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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

DJ Rick

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O DJ paulistano Rick, em 2005, iniciou sua carreira de DJ, tocando em praças na capital paulista, festas particulares, clubes e no interior de São Paulo (Mairiporã e Atibaia) e na região metropolitana (Guarulhos). Tocou em festas em Valparaíso de Goiás – GO e Brasília – DF.

Realizou diversas viagens pelo Brasil, garimpando raridades em LPs, compactos, DVDs e livros, mantendo contato com grandes colecionadores do país como: Ras Alvim (Pará), Ademar Danilo, Jorge Black, Marcos Vinícius (Maranhão), Rubinho Star, Canuto Lion, Cabeça de Leão, Paulinho, Bandit Dubwise (Ceará), Danilo, Greg, Stranjah, Yellow P, Dario Andy, Gerson, Alemão, Andrea Soriano, Jamil (São Paulo). Em seu acervo, possui em torno de 500 discos, entre LPs e compactos.

Em 2015, publicou o livro “Imortais do Reggae”, em que resgata a história de grandes artistas e personalidades que de alguma forma são ligadas ao reggae e que já faleceram. Além da biografia de cada artista, banda também está incluída a discografia.

Segue abaixo entrevista exclusiva com DJ Rick para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 15/09/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

DJ Rick: Nasci no dia 28 de fevereiro de 1982, no Hospital Cruz Azul, no bairro do Cambuci em São Paulo. Registrado como Richardson Roberto Santos.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

DJ Rick: Meus pais (Sebastiana Domingues dos Santos e Pedro João dos Santos) tinham uma coleção incrível de LPs, compactos, fitas K7 e desde a minha infância tive a oportunidade de ouvir grandes artistas.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

DJ Rick: Fiz aula de canto na FATEC, porém apenas o básico, justamente para conhecer melhor o mundo da música. Minha formação acadêmica: Ensino Médio Completo.

Em 2013, fui contratado para trabalhar na residência de Zico e Chico, que são um dos maiores vendedores de discos do Brasil.

Na época, eles tinham em torno de 50 mil LPs, 20 mil compactos e 15 mil CDs. Eu era o responsável por limpar cada item, trocar plásticos externos e internos, trocar as capas de acrílicos dos CDs, catalogar e atender clientes do Brasil, Europa e da Ásia.

Dentre esses clientes, conheci o DJ Nuts, DJ Marky, Joel Stones (brasileiro e proprietário da loja Tropicália In Furs nos Estados Unidos) e viajava com o Zico e Chico para feiras e eventos, vendendo as raridades e fazendo novos contatos.

Inclusive eu já vendi um LP do cantor Emílio Santiago para o jornalista Régis Tadeu. Participei de grandes Feiras de LPS, fui ao Rio de Janeiro em três grandes eventos (Shopping Downtown, Instituto Bennett e América Futebol Clube) e em São Paulo (Feira do Tangerino e MIS).

Também representei por um evento a loja Tropicália In Furs. Sou grato a Deus por essas oportunidades que tive, pois conquistei um vasto conhecimento em música, principalmente em discos, aprendendo desde a limpeza correta, até informações das fichas técnicas de cada álbum (ano de lançamento, prensagem, selo, etc).

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

DJ Rick: Sou bem eclético e muito exigente para a música, escolho a dedo o que carrego na minha coleção. Vou do reggae ao jazz, do forró ao heavy metal, do country ao eletrônico e diariamente eu pesquiso novos artistas.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira de DJ?

DJ Rick: Comecei minha carreira em 2005, fazendo algumas participações em festas, eventos em São Paulo e no interior do Estado.

06) RM: Quais motivos levaram você escolher o repertório de Reggae?

DJ Rick: No ano de 1995, um colega comprou o CD “Boombastic”, do cantor jamaicano Shaggy e fiquei curioso em conhecer mais sobre o gênero. Naquela época, as rádios paulistanas tocavam Bob Marley, Peter Tosh, Cidade Negra, Os Paralamas do Sucesso, Skank, O Rappa, Big Mountain, Inner Circle e me apaixonei pelo reggae, decidindo me aprofundar cada vez mais.

Em 1998, passei por diversos problemas familiares e graças ao reggae e suas mensagens positivas, conquistei as forças espirituais necessárias para enfrentar os obstáculos e me tornar uma pessoa melhor a cada dia.

07) RM: Como você escolhe o seu repertório?

DJ Rick: Meu repertório é diversificado, dando ênfase na fase áurea do reggae, incluindo rock-steady, early reggae, roots e rub-a-dub.

08) RM: Você é colecionador de disco?

DJ Rick: Sim. Sou da segunda geração do reggae paulistano, onde a internet era artigo de luxo no final dos anos 90. Frequentava sebos, lojas especializadas no estilo jamaicano, como as extintas lojas Johnny B. Goode, Freedom Reggae, Banca do Alemão e conhecendo colecionadores no centro de São Paulo e do Norte e Nordeste do Brasil. Sou muito chato para comprar discos, pois a capa tem que estar em ótimo estado e o LP também.

Atualmente tenho em torno de 500 discos, a maioria importados e primeira edição. Nos anos 90, o meu amigo Léo Vidigal (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/leo-vidigal), criou o fanzine Massive Reggae, onde recebíamos pelo Correios, uma pequena revista com novidades do mundo do reggae nacional e internacional.

09) RM: Qual a importância do colecionador de disco?

DJ Rick: O verdadeiro colecionador tem a missão de pesquisar, conhecer a história de cada artista/banda, sujar as mãos em sebos, lojas, se aprimorar e com isso terá um setlist excelente e com certeza vai agradar ao público.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

DJ Rick: Como mencionei anteriormente, eu sou bem eclético, pois o próprio reggae bebeu de fontes do mento, calypso, jazz, rhythm and blues, rock e pop. Cantoras que eu gosto: Marcia Griffiths, Judy Mowatt, Dezarie, Queen Omega, Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Whitney Houston, Amy Winehouse, Donna Summer, Ann Wilson, Stevie Nicks, Joan Jett, Clara Nunes, Elis Regina, Maria Bethânia, Rita Lee e Cássia Eller. Cantores: Freddie Mercury, Paul Rodgers, Steve Perry, Bruce Dickinson, Michael Bolton, Joe Higgs, Freddie McGregor, Bob Marley, Peter Tosh, Jacob Miller, Garnett Silk, Duane Stephenson, Fauzi Beydoun, Gerson da Conceição.

11) RM: Apresente o seu set up equipamentos.

DJ Rick: Mesa de Som Digital Yamaha Tf1, Mixer Pioneer DJM-V10-LF (6 canais), par de Toca discos Technics MK2, Amplificador Potência Profissional 1,3 Ohm Al 5k com 5000w Rms, Kit Ativo 2×12 Ti + Sub 18 4 Caixas 3200w Comp1812.3200.

12) RM: Quais as diferenças de entre usar um notebook como tocador de mp3 através de um programa como toca discos e os próprios toca discos?

DJ Rick: Você pode ter o notebook mais caro, pode ter o software mais sofisticado do mundo, mas a diferença é gigantesca, principalmente na qualidade sonora. O mp3 serve apenas para pesquisar o trabalho de um artista/banda, mas em termos de qualidade, isso não existe, já que o arquivo é limitado demais, em muitos casos não há informações da música.

Com os toca discos e com os LPs, temos uma qualidade mais ampla, podendo ouvir o som do baixo, bateria e outros instrumentos com maior nitidez. O prazer de ter um LP é indescritível, pois você manuseia a capa, tem o encarte com as letras e ficha técnica daquela obra.

Atualmente com os serviços de streaming, paga-se um aluguel para ter acesso ao catálogo dos artistas, sendo que em alguns casos, algumas raridades nem constam nessas plataformas, principalmente aqueles artistas mais obscuros. Por exemplo, no começo da carreira, o cantor jamaicano Don Carlos utilizava o nome de batismo (Euvin Spencer) e músicas dessa época, jamais serão incluídas nas plataformas de streaming.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

DJ Rick: Organização é primordial para que uma carreira seja bem consolidada, bons contatos no meio musical, humildade em reconhecer que diariamente aprendemos algo novo e manter-se atualizado sobre os lançamentos de equipamentos, softwares e artistas.

14) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira de DJ?

DJ Rick: A internet auxilia muito os DJs, principalmente os novatos no ramo artístico, pois é uma ferramenta importante para pesquisa, acesso a catálogos via streaming, porém essa popularização, desvalorizou muito os verdadeiros DJ, principalmente no cenário reggae.

Hoje, muitos jovens compram um notebook, um par de caixas de som e tocam reggae pelo pen drive. Não tenho nada contra, mas, o desenvolvimento do verdadeiro DJ é o conhecimento de equipamentos, tanto a parte interna e externa, aprender realmente o que é um toca discos, como é fabricado um disco de vinil e frequentar shows e festas de Sound System.

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

DJ Rick: As vantagens do home estúdio é que permite criar e gravar no seu próprio ritmo, sem restrições de tempo ou pressão de estar num estúdio profissional e caro a hora de gravação. Reduz os gastos com aluguéis de estúdio, contratação de profissionais e reduzindo os gastos com deslocamento.

As desvantagens do home estúdio incluem a qualidade inferior dos equipamentos, trazendo uma sonoridade razoável ao trabalho. Os equipamentos e o isolamento acústico ruim também atrapalham no resultado da gravação.

16) RM: O que você faz efetivamente para se diferenciar como DJ e dentro do seu nicho musical?

DJ Rick: Criei uma rádio virtual em 2003, onde eu apresentava o programa Nas Ondas do Reggae. Minha sequência era apenas de reggae anos 70 e 80 e eu contava um pouco da história de cada artista e da música tocada no programa. Isso chamou a atenção de locutores e colecionadores do Maranhão que ouviam o programa: Marcos Vinícius, Ademar Danilo, Jorge Black. Quando eu tocava em eventos, muitas pessoas me parabenizaram pelo programa, mas por falta de patrocínio, durou apenas um ano.

17) RM: Como você analisa o cenário musical para o DJ. Em sua opinião quais os DJs foram as revelações nas últimas décadas e quais regrediram?

DJ Rick: O cenário musical para o DJ é muito bom e não vejo algum que regrediu.

18) RM: Quais os DJs já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

DJ Rick: No reggae eu gosto muito dos DJs Stranjah, Greg, Rubinho Star, Canuto Lion, Cecília, Leo Vidigal. Outros estilos, eu gosto do trabalho dos DJs Moby, Alok, DJ Marky, Gra Ferreira, Jr. Danger, DJ Nuts.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

DJ Rick: Graças a Deus, nunca tive problemas com as situações citadas na pergunta.

20) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira de DJ?

DJ Rick: O que me deixa mais feliz é quando eu toco uma música e o pessoal interage, canta, dança, bate palma, fecha os olhos e viaja naquele som. O que me deixa mais triste é quando acaba a festa, pois minha vontade é sempre de tocar mais músicas.

21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira como DJ?

DJ Rick: A caminhada é difícil, principalmente quando se trata de reggae, pois é um público mais restrito, tendo em vista que o cenário musical atual é o modismo (sertanejo, funk), porém se o DJ tiver conhecimento, dedicação e originalidade, consegue galgar seu espaço dentro do cenário musical.

22) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

DJ Rick: Infelizmente, a grande mídia brasileira sempre deu as costas para o reggae, porém nós somos fortes e seremos resistência sempre. A grande mídia no Brasil prefere dar ibope a artistas e bandas da “modinha” e dos likes.

23) RM: O circuito de Bar na cidade que você mora ainda é uma boa opção de trabalho para o DJ?

DJ Rick: Sim, São Paulo é uma cidade com milhares de oportunidades.

24) RM: Você acha que o DJ tomou o lugar do músico ou banda?

DJ Rick: Não. Eu vejo que há espaços para todos, desde que seja feito um trabalho de qualidade.

25) RM: Você é Rastafári?

DJ Rick: Não sou Rastafári, mas tenho colegas que realmente são. Vejo que nas cidades grandes é mais difícil seguir essa religião, devido a resistência e o preconceito da maioria, que prefere julgar a conhecer. Para seguir a religião, é necessário uma entrega espiritual muito grande, conhecimento diário, viver em comunidade e se abdicar de muitas coisas, principalmente materiais.

26) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?

DJ Rick: É uma questão complicada, pois eu creio que as bandas que estão no circuito de sucesso, tiveram que batalhar muito para conquistar seu lugar ao sol, mostrando qualidade e criticar isso seria antiético de minha parte. Os verdadeiros Rastas são convictos nos trabalhos que realizam, mostrando suas raízes com muita personalidade. Temos a banda californiana Groundation, por exemplo, onde a maioria dos integrantes não são rastafáris, porém é uma das mais famosas e desde 2001, realizam um trabalho coeso e poderoso.

27) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

DJ Rick: O público brasileiro idolatra demais as bandas internacionais, desvalorizando as bandas do Brasil. Sabemos que The Wailers é uma das bandas mais importantes do reggae, mas atualmente só tem Aston Barrett Jr., como baixista e líder da banda, que é respectivamente filho e sobrinho dos irmãos e fundadores: Aston e Carlton Barrett (baixista e baterista), mas o público brasileiro paga 400 reais no ingresso para assistir uma banda que não tem a mesma formação original.

O mesmo público reclama quando paga 150 reais para assistir a Tribo de Jah por exemplo, que também faz parte da história do reggae mundial e o Fauzi Beydoun é uma enciclopédia viva da música, fala diversos idiomas e é um dos pioneiros no Brasil.

28) RM: Quais os prós e contras do cantor e compositor se apresentar com o formato Sound System?

DJ Rick: Não vejo nenhuma desvantagem e creio que o formato do Sound System contribuem ainda mais na interação entre os DJs e o público presente.

29) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?

DJ Rick: Os rastafáris utilizam a maconha para louvar JAH, o Altíssimo (O ex-Imperador etíope Hailé Selassié) e como uma forma de agradecimento pelas bênçãos alcançadas e recarregando as energias espirituais.

30) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?

DJ Rick: Infelizmente no Brasil a cultura Rastafári é deturpada e preconceituosa, pois a maioria das sociedades prefere criticar a aprender.

31) RM: Apresente seu livro Imortais do Reggae.

DJ Rick: No livro Imortais do Reggae o leitor encontrará praticamente todos os estilos que há dentro do REGGAE. Encontrará nomes como: Bob Marley, Peter Tosh, Sugar Minott, Lauren Aitken, Garnett Silk, Alton Ellis, e muito mais. Ska, Rock-Steady, DUB, Early Reggae, Roots, Rockers, One Drop, Country Style, Digital, Pop Reggae, Dancehall, New Roots.

O reggae é muito mais do que gêneros e subgêneros que contém nesse movimento musical e cultural. Artistas que emocionaram plateias de todo o planeta sem dúvida, deixaram um maravilhoso legado musical e até hoje influencia a nova safra que têm a responsabilidade de dar continuidade nesse trabalho de conscientização através da música.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

DJ Rick: Atualmente trabalho na elaboração de um novo livro sobre a parceria de artistas do reggae com artistas do rock. Também busco parcerias para retomar o trabalho como locutor e ter um programa de rádio para tocar os grandes sucessos e lançamentos do reggae mundial.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

DJ Rick: (91) 98480-7511 | [email protected]


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