O produtor executivo e musical, projetista acústico, engenheiro de áudio e guitarrista paulistano Conhecido como Rodrigo Loli.
Atua no áudio desde 1996, formado em Engenharia Eletrônica com ênfase em Computadores pela FEI (atual UniFEI), completou 600 horas de especialização em áudio pelo RIT (Recording Institute or Technology) e cursou 9 meses de música no GIT (Guitar Institute of Technology), ambos programas do MI (Musicians Institute), em Los Angeles de 1998 a 1999. Em São Paulo, cursou especialização em acústica com certificação da USP (2002).
Nos EUA, participou de sessões de gravação do álbum de Derek Sherinian (Dream Theather) com Virgil Donati, Mike Mangini (baterista do Steve Vai), Ray Luzier (baterista do David Lee Roth), TJ Helmerich, Art Renshaw, Sloth e alguns artistas independentes.
Após dois anos no exterior, no final de 1999, retornou ao Brasil e ingressou no mercado publicitário onde gravou e mixou peças de importantes maestros e produtores da época com a participação de músicos e cantores de destaque como Nelson Ayres, André Mehmari, André Abujamra, entre outros.
Na indústria fonográfica, trabalhou com dezenas de cantores, bandas e produtores de diversos estilos musicais, em mais de 200 projetos. Coordenou a equipe de técnicos, instrutores e produtores do Tonelada Estúdio e assinou colunas em revistas e sites especializados em áudio.
Presta também consultoria na criação de novas linhas e produtos de áudio, desenvolve projetos acústicos para estúdios, teatros, auditórios e para solução de problemas na indústria, comércio e residências. Atuou também, como especialista de produtos do grupo InMusic de 2012 a 2014.
Atualmente, trabalha como produtor musical e continua gravando, mixando e produzindo artistas independentes, especialmente na cena reggae: Mato Seco, Filosofia Reggae, Expressão Regueira, Leões de Israel, Mano Bantu, Motivo de Chacota, Reggae Style, Bighetti, Sistah Mari, Nazireu Rupestre, Sine Calmon, entre outras), rap (Código Fatal) e rock (ET Macaco, Letall, entre outras).
Em 2016, juntamente com outros parceiros, parceiras e coletivos, ajudou na formação do Fórum do Reggae SP. Desde 2018, desenvolve novas formas de vivenciar a música através de aplicativos para tablets e celulares, com foco em musicalização infantil.
Em 2021, sua empresa Muzer iniciou um experimento com NFTs através da intervenção de grafiteiros e artistas em uma casa modernista que seria demolida. Tiveram grande adesão com um total de 73 artistas e mais de 130 obras. O projeto recebeu o nome de Casa NFT e teve grande reconhecimento da mídia e do mercado artístico em geral unindo arte, tecnologia e inovação.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Rodrigo Loli para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 17/09/2025:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Rodrigo Loli: Nasci no dia 22/04/1973 em São Paulo – SP. Filho de Dorival Biaggi e Conceição Aparecida Saes Biaggi e registrado como Rodrigo Saes Biaggi.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Rodrigo Loli: Minha família não é de músicos, mas se reunia na casa da minha avó (Ana Biaggi) paterna nas datas comemorativas e sempre tinha cantoria. Meu tio (Afrodísio Leão da Silva) puxava as músicas no violão e o resto do pessoal cantava.
Com o passar do tempo, alguns assumiram o surdo, a caixa, pandeiro e instrumentos de percussão. Meu pai (Dorival Biaggi) um dia comprou um surdo e uma caixa e ficava tocando nós dois. Com uns 11 anos de idade ganhei um violão e aí nunca mais parei de tocar.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Rodrigo Loli: Eu estudei violão e guitarra em escolas de música e professores particulares durante a adolescência e até uns 20 anos. Depois entrei em bandas de blues e soul onde aprendi muito com músicos mais velhos.
Aos 21 anos (1994) montei uma pequena produtora de trilha sonora (Sincromusic) com um primo mais velho que eu (Araken Leão), eu tinha um computador e ele um teclado. Em 1998, resolvi voltar aos estudos e vendi minha parte da empresa e fui estudar nos EUA onde fiquei um ano e oito meses. Lá, estudei guitarra no GIT (Guitar Institute of Technology), conceituada escola de guitarra e completei um programa de 600 horas na área de gravação e produção musical.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Rodrigo Loli: Na guitarra, definitivamente é o blues. Minha primeira banda foi de blues com pessoas mais velhas. Ali aprendi muito sobre o instrumento. Já nas cantorias na casa de minha vó tinham muita música caipira, choro, samba e MPB.
Mas acho que a minha maior influência foi o rádio dos anos 80. Nessa época, meu pai comprou um aparelho de som e eu passava horas no rádio gravando e montando seleções em fitas cassete. Foi uma era áurea da música brasileira, rock nacional e o pop internacional. Na juventude ouvi e toquei muita MPB por causa das festinhas e churrascos. Enfim, bebi de muitas fontes.
O reggae para mim veio mais tarde quando entrei para o Mano Bantu (antigo Nego Banto em 2000. Hoje, é a música que mais ouço. Gosto também da música pop internacional atual pela riqueza de elementos e qualidade dos artistas, mas é algo mais de pesquisa do que de gosto pessoal.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Rodrigo Loli: Minha carreira musical começou aos 20 anos de idade (1993) quando entrei para uma banda de blues. Fechamos quatro semanas para tocar numa pizzaria que ia inaugurar no bairro. Depois disso, foram muitos anos tocando na noite e em shows.
06) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira como produtor musical e de áudio?
Rodrigo Loli: Em 1994, aos 21 anos de idade, montei uma pequena produtora de trilha sonora (Sincromusic) com um primo mais velho que eu (Araken Leão), eu tinha um computador e ele um teclado. Ele ficava mais nas vendas e eu mais na produção. Com o passar do tempo, fomos pegando trabalhos melhores e numa época chegamos a ter quatro funcionários.
Como eu nunca tinha tido estudo formal de música, isso sempre foi um desejo. Em 1998, vendi minha parte para ele e fui para os EUA estudar guitarra na GIT (Guitar Institute of Technology), mas a produção já era algo que pulsava mais no meu coração. Ingressei num curso de gravação e produção musical lá, gravei vários artistas independentes e adquiri muita experiência assistindo profissionais mais experientes.
A saudades do Brasil apertou e resolvi voltar. Ingressei na publicidade como técnico de som em uma das principais produtoras da época chamada Play it Again. Nessa produtora tinham alguns rapazes que tinham bandas de Black Metal e foi aí que tive minha passagem de volta à indústria fonográfica.
Fechei uma mixagem do álbum de uma banda conhecida na época chamada Nervo Chaos. Comprei um par de caixas de som e pedi as contas do emprego. Mixei uma leva grande de álbuns de Black Metal e fechei alguns trabalhos de publicidade como produtor que me davam mais recursos para investir na minha carreira.
07) RM: Cite alguns artistas que você já produziu? Quantos álbuns você atuou como instrumentista?
Rodrigo Loli: A minha carreira de produtor musical deslanchou mesmo no reggae. O primeiro álbum de reggae que produzi em conjunto com Gerson Conceição foi o Motivo de Chacota, depois veio Expressão Regueira, Filosofia Reggae (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/filosofia-reggae-original), Reggae Style, Dagô Miranda (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/dago-miranda). Todos feitos numa sala 3×4 que eu alugava dentro de uma produtora de vídeo em 2000-2001.
Com o grande volume de gente que eu trazia na produtora, eles me convidaram a sair de lá. Nessa época, fiquei vagando por estúdios até que construí o meu chamado Tonelada em 2002.
No Tonelada gravei e mixei muita gente do reggae, mas também rock, metal, pop, rap e gospel. Eu mixei muita coisa das coletâneas do Circuito Reggae e artistas como Sine Calmon, To Fly, Mato Seco, Nazireu Rupestre (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/andre-zr-da-nazireu-rupestre), entre outros tão importantes quanto. A lista é grande e não quero ser injusto por não mencionar todos.
Depois de fechar o estúdio em 2012, continuei produzindo em outros estúdios e em casa. Fiz o álbum da Denise D’Paula que cantou a música Sentimento Bom no primeiro álbum da banda Filosofia Reggae, música que estourou nas rádios em 2007 e foi a segunda mais tocada do Brasil.
Desde 2018, desenvolvi uma grande parceria com Alex Bighetti (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/alex-bighetti) que é um cantor, rimador e letrista extremamente competente. Produzi muitos singles com ele misturando reggae com outros estilos. Tem alguns outros como a Sistah Mari (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/sistah-mari) e Simples Mortal (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/douglas-reis-simples-mortal) que colaborei recentemente.
Como obra completa, o Mato Seco é a banda mais relevante da minha carreira no reggae, sem dúvida. Produzi os álbuns Resistência, Seco mas Não Morto, mixei vários singles e o Ao Vivo no CCPC, o especial Marley Experience e fiz a direção geral do DVD Pronto a Botar Fogo.
Como técnico de som, tem muita coisa que ouço hoje e ainda gosto, mas a música que considero minha melhor mix é uma chamada “Nós” do álbum NRG do Mano Bantu. O som de baixo e bateria é matador.
Não fiz muita coisa como instrumentista, mas eventualmente as bandas me chamavam para fazer uma participação na guitarra ou backing vocal. Outras vezes, eu tocava porque tinha faltado um detalhe na música e o músico não podia vir no estúdio.
08) RM: Você também cria melodia ou escreve letra para música? Quem são seus parceiros em criação de música?
Rodrigo Loli: No álbum do Mano Bantu, fiz algumas em parceria com o finado Gerson da Conceição (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/gerson-da-conceicao), meu maior professor e mestre no reggae.
09) RM: Qual sua relação profissional com o ritmo reggae?
Rodrigo Loli: Desde 2000, são 25 anos de história com a música reggae.
10) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil?
Rodrigo Loli: Durante 2016, contribuí bastante com muitos artistas e produtores na formação do Fórum do Reggae em São Paulo. Acho que isso trouxe uma nova força para cena reggae e permitiu que bons artistas se mantivessem ativos, mesmo em períodos de poucos eventos.
No geral, o artista independente no Brasil tem muita dificuldade de se manter somente com música. O reggae não é diferente. A cultura do brasileiro de consumir música cover sempre foi uma barreira grande para o crescimento do mercado independente.
Nesse cenário, os fomentos e os editais têm um papel muito importante para manutenção da existência de um leque de artistas maior. Com incentivo, novos álbuns são produzidos e apresentações são possíveis de serem realizadas com um mínimo de suporte financeiro que garante qualidade.
A última grande onda do reggae no Brasil foi com o Circuito Reggae e Encontro das Tribos, época que a juventude ia massivamente para assistir shows de reggae. Hoje, grandes eventos com reggae são bem mais escassos já que outros estilos musicais estão mais nas playlists do povo.
11) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Rodrigo Loli: Denise D’Paula é uma das melhores cantoras de reggae do mundo. Na cena, tem muitos outros cantores e cantoras que eu admiro e curto, mas como intérprete ela é muito completa.
12) RM: Como você analisa a relação feita do reggae com o uso da maconha?
Rodrigo Loli: Muitos dos ensinamentos do reggae são hoje cultuados e admirados. Um pastor uma vez me disse que o reggae fala de Deus tanto quanto no gospel. A alimentação, o respeito, a Bíblia, todos valores que constroem um mundo melhor.
A ganja é algo que foi criminalizado nos anos 60 pois aqueles que fumavam maconha não queriam ir para guerra e depois, nos anos 80, foi uma forma de encarcerar os negros e latinos no Estados Unidos e ter mão de obra barata dentro dos presídios, que perdura até hoje, inclusive no Brasil.
O uso da maconha do reggae não é só entretenimento, é reflexão e comunhão. Algo que falta muito no mundo moderno.
Hoje, a molecada fuma mais do que bebe, pelo menos aqui na minha região. Acho isso bom. É mais saudável como comprovam estudos publicados pelo governo britânico. Festa de reggae tem maconha e não tem briga.
A cada dia melhora porque alguns considerados marginais nos anos 70 e 80 levantaram essa bandeira e hoje com o acesso maior a informação as pessoas são mais esclarecidas sobre o que é bom e o que é ruim.
O melhor caminho da sociedade com relação ao tema deveria ser de informar e não de criminalizar. A diferença entre remédio e droga é a dose. Serve para café, vinho e para maconha também.
13) RM: Como você analisa a relação feita do reggae com a religião rastafári?
Rodrigo Loli: A adoração do povo da Jamaica por Haile Selassie (Ras Tafari Makonnen) foi algo surreal, um fenômeno. Eu não sou religioso, mas respeito todas as crenças. Acredito que as religiões sempre têm algo bom pra oferecer às pessoas. Como dizem, a fé move montanhas e pode mudar a vida de qualquer um.
Tive experiências boas e ruins com religião, mas, de certa forma, tenho restrições quanto a todas as agremiações. O poder corrompe muito as pessoas e os líderes religiosos devem ser muito fortes para conseguirem lidar com isso.
A religião rastafári combina muitos valores que me atraem e acredito que são hoje a base da minha conduta.
14) RM: Quais os prós e contras do artista desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Rodrigo Loli: Ser independente permite você molde sua arte da forma que quiser, mas toma muito tempo fazer todo o resto que vem com a carreira. Por isso muitos desistem no meio do caminho. Além disso, todo mundo precisa comer e pagar as contas. Sem um suporte financeiro e de estrutura, fica difícil.
15) RM: Em qual etapa da produção de uma música ocorre o processo de edição?
Rodrigo Loli: A edição acontece depois da gravação. Eventualmente, alguns erros precisam ser corrigidos ou partes da música eliminadas ou reordenadas.
16) RM: O editor pode cuidar de criação de som, caso algum som não tenha sido gravado por esquecimento ou falha técnica?
Rodrigo Loli: O editor não. Ele pode alertar o produtor e esse cuida de resolver a falha ou esquecimento. Se o editor e produtor for a mesma pessoa, aí sim ele vai acabar resolvendo.
17) RM: Hoje é importante que toda a música esteja sincronizada no tempo musical tendo como referência o metrônomo?
Rodrigo Loli: O sincronismo é importante porque torna a música mais profissional, mas o melhor é que isso aconteça na hora da gravação com uma boa execução dos músicos. Colocar tudo no metrônomo faz com que a música perca sua identidade artística e dependendo do estilo pode transformar a música em algo totalmente diferente.
18) RM: Hoje ainda se grava música com o tempo/pulso dos compassos mais livre e solto?
Rodrigo Loli: Alguns estilos como punk e orquestral, são livre, mas a maioria das músicas são gravadas com click do metrônomo. A consistência no andamento é importante para música soar mais profissional, além disso facilita muito eventuais correções que sejam necessárias fazer. Nem sempre o orçamento de gravação independente permite ficar no estúdio por horas até a tomada perfeita.
19) RM: Qual é a maior dificuldade de se afinar a voz e instrumento musical artificialmente usando softwares de correção de afinação?
Rodrigo Loli: Quando o cantor não canta com firmeza ou a voz é muito imatura. Afinar instrumentos não é algo tão comum. O melhor e mais rápido é regravar.
20) RM: É permitido ao editor de áudio, através de seu conhecimento musical, criar caminhos diferentes de afinações de vozes ou instrumentos a partir de uma nota que foi gravada. Um cantor emitiu a nota Do, mas o editor percebeu que harmonicamente um Ré soaria melhor. O editor de áudio tem liberdade para fazer essa mudança ou tem que consultar outros músicos ou maestros envolvidos na produção?
Rodrigo Loli: O editor não tem liberdade, mas o produtor sim. É importante sempre ter o aval do artista porque afinal é o trabalho dele.
21) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Rodrigo Loli: O home estúdio é importante pra experimentação. Eu trabalho muito em casa e isso me dá liberdade de tempo pra testar muitas coisas, mas o ambiente de estúdio profissional é melhor pra concentração. Em casa, tem muita distração.
22) RM: Quais as principais diferenças e semelhanças da gravação de música no passado e no presente?
Rodrigo Loli: Hoje, muitos músicos trabalham remotamente. É bom pela agilidade e pela otimização dos custos, mas acho que o trabalho perde no debate das ideias e a criatividade fica restrita. Além disso, a unidade sonora só acontece com todo mundo junto.
Em gravações de banda, gosto de ensaiar bastante antes de ir pro estúdio gravar. Assim criamos a unidade sonora antes. E gosto de fazer as tomadas de bateria, baixo e guitarra base junto para dar um som de banda no resultado. Fica mais orgânico e cria-se uma identidade.
23) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram no processo de gravação de música?
Rodrigo Loli: Músico que surta não consegue tocar direito é muito comum.
Muitas bandas melhoram muito em todos os aspectos durante o processo de gravação, mas algumas acabam também.
24) RM: Qual a postura ideal do músico e cantor (a) na hora da gravação?
Rodrigo Loli: Não chegar atrasado, desligar o celular e não falar ou comentar enquanto outro músico grava. Cantor tem que chegar descansado. Dormir bem nos dias que antecedem a gravação. Isso demonstra respeito pelo trabalho.
25) RM: Existe uma sala específica para captação de voz?
Rodrigo Loli: Não pode ser muito pequena porque cria um reforço de médios graves que fica ruim de corrigir na mix. Não pode ser muito viva, tipo banheiro porque a ambiência que é captada no microfone não pode ser removida na mix.
26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira de produtor musical?
Rodrigo Loli: Primeiro, siga seu sonho e faça pelo menos uma coisa nesse sentido todos os dias. Segundo, não largue seu emprego. Suporte financeiro permite você insistir por mais tempo e isso aumenta suas chances de obter resultados. Terceiro, se envolva com pessoas que fazem música.
27) RM: A melhor mixagem dependente diretamente da boa captação da gravação?
Rodrigo Loli: Total. Tente fazer uma sopa com ingredientes ruins. Não dá certo. Execução do músico, qualidade do instrumento, qualidade dos cabos, qualidade do equipamento. É uma somatória. Quando menos você perde no caminho, maior é o resultado.
Mas tem algo muito importante que tenho que mencionar. Muitos técnicos e produtores mexem muito no som, mas não ouvem pra entender se é ou não necessário.
Depois de tantos anos mixando, minhas sessões de mix tem menos efeitos e plugins do que no início de carreira. Com os quilômetros rodados, os técnicos tendem a usar menos recursos. Quando você manipula menos, o som dos instrumentos ficam mais cheios. Essa ciência é aprender quando não mexer.
28) RM: Existe a masterização da música para uso nas plataformas digitais e para gravação de um CD físico?
Rodrigo Loli: Sim. A masterização é por definição o processo que cria o arquivo para determinado meio. Os arquivos finais podem ter especificações diferentes e o tratamento do áudio também.
29) RM: Quais os prós e contras do uso de VST e VSTi pelo editor de áudio?
Rodrigo Loli: VST são os plugins para processamento do som e VSTi são plugins de instrumentos virtuais. Existem outros padrões para as mesmas funções com AU, AAX, RTAS e outros. Os plugins são quem abrem um universo de possibilidade para criar e melhorar o som das músicas. O contra é que alguns técnicos e produtores acabam mixando com os olhos no plugins e não com os ouvidos nas caixas de som.
30) RM: O que é mais importante é o tamanho do estúdio ou o conhecimento do editor de áudio?
Rodrigo Loli: O conhecimento é muito mais importante. Um bom produtor e técnico de som conseguem atingir resultados excelentes com equipamentos mais simples. Ferrai sem piloto anda igual Fusca.
31) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Rodrigo Loli: A internet só ajuda. O acesso ao conhecimento hoje é absurdo. Eu tive que estudar fora para ver uma produção de nível mundial. Hoje, você tem tudo no Youtube. Todo dia tem coisa nova lançando, com recursos de um clique em coisas que você demorava horas para resolver. Além disso, o feedback é mais amplo e a expansão de qualquer trabalho independente vai muito longe.
32) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Rodrigo Loli: Feliz é ver um artista no dia do lançamento. É a consolidação de um sonho e de muitas horas investidas em um trabalho. Esse dia tem um significado especial pra ele e eu me sinto privilegiado de ter participado desse processo incrível que é a gravação de um álbum ou de uma música.
Triste é ouvir gente falando mal e julgando qualquer trabalho artístico. A verdade de cada um deve ser respeitada sempre. Existe uma luta por trás de uma da música independente e o resultado é só a ponta do iceberg. A construção de uma obra é algo muito mais profundo do que o lançamento. O mais importante é o processo da criação musical e gravação e algumas pessoas não entendem isso.
33) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Rodrigo Loli: A aptidão sempre existe, mas isso tem a ver com o funcionamento do cérebro. Por questões genéticas, a gente vai prestar mais atenção em certas coisas do que outras e, dessa forma, vamos desenvolver certas habilidades mais do que outras.
Lares musicais vão criar crianças com mais repertório, noções de afinação e desenvolvimento muscular e de memória muscular maiores. Com exposição continuada, esse lar gera indivíduos que podem ser considerados pessoas com “Dom Musical”, mas isso tem a ver com exposição e absorção. É comprovado pela neurociência.
34) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Rodrigo Loli: Improvisação tem a ver com vivência musical. Quando mais você toca, escuta, maior é o seu repertório para recriar uma execução a cada vez que você toca. É um elemento importantíssimo porque a experimentação é que gera o extraordinário.
35) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Rodrigo Loli: Sim, porque na improvisação acontecem erros que são acertos ou caminhos não pensados ou vividos anteriormente.
36) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Rodrigo Loli: Muitos prós. Você cria algo que é seu baseado nas suas vivências. É autoral. Como contra acho que algumas pessoas sem vivência usam sua imaturidade pra justificar coisas que soam mal mesmo.
38) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Rodrigo Loli: Todo estudo é importante e agrega a qualquer músico e artistas. Só não gosto que um método seja usado como guia. Cada um é a somatória de suas vivências e não aquilo que disseram para ele ser.
39) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Rodrigo Loli: Primeiro, siga seu sonho e faça pelo menos uma coisa nesse sentido todos os dias. Segundo, não largue seu emprego. Suporte financeiro permite você insistir por mais tempo e isso aumenta suas chances de obter resultados. Terceiro, se envolva com pessoas que fazem música.
40) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário do reggae?
Rodrigo Loli: A cobertura feita pela grande mídia do cenário do reggae é com preconceito. Na época do Circuito Reggae, com centenas de festas e eventos de reggae pelo Brasil, não tinha cobertura da grande mídia. Bunda e bebida vende mais. É isso que passa na TV.
41) RM: Qual os prós e contras de ser músico instrumentista?
Rodrigo Loli: Baixa remuneração e poucas oportunidades. É difícil manter uma família sendo músico. O bom é que é uma profissão gostosa de exercer.
42) RM: Quais os projetos futuros da LoliAudio?
Rodrigo Loli: Eu continuo atuando como produtor lançando novos artistas e ajudando projetos e sonhos serem realizados. Meu conhecimento do sistema como um todo, me ajuda a mostrar oportunidades para os artistas que estão perto de mim. Música é a minha vida e não sei fazer outra coisa.
Tenho também feito música para criança com o objetivo de ampliar o espectro sonoro e fomentar a diversidade cultural brasileira. O futuro depende de como criamos nossas crianças.
43) RM: Quais seus contatos?
Rodrigo Loli: [email protected] | https://www.instagram.com/loliaudio
Canal: https://www.youtube.com/@loliaudio952
Playlist: https://www.youtube.com/watch?v=Y0ShhCcy6uw&list=PLBD69J5tf9SBeoTtUcZtlCFv-x0rztHy1
Gostei da entrevista, trouxe um profissional do cenário musical com ampla visão e conhecimentos técnicos, elucidando a importância de uma trajetória profissional bem estruturada.