do Carmo, 2022); Encontro de Louceiras: Modelando Gerações com Dona Cadu (SESC 24 de maio, 2023).

Participou na produção musical e gravação do álbum “No Rio dos Navegantes” (2022) do artista Jaguarana, na composição dos arranjos de backings vocals. Integra a banda como backing vocal no show de lançamento do CD “Impermanência” da grande artista do reggae nacional Tati Portela, em São Paulo (SESC Belenzinho, 2022).

Compõe a banda do grande artista Zé Orlando, cantor, compositor, radialista, produtor, ex-integrante e um dos fundadores da banda ‘Tribo de Jah’. Participando do show de estreia do álbum intitulado “Pedra Rara” gravado e apresentado ao vivo no Estúdio Show Livre, 2023.

Conta participação na gravação do single “La Sonrisa Inteligente” do artista cantor e multi-instrumentista colombiano Pipe Onofre, banda Vibra Terra, e no single “Para, Locos” do artista de Rap nacional Nelson Tobias.

É também Capoeirista e atua como professora no “Grupo Quilombolas de Luz”, onde ministra aula para mulheres e iniciantes de todas as idades, em Bela Vista, São Paulo. Atua ainda em apresentações artístico-culturais de cunho socioeducativo dialogando com o universo da África no Brasil, Capoeira, suas historias e fundamentos – espetáculo ‘Odara’ (Teatro Mars 2019), atuando também na CIA Alcina da Palavra com o projeto infantil “Capoeirando – Brincar de Capoeira” (SESC Pompéia e SESC Paulista, 2022/2023).

Segue abaixo entrevista exclusiva com Elaine Alves para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08/10/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Elaine Alves: Nasci no dia 22/07/1984 em São Paulo. Filha de Célia e Manoel e registrada como Elaine Alves Fonseca.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Elaine Alves: Primeiro contato com a música foi em casa, imaginando a rítmica da chuva, os sons dos ventos ao redor da casa e pelas copas das árvores, os pássaros que eu tinham privilégio de ouvir pela manhã. E quando a minha mãe (Célia) estava alegre, ela que era bem eclética cantava músicas gravadas por: Miriam Makeba, Martinho da Vila, Edith Piaf, Elis Regina, Clara Nunes, entre outros. Tínhamos uma vitrola e poucos discos, então as músicas de algumas vivências como a igreja e o terreiro se faziam bem presentes em minha casa.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Elaine Alves: Sou formada bacharel/licenciatura em Educação Física e Pós-graduada em Treinamento Físico Personalizado. Na música sou autodidata.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Elaine Alves: Acredito que, o que ouvia de pop nas rádios, na televisão muitas vezes comprados pelas mídias com composições que falam de uma realidade distante da que vivemos, rítmicas sem fundamento e apelações em geral; são músicas que eu não escuto no meu dia a dia.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Elaine Alves: Comecei a cantar como backing vocal e tocar percussão em uma banda de reggae “Raça Humana” que tem influências do RAP e Rock no bairro do Cambuci – SP. Em 2020, gravamos e lançamos uma demo no estúdio Spectrum no bairro Ipiranga – SP, com a arte de capa realizada pelos grafiteiros “Os Gêmeos”, artistas reconhecidos mundialmente amigos e moradores do Cambuci.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Elaine Alves: Em 2020, um álbum com a banda Raça Humana – “Quem Garante?”, gravado no Estúdio Spectrum. Em 2022, o álbum vinil – Colheita com a banda Ambulantes, no Estúdio Traquitana e Victor Rice (mixagens e masterização). Em 2023, o álbum Peabiru – “Da Jureia ao Himalaia”. O álbum tem como trabalho de pesquisa musical a obra dos irmãos Antonio Bruno e Ernesto Zwarg, gravado no Estúdio Big Rec. Em 2024, Semente Cascão, no Estúdio Alvorada.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Elaine Alves: Defino através do todo que me toca espiritualmente, brasilidade e seus fundamentos são a base.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Elaine Alves: Não estudei técnica vocal, o meu estudo é com a prática do cantar profissionalmente.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Elaine Alves: Acredito beneficiar todo o processo, antes durante e depois; trazendo mais confiança, facilidade e melhores resultados. Previne lesões e fortalece toda musculatura utilizada no canto.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Elaine Alves: Juçara Marçal, Elis Regina, Elizeth Cardoso, Teresa Cristina, Miriam Makeba, Spanky Wilson, Rita Marley, Mercedes Sosa, Whitiney Houston, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Olga Guillot e La Lupe, Djavan, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Nelson Cavaquinho ,Don Carlos, Bob Marley, Burning Spear, Peter Tosh, Stevie Wonder.

Lembrando que esses cantores que me influenciam são famosos, eu poderia escrever uma lista de mais de 50 nomes que não são conhecidos; pessoas de diversas culturas regionais e manifestações culturais que não aparecem nas grandes mídias são as minhas maiores inspirações! Nas rodas da vida onde as grandes mídias não chegam.

11) RM: Como é o seu processo de compor?

Elaine Alves: Depende, às vezes escrevo uma letra e consigo pensar nela em uma melodia (existente ou não). Algumas vezes o processo de compor em uma melodia já existente apenas flui. Acredito que seja algo que eu goste de fazer com tempo e sozinha. Caso a composição seja em conjunto eu prefiro que seja como algo divertido e fluido sem cobranças.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Elaine Alves: Normalmente faço minhas composições sozinha ou em alguns casos com os meus parceiros de banda.

13) RM: Quem já gravou as suas músicas?

Elaine Alves: Quando comecei a cantar com a Ambulantes gravamos “Mulher Brasileira”, música escrita por mim, um sonho realizado.

14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Elaine Alves: Essa realidade independente é favorecida quando a pessoa tem estrutura, quando não, é uma realidade difícil e até mesmo distante dependendo do dia a dia dessa pessoa, com certeza é muito mais que desafiador o trabalho independente de um artista. É cruel.

15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Elaine Alves: Estudo, práticas como cursos e vivências fazem parte do meu dia a dia.

16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Elaine Alves: A dinâmica funciona nas nossas mídias digitais através dos registros de trabalhos feitos e dinâmica do dia a dia com trabalhos que ainda estão sendo elaborados

17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Elaine Alves: O auxílio da internet é certo nas demandas de divulgação, porém, sabemos o quanto essas mídias são manipuladas e limitam o acesso (caso você não pague por maior alcance) ou pelo próprio algoritmo.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Elaine Alves: Estar em um ambiente mais pessoal do home estúdio com certeza nos deixa mais à vontade, a dinâmica em relação a criação, processo de gravação traz comodidade, independência aliado a profissionais com experiência é perfeito.

19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Elaine Alves: Acredito que é necessário manter a essência, mesmo com tantas referências, modelos e ideais.

20) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Elaine Alves: Djavan é uns dos maiores exemplos de profissionalismo qualidade artística. Tem um DVD ao vivo onde ele caminha tranquilamente até um integrante e diz os acordes certos, ele esperou até o solo depois da metade da música ser tocada para dizer com toda calma que o músico estava errado (na gravação de um DVD detalhe). Ele usou mais do que elegância, usou humildade. Eu não faço ideia se ele é humilde no dia a dia ou com seus colegas de trabalho, mas ali ele foi (e tinha tudo pra não ser).

21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Elaine Alves: Das situações citadas na pergunta já passei de tudo um pouco, estou aprendendo. Mas tem situações que é melhor nem comentar.

22) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Elaine Alves: O que me deixa mais feliz é quando sou valorizada de diversas formas, seja profissionalmente, financeiramente, afetivamente ou respeitosamente. Quando você ouve alguém dizer que a sua música fez diferença no dia dela, quando alguém te pede pra cantar e você sente que é ferramenta divina e os ancestrais te usam pra mudar pra melhor a energia daquela pessoa. O que me deixa triste são algumas posturas e condutas que não condizem nem de perto com a entidade sagrada que é a música.

23) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Elaine Alves: Eu não acredito que sem o pagamento do jabá dar pra tocar nas rádios de grande audiência, porém se o cabra estourar…

24) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Elaine Alves: Vai na fé, acompanhado às vezes é melhor, mas independente de qualquer coisa não deixe de acreditar em você.

25) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Elaine Alves: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é sabotada e comprada!

26) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Elaine Alves: São espaços que gosto e frequento desde criança com meu pai (Manoel) e traz acessibilidade para o público e para os artistas. Eu gosto dessa interação que essas instituições promovem. Mas precisa melhorar e muito na parte burocrática e ser mais acessível para artistas de todos os lugares, principalmente artistas periféricos que queiram se apresentar.

27) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Elaine Alves: As bandas e todo um legado artístico de décadas atrás, se não tocam, deixaram uma riqueza imensa de músicas independentes com estilos, gírias, vivências e histórias. E pra mim, são atemporais. E as bandas que têm todo um legado e ainda estão na ativa, dá-lhe! Pra cima deles meus camaradas! Máximo respeito!

28) RM: Você é Rastafári?

Elaine Alves: Não sou rastafári, mas conheço a cultura.

29) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?

Elaine Alves: Acredito que em sua essência e fundação, o reggae também é rastafari, fora outras influências que o reggae incorporou ao longo de seu caminho.

30) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Elaine Alves: Sinto que existe uma desvalorização do Reggae no Brasil, assim como outras vertentes que são em sua maioria músicas do povo preto.

31) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?

Elaine Alves: Os prós do formato Sound System é o pessoal próximo, mesmo nível trocando energia e tudo acontecendo ao vivo. Os contras é que eu ainda não recebi convite para cantar no Sound System. Chama! (risos).

32) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?

Elaine Alves: Mesmo eu não tenha experiência cantando no formato Sound System, eu imagino ser bem diferente as duas experiências de apresentações.

33) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?

Elaine Alves: É quase como dedução, as pessoas associam fervorosamente. E de novo tem a ver com racismo, ignorância e falta de informação.

34) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?

Elaine Alves: O reggae está diretamente ligado com o rastafári, são alicerces. O Rastafári fundamenta a transformação espiritual, social, identitária e consciente de um povo que luta e tenta se libertar contra toda escravidão mental, física e territorial. O Reggae é o instrumento que leva essa mensagem.

35) RM: Quais os seus projetos futuros?

Elaine Alves: Por enquanto apenas com alguns projetos pessoais.

36) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Elaine Alves: [email protected] | https://www.instagram.com/nanniquilombola

Elaine Alves (Ambulantes) Mulher Brasileira: https://youtu.be/ZUBC_4YZKcE?si=UfnbQnq0oHPTA0_4

Elaine Alves (Peabiru) Da Jureia ao Himalaia: https://youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kkZAzy2br195MbKAR2hmCzJxhXk1Vm474&si=fKM0RRx0Vx5g-rCW

Elaine Alves (Pedra Rara) Ao vivo Show Livre: https://youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kkZAzy2br195MbKAR2hmCzJxhXk1Vm474&si=fKM0RRx0Vx5g-rCW

Elaine Alves (Semente Cascão) Live Session: https://youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kkZAzy2br195MbKAR2hmCzJxhXk1Vm474&si=fKM0RRx0Vx5g-rCW


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