DJ SCARIN iniciou sua vivência na cultura Hip-Hop em 1994, aos 14 anos de idade, mais como fã e admirador dessa vasta e importantíssima cultura.
Acompanhou a trajetória de vários grupos de RAP nacional, frequentou a maioria dos bailes e salões do gênero na época, desenvolvendo assim seu grande sonho de fazer parte desse movimento. Almejou a carreira de DJ, tendo como inspiração e referência grandes nomes do RAP mundial, tais como Run Dmc, Public Enemy, DJ Hum, Erick Jay.
A partir dos anos 2000 conseguiu avançar rumo ao seu grande sonho, começando como divulgador de grupos de RAP na cena independente, conquistando em 2023 o troféu “Arte em Movimento”.
Com o conhecimento adquirido ao longo desses anos, acabou selando muitas amizades com grandes nomes da cena independente, surgindo assim a oportunidade de atuar como DJ no grupo “Conexão Revolucionária”, sendo hoje o DJ oficial do grupo, além de atuar solo em muitos eventos da cena e já produzir alguns trabalhos, esses ainda para projetos futuros.
Segue abaixo entrevista exclusiva com DJ SCARIN para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 29/09/2029:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
DJ SCARIN: Nasci no dia 07/11/1980 em São Caetano do Sul. Registrado como Adilson Dias Scarin.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
DJ SCARIN: Desde muito novo, fui cercado por parentes mais velhos com preferências musicais bem peculiares, como rock progressivo, punk rock e dance música. Contudo eu sempre me interessei nos clipes do programa Clip Trip, principalmente o clipe da música da banda Aerosmith feat Rum DMC, de onde despertou meu interesse pelo RAP, de modo geral, vim de uma família bastante musical.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
DJ SCARIN: Formado pelo SENAI como eletricista de manutenção. Musicalmente posso me dizer formado pelos meus gostos e vivências. Fora da música, eu trabalho como eletricista um hospital de grande porte de São Paulo.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
DJ SCARIN: De uma maneira geral, sou muito influenciado pela ideologia do punk rock, mais também tenho muita influência do reggae. Tenho também muita influência da soul música, e de modo geral algum estilo musical que agregue a busca por uma sociedade mais justa, como por exemplo mangue Beats. Sendo assim nenhuma deixou de ser importante para mim.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira de DJ?
DJ SCARIN: Em meados de 2023, com um convite do vocalista principal do grupo “Conexão Revolucionária”.
06) RM: Quais motivos levaram você escolher o repertório do RAP?
DJ SCARIN: A grande influência do punk rock e a semelhança na luta contra a desigualdade social. Fora as batidas que achei alucinantes.
07) RM: Como você escolhe o seu repertório?
DJ SCARIN: Principalmente pela letra da música, desta maneira a maioria do meu repertório é do RAP Nacional dos anos 90. Tenho bastante apareço pelo RAP gringo, principalmente pelo latino-americano.
08) RM: Você é colecionador de disco?
DJ SCARIN: Não vinil, mas CDs que tenho vários.
09) RM: Qual a importância do colecionador de disco?
DJ SCARIN: Possui uma grande importância no armazenamento das memórias musicais de toda cultura.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
DJ SCARIN: Raul Seixas, Chico Science, Eduardo Taddeo, Thaíde, Gog, Tim Maia Belchior, Elton Jonh, entre outros.
11) RM: Apresente seu set up equipamentos.
DJ SCARIN: Meu equipamento é bastante simples, onde tenho um notebook com o programa Serato, uma controladora número, os quais eu levo em uma mochila para todo lugar.
12) RM: Quais são seus principais equipamento para começar a função de DJ?
DJ SCARIN: Almejo e vou conseguir chegar ao patamar dos DJs da São Bento, ou até mesmo ter um equipamento semelhante aos dos grandes DJs do país, contudo o meu equipamento básico por enquanto supre as minhas necessidades, principalmente de logística.
13) RM: Quais as diferenças de entre usar um notebook como tocador de mp3 através de um programa como toca discos e os próprios toca discos?
DJ SCARIN: A diferença principal em minha opinião é a raiz da profissão de DJ. Pois você está tocando com duas Pick-ups e um Mixer com os vinis denota a raiz do movimento. Esta primeira forma de tocar é a mais admirável e bela demonstração da arte de um DJ.
O uso da tecnologia é muito válida, pois ajuda DJs iniciantes conseguirem seus primeiros contatos com as mixagens e ajudam muito no desenvolvimento de sua criatividade. Desta maneira, ambos os jeitos de tocar, são importantes.
14) RM: Quais os melhores periféricos e indispensáveis para o DJ?
DJ SCARIN: Um bom computador, com uma boa memória ram, processador, HD e alguns programas para realização das mixagens e suas gravações. E fácil para o manuseio e instalação para facilitar na logística.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira de DJ?
DJ SCARIN: Em Mauá – SP, ajudo na organização e divulgação do projeto Quilombo Hip-Hop e continuo divulgando e participando de vários eventos independentes da nossa cultura. Estou mais ligado na cena independente e procuro ajudar todos da cena através dessas divulgações.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira de DJ?
DJ SCARIN: A internet ajuda na divulgação do meu trabalho e do grupo do qual pertenço. Ajuda nas pesquisas musicais e na criação de Beats no qual estou começando a fazer. A internet atrapalha na exposição nas redes sociais, que atrai pessoas de caráter duvidoso, muitos golpistas e pessoas que buscam apenas sua utilidade e não seu talento.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
DJ SCARIN: Existe uma gama enorme de programas para download e imensos tutoriais, nos quais podemos nos tornar autodidatas. Inclusive estou produzindo alguns Beats e dentro em breve iniciarei os estudos do FL Studio. As desvantagens é que devemos tomar cuidado é com o plágio, e a questão de o algoritmo silenciar algumas de suas criações ou até mesmo suas lives.
18) RM: O que você faz efetivamente para se diferenciar como DJ e dentro do seu nicho musical?
DJ SCARIN: Uso a minha criatividade, acima de tudo. Procuro referências, mas faço meus trabalhos deixando meu toque pessoal, minha marca registrada.
19) RM: Como você analisa o cenário musical para o DJ. Em sua opinião quais os DJs foram as revelações nas últimas décadas e quais regrediram?
DJ SCARIN: Dentro do movimento Hip-Hop, o DJ é a peça-chave, pois é um dos quatro elementos do movimento. Porém nos anos 90 observamos que era raro o público saber o nome do DJ, ou até conhecer o seu rosto. Era colocado no fundo do palco, sem nenhuma chance de destaque. É algo semelhante com o que acontece hoje em dia.
Contudo no cenário atual estão reduzindo o DJ a um mero “tocador de Beats”. Nos eventos da atualidade a quantidade de grupos acaba sendo grande e o tempo curto, assim, o DJ não tem a oportunidade de demonstrar o seu lado artístico verdadeiro, com as suas mixagens, colagens e Beats produzidos. Eu tenho essa visão da cena independente.
20) RM: Quais os DJs já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
DJ SCARIN: DJ Smokey Dee, DJ Erick Jay, DJ Hum, Erick 12 (Esse também como produtor).
21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
DJ SCARIN: Falta de condições técnicas para o show é sempre decorrente na cena independente, porém temos que nos virar nos 30, literalmente. Certa vez uma senhora me pediu para tocar músicas da Annita, sendo que o evento era de RAP nacional. Já toquei em palcos de madeira, e até no chão de terra, mas o que vale é a qualidade do nosso show e a satisfação do público.
22) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira de DJ?
DJ SCARIN: O que me deixa mais feliz é estar fazendo o que eu sempre quis desde a minha adolescência, mesmo se tiver apenas uma pessoa no local. E o que me deixa mais triste, como eu já disse são os oportunistas, interesseiros, que observam apenas nossa utilidade, e não a qualidade.
23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira como DJ?
DJ SCARIN: Foque no seu sonho e não abaixe a cabeça para ninguém. E filtre sempre as críticas, pois nem todas são construtivas.
24) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
DJ SCARIN: De modo geral, a grande mídia brasileira seleciona a música que emburrece o povo. Música que exalta a falta de conhecimento e que não agrega nada na luta de classes. Dentro do Hip-Hop existe uma grande panela, em que somente os “grandes artistas”, têm a oportunidade de divulgação e melhores cachês nos eventos.
25) RM: O circuito de Bar na cidade que você mora ainda é uma boa opção de trabalho para o DJ?
DJ SCARIN: Depende da vertente que o DJ atua. Em Mauá – SP o circuito de Bar não é uma boa opção para DJ do RAP.
26) RM: Você acha que o DJ tomou o lugar do músico ou banda?
DJ SCARIN: DJ não tomou o lugar dos músicos. Vejo como um complemento de muito valor.
27) RM: Como você analisa o cenário do RAP no Brasil? Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
DJ SCARIN: Vejo o cenário do Rap Nacional dividido em dois, o cenário dos famosos artistas que estão levando vantagens em vários quesitos e nós, os artistas independentes, que lutamos e tiramos dos nossos bolsos para levar o RAP onde quer que seja.
Nos anos 90, eu vi grupos como Consciência Humana darem oportunidades para grupos que mais tarde tiveram uma grande importância no cenário do RAP Nacional, por exemplo, o grupo Armagedon e Holocausto. Creio que isso poderia ser mais recorrente.
Nas últimas décadas consigo destacar como revelações o projeto R.U.A do Nocivo Shomon, que aí da dá muita oportunidade aos independentes, e o projeto Rimando Com os Parças, que tem o mesmo objetivo.
O grupo Consciência Humana, é um dos poucos que permaneceram com uma obra constante, duradoura e não fugiram da sua real ideologia, assim como Eduardo Taddeo, Gog…
Agora falando em regredir…. Prefiro usar o termo “Fugir da ideologia, da essência do RAP”. Alguns grupos e Mc’s que antes se diziam não se corromperem ao sistema e a grande mídia, hoje em dia só participam de atos e eventos patrocinados pela grande mídia, que antes eles nos ensinaram a lutar contra. Alguns de muitos exemplos: Racionais MC’s, MV Bill, entre outros.
28) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?
DJ SCARIN: O Sound System faz parte da criação do Hip-Hop vindo da Jamaica, algo muito importante e primordial para o nosso movimento. Contudo eu nunca usei esse tipo de formato.
29) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?
DJ SCARIN: O Conexão Revolucionária não usa banda, somos um grupo que já temos as nossas bases musicais pré-estabelecidas e gravadas, mais observando grupos como Câmbio Negro e Pavilhão 9, posso dizer que o show se torna mais vívido, embora ambos têm a sua qualidade.
30) RM: Quais os seus projetos futuros?
DJ SCARIN: Musicalmente, me aprimorar na criação de Beats e dentro adquirir mais conhecimento em relação a produção musical, e aprimorar as minhas criações. Adquirir o famigerado toca discos e Mixer e me aprimorar no manejo deles. E continuar levando o RAP Nacional para todos os lugares possíveis.
31) RM: Quais seus contatos?
DJ SCARIN: https://www.instagram.com/adilsonscarin
Conexão Roots com DJ ADILSON SCARIN: https://www.youtube.com/watch?v=Ouh32HWvSvc
Conexão Revolucionária: https://www.youtube.com/@conexaorevolucionariaofici3359