More Thais Macena »"/>More Thais Macena »" /> Thais Macena - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Thais Macena

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Thais Macena, entrou profissionalmente no mundo da música em 2018, aos 20 anos de idade. Dando início à várias participações e parcerias, teve seu primeiro contato com banda no início de 2019, mesmo ano em que entrou para o Conservatório de Música de Sergipe.

Ao longo dos meses foi adquirindo conhecimentos, amizades e oportunidades no cenário musical. Produtores da região ao ver seu
interesse pela música reggae e um de seus vídeos na internet, resolveram dar a oportunidade de participar de alguns ensaios e fazer uma participação homenageando a cantora Dezarie junto com a banda Jamaica Heritage.

Na mesma época, foi convidada pela cantora Taia a se juntar a sua banda e gravar algumas músicas para seu novo álbum de música experimental. Sempre buscando novos rumos de conhecimento, criou um projeto de reggae instrumental em que atua como baixista e produtora musical.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Thais Macena para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 22/08/2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Thais Macena: Nasci no dia 19/05/1998 em Aracaju, Sergipe. Registrada como Thais Silva da Macena.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Thais Macena: Meu primeiro contato com a música foi aos cinco anos de idade, na igreja que eu congregava, cantava e dirigia algumas apresentações no ministério de louvor à época, logo em seguida tive primeiros contatos com instrumentos por lá também.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Thais Macena: Sou Técnica em monitoramento de áudio, Técnica e engenheira de mixagem e masterização, Arte Educadora em movimentos sociais focada em jogos afrocentrados.

Formanda em contrabaixo elétrico pelo Conservatório de Música de Sergipe e formanda em Produção Musical pela UFRB. Fora da área musical, sou Agente Cultural em Aracaju – SE.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Thais Macena: Minha primeira influência musical foi meu pai (Carlos Luis), por ser autodidata e o primeiro a me dar apoio para aprender tocar um instrumento. Depois Aline Barros, como referência em canto e através de vizinhos ao ouvir a banda Charlie Brown Jr., me encantei pelos sons mais graves ainda não adolescência.

Influenciada também por vizinhos que trabalham com som, comecei a ouvir reggae e procurar a busca pelo ritmo, por conta da sonoridade. A música gospel deixou de ter importância, pelas suas letras que não condizem com os direitos humanos básicos e a falta de fundamento para o que tanto pregam.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Thais Macena: Em 2019, comecei minha carreira musical, logo após ingressar no Conservatório de Música de Sergipe para estudar contrabaixo e por já ter um longo tempo estudando violão popular, fui experienciar a vivência em bandas. Em 2019, aconteceram os primeiros shows pagos, já como baixista. Daí veio meu cadastro na ABRAMUS e os estudos de produção, em seguida o lançamento do meu primeiro single instrumental, composto e gravado.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Thais Macena: Lancei sete singles: Roots Phaser instrumental, Reflexo, Phase File, Delírio, Root a DUB, Delirium DUB, Phaser DUB.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Thais Macena: Dub style instrumental.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Thais Macena: Sim, em algumas oficinas avulsas e no próprio Conservatório de Música de Sergipe.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Thais Macena: A voz é um instrumento como qualquer outro, também precisa de cuidados para que não seja danificada. A técnica vocal traz os exercícios corretos de acordo com o próprio corpo, faz com quem não force e produz consciência do próprio limite vocálico.

10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?

Thais Macena: Dezarie, Jah9, Judy Mowrat, Jôh Ras, Denise D’Paula, entre outras.

11) RM: Como é o seu processo de compor?

Thais Macena: Utilizo de algumas emoções para compor, em outros momentos, faço uso das vivências do dia-a-dia. Da revolta ao romance até composições instrumentais.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Thais Macena: Só tive parceiros em algumas músicas, mas eles apenas gravaram o que eu já tinha escrito.

13) RM: Quais os músicos que participaram nas gravações de suas músicas?

Thais Macena: Danyel Nanume (bateria), Rafael Portugal Azevedo (guitarra) e Marcelo Gomes (teclas).

14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Thais Macena: O pró seria a liberdade de me expressar da forma que quero e gosto, sem muitas podas com relação ao meu trabalho. Os contras seriam não ter tanta autonomia com relação a equipamentos, valores para horários em estúdios que não são tão baratos e divisão de valores com distribuidoras gratuitas.

15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Thais Macena: Utilizo muito das redes sociais para promover e difundir o conhecimento que tenho. Uma das estratégias é sempre estar por dentro do que tá acontecendo dentro e fora da internet.

16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Thais Macena: Em alguns momentos a venda de Beats, aulas de outros assuntos sem ser música e qualquer tipo de renda que entre no caixa, acabo usando para fins musicais.

17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Thais Macena: A internet faz com que a gente se adapte a coisas que não são tão orgânicas, hoje em dia muito mais aceleradas, genéricas e rasas.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Thais Macena: Timbres que antes eram apenas analógicos, hoje em dia consigo ter em mãos ou baixar em sites gratuitos. Samplear também ficou mais fácil, as ferramentas de gravação em home estúdio, querendo ou não, estão ficando mais acessíveis se formos falar de preços.

19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Thais Macena: Querendo ou não, ser mulher atuante na música traz um diferencial, mas antes disso, os estudos e a autenticidade fazem com que eu possa me destacar um pouco mais. Fora que, o reggae, não tem tanto destaque instrumental onde eu comecei.

21) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Thais Macena: Ryan Newman como baixista, Jah David como produtor e baixista, Harrisson Stanford como compositor e arranjador.

22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Thais Macena: Já passei de tudo que possa imaginar e citado na pergunta. De falta de condições técnicas, tocar sem cachê, sem retorno é o que me afeta um pouco mais, porém, sendo mulher, o assédio e o destrato são pesados.

23) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Thais Macena: A falta de reconhecimento dentro do meu próprio estado (Sergipe), como base, me deixa triste, ao mesmo tempo que me deixa feliz ter meus projetos sendo vistos e reproduzidos fora do país.

24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Thais Macena: Não, pelo menos nunca tive experiências diferentes disso, infelizmente.

25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Thais Macena: Sempre digo que parece fácil, mas não é e a capacitação é o melhor caminho, quando não se tem dinheiro. E se tiver dinheiro, invista bem, comece pelo melhor.

26) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Thais Macena: O “dinheiro é a chave”. Só toca quem tem divulgação e só é divulgado quem tem dinheiro na grande mídia.

27) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Thais Macena: Deveria ser menos burocrático e mais rotativo, com relação a quantidade de artistas.

28) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Thais Macena: Apesar do reggae ser culturalmente forte no Maranhão e na Bahia, não tem tanta visibilidade como no Sudeste. Banda Mato Seco, Sistah Chilli, Núbia Rodrigues vem ganhando destaque no cenário do Reggae. Do Roots ao dancehall… Não vejo regressão nas obras, mas vejo que o público não consegue aceitar o avanço das coisas.

29) RM: Você é Rastafári?

Thais Macena: Não.

30) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?

Thais Macena: O reggae foi criado depois do movimento rastafári e não foi pelos religiosos em si. Os adeptos tiveram que se adequar ao reggae, dentro do ska, do rocksteady… Tiveram movimentos depois do reggae, por volta dos anos 80, para que houvesse uma separação de fato entre o reggae e o rastafári. Reggae é cultura de rua, onde todos podem professar sua fé, seja ela qual for, e eu faço questão de levantar essa bandeira culturalmente falando.

31) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Thais Macena: No Brasil temos a marginalização do reggae, no exterior temos o racismo recreativo e em alguns lugares, por ser liberal, só aceitam por associar ao uso da cannabis.

32) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?

Thais Macena: Prós: Existe a possibilidade de fazer tudo sozinha e usar riddims de forma mais livre. Contras: Dependendo do DJ, as coisas não fluem bem e fazer tudo também é cansativo.

33) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?

Thais Macena: Com banda existe a exigência do preparo de todos como um só, uma unidade. A vibração dos instrumentos orgânicos chega a ser sentido por cada expectador de forma única. Nem todo mundo está preparado para o sound system e já ouvi o termo “discotecagem” como forma pejorativa. Equipamentos eletrônicos, caixas com graves e subgraves. Então, realmente nem todos estão preparados para o sound system.

34) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?

Thais Macena: Existe um certo preconceito, primeiro pela cannabis sativa não ser legalizada no Brasil, e por outros olhos, o racismo é gritante, assim como o uso de dreads. A palavra “maconha” já diz muito sobre, o significado dela seria algo como “má companhia”.

35) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?

Thais Macena: Eu acho equivocado, mas nem todos acessos a esse tipo de informação. Não é tão difundido, assim como cultivar dreads também não é tão difundido e muito relacionado ao reggae.

36) RM: Quais os desafios de cantar e tocar o contrabaixo simultaneamente?

Thais Macena: É uma nova experiência, como já atuei cantora solo e como backvocal, fui testar meu limite como artista. Tenho como influência forte Robson Lira, que canta e toca baixo ao mesmo tempo, produz, compõe. Ele ainda é canhoto e tocar o contrabaixo ao contrário. Isso foi a primeira coisa que me pegou. Eu fui vendo outras pessoas, outras mulheres, a própria Jôh Ras (https://www.ritmomelodia.mus.br/entrevistas/joh-ras) que canta e toca contrabaixo e também Riane Mascarenhas. Entre elas, eu sou a novata nessa área de cantar e tocar contrabaixo simultaneamente. Senti-me também capaz de fazer.

37) RM: Quais os seus projetos futuros?

Thais Macena: Fazer mais lançamentos e propostas tendo o público feminino como alvo.

38) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Thais Macena: [email protected] | https://www.instagram.com/thais.macena

Canal: https://www.youtube.com/@thais.macena

Baile da Massa – Thais Macena, Jôh Ras, Riane Mascarenhas (Lioness festival 2025): https://www.youtube.com/watch?v=4Z0knr6bOp0

Sente o Calor – Jôh Ras, Riane Mascarenhas e Thais Macena (Por Queen Bass no Lioness festival 2025): https://www.youtube.com/watch?v=CkV5EGmMeGU

Roots Phaser Instrumental – Roots Phaser: https://www.youtube.com/watch?v=uOIrS418jFQ

PHASER DUB (REMIX) – Thais Macena: https://www.youtube.com/watch?v=8qLCqtZxEOg

Reflexo – Rafael Portugal · Thais Macena: https://www.youtube.com/watch?v=Ud9ihptJQNk

Phase File – Capítulo 1 – Thais Macena feat. Rafael Portugal: https://www.youtube.com/watch?v=jIKzptjz-50

Delírio – Rafael Portugal · Thais Macena: https://www.youtube.com/watch?v=CtyXOVa6_Jw

ROOTS a DUB – Thais Macena: https://www.youtube.com/watch?v=MnqAIe5Z_Qc

Delirium Dub – Thais Macena: https://www.youtube.com/watch?v=pzrI5SKFL6g


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Comments · 1

  1. Importante a artista citar a sonoridade do reggae e a inspiração em emoções e vivências do dia-a-dia para compor. Ótima entrevista!

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