Débora Evelin, também conhecida como Debynha Roots, é cantora e compositora, nascida em Paulo Afonso, Bahia.
Conhecida principalmente pela sua longa participação na banda baiana Bendizei, busca expressar através da música, a emancipação da mulher preta no reggae e valorizar a cultura nordestina enaltecendo as belezas da cidade
onde nasceu. Fora da música atua como astróloga.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Debynha Roots para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 25/07/2025:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Debynha Roots: Nasci no dia 06/05/1990 em Paulo Afonso – BA. Registrada como Débora Evelin Moura Silva.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Debynha Roots: Nasci em Paulo Afonso que é uma ilha no sertão da caatinga da Bahia, a cidade foi criada para ser uma usina hidrelétrica devido às forças das cachoeiras. Assim o rio e a natureza foram a referência que me levaram a escrever composições sobre a beleza do Rio São Francisco, então composição foi meu primeiro contato com a música.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Debynha Roots: Desde 2008, sou cantora e compositora de música reggae e venho me aperfeiçoando através de cursos de aula de canto e me formei em Sonoplastia e Produção musical para agregar na carreira musical. Conclui o Ensino Médio.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Debynha Roots: Edson Gomes (http://www.ritmomelodia.mus.br/2006/05/01/edson-gomes) e Bob Marley foram minhas primeiras referências, por morar em bairro periférico também escutava as músicas dos guetos. No presente consumo muita música de mulheres do reggae de São Paulo, que estão sendo minha referência como Denise D’Paula, Sistah Mari, entre outras.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Debynha Roots: Em 2008, comecei participando em festival de música estudantil que aconteciam na Bahia, através da minha composição que eram em reggae. Em 2009 fui convidada a fazer parte da banda Bendizei, a primeira banda de reggae de Paulo Afonso – BA. No dia 27 de julho seria o aniversário de Marcos Vinícius de Menezes que era líder da banda Bendizei e faleceu em 2019 em um acidente de carro quando estava indo apresentar o reggae na capoeira.
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Debynha Roots: Tenho músicas de minha autoria em dois álbuns da banda Bendizei e em 2025 lançarei um álbum solo.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Debynha Roots: O reggae me conquistou por ser uma música da natureza e da resistência contra o racismo e os preconceitos. Hoje sou representante do reggae, mas outros sons fazem parte da caminhada como: Hip Hop, RAP.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Debynha Roots: Estudei técnica vocal e continuo estudando aula de canto com o grupo de canto que faço parte.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Debynha Roots: É importante o estudo da técnica vocal para o cuidado e conhecimento de cada potencial vocal e como podemos cantar com facilidade para não machucar as cordas vocais e manter os cuidados paro futuro com a voz.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Debynha Roots: Admiro as primeiras referências que tive, por ser uma mulher negra, como elas por muitas vezes quando criança e adolescente me chamavam de Margarete Menezes e Sandra de Sá, mas curto busco consumir música brasileira e reggae do Brasil.
11) RM: Como é o seu processo de compor?
Debynha Roots: É sempre do momento que estou vivendo, sempre quando estou sozinha e fazendo os afazeres domésticos. Tento cantar algo e depois a música vem e é só colocar os acordes.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Debynha Roots: Eu sempre compus sozinha e na banda tinha outro compositor. Eu trazia o lado feminino, agora estou com outros músicos colocando os acordes nas melodias das músicas que já vem mais ou menos prontas.
13) RM: Quem já gravou as suas músicas?
Debynha Roots: Eu sou intérprete das minhas canções, mas tenho vontade de compor para outras pessoas.
14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Debynha Roots: O contra é a demora do retorno do nosso esforço, mas quem é independente traz composições de consciência e autoestima para continuar a fazer o sonho acontecer de forma independente.
15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Debynha Roots: A estratégia é focar no setor e gênero que faço parte e contribuir para formação visual e identitária do reggae e fora do palco continuo sendo aquela pessoa que quando me veem vão lembrar do reggae.
16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Debynha Roots: Está em ambientes que vão acontecer os movimentos e fortalecer as relações profissionais, apreciar e apoio outras pessoas que estão no corre da música alternativa e independente que faz a cultura da quebrada.
17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Debynha Roots: A internet prejudica, pois quem mais investir financeiramente terá mais visualização, então, o sucesso não é por talento, é simples alcance de visualização. A parte boa da internet é estar sempre nos atualizando com o novo que está acontecendo muito rápido devido à internet.
18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Debynha Roots: Fui estudar sobre esses assuntos para entender sobre o que é qualidade e o que o profissional ajudará nesse processo de gravação, mas esse é o futuro, então busco ter meu home estúdio.
19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Debynha Roots: Hoje continua caro para gravar música com qualidade técnica, meu diferencial é ser uma mulher que venho do interior do sertão da Bahia vivendo uma imersão cultural em São Paulo.
21) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Debynha Roots: Banda Vibração, Danzi, Marina Peralta.
22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Debynha Roots: A pior situação, é quando o técnico de áudio está apresado e desliga o som para não passar da hora.
23) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Debynha Roots: É que as músicas são eternas, é triste é muitas vezes não ter a presença das pessoas que disseram que iriam ver nossa apresentação e não sabem como a presença é um incentivo.
24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Debynha Roots: Hoje com YouTube é mais fácil pedir uma música, as minhas músicas nas rádios, as pessoas em Paulo Afonso – BA ligam nas rádios e pedem para tocar minhas músicas.
25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Debynha Roots: Foque e não perca oportunidades.
26) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Debynha Roots: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é fraca. Focam em músicas hiper sexualizadas que acaba forçando outros músicos a entra na onda.
27) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Debynha Roots: Alguém me passa essa senha? Que gostaria muito de logo em breve ir me apresentar nesses espaços com meu novo álbum.
28) RM: Como você analisa tocam em rádios no cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Debynha Roots: No interior do Brasil se ouve muito rádio. Em Paulo Afonso – BA a Rádio Cultura foi a principal difusora da música reggae sendo das 19:30 às 20:30 através do programa Reggae Night que toca as músicas de bandas e artistas do reggae nacional.
29) RM: Você é Rastafári?
Debynha Roots: Sou, mas crie minha própria filosofia de ser rastafári, quando digo rastafári, estou dizendo que minha saúde depende de mim, que o principal é ter saúde e que o sistema adoece, os alimentos que são oferecidos e pagamos caro são tóxicos para o corpo, até a água não é pura. E já que a mulher no rastafári, como em qualquer setor, tem que gritar para ser respeitada, nós mulheres do reggae estamos resistindo e sendo firme na missão.
30) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?
Debynha Roots: Infelizmente, no reggae, como no mundo todo, a mulher deveria ser de total importância para harmonização, em que o homem e a mulher, o Alfa e o Omega, mas o que vemos é o homem dominante e a mulher tendo que se adaptar.
E quem faz o verdadeiro reggae é quem fala a realidade dos guetos do homem e da mulher negra, mas eu espero ouvir mais homens trazendo músicas com a consciência que é preciso reverência a mulher que traz e agregar acolhimento para onde está!
31) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Debynha Roots: Acho que no Brasil ainda tem muito o ego de fazer eventos com pessoas que se conhecem entre elas e às vezes não dão importância para fortalecer um ao movimento do outro.
32) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?
Debynha Roots: Assim que cheguei em São Paulo tive minha primeira experiência cantando sem banda, confesso ser mais fácil no formato sound system por ser uma batida às vezes reta, mas estou me dando o direito de compreender todo a história por trás do sound system que tem a importância de tocar as músicas dos nossos artistas da quebrada.
33) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?
Debynha Roots: Eu que venho da experiência de cantar por 15 anos em banda e não tinha a experiência com o formato Sound System, foi boa a experiência, mas hoje tem esse formato que para o artista independente é válido quando não tem como pagar o cachê de músicos de uma banda, cada vez mais estou respeitando esse formato.
34) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?
Debynha Roots: Na adolescência é quando começamos a querer experienciar a vida e ter nossos ídolos e gêneros musicais, as pessoas do rock tomam bebidas com álcool e consomem drogas, mas é considerado um estilo musical mais de brancos. E como o reggae é um estilo de música africana feita para o homem e mulher negra, já tem esse preconceito pela cor da pele, mas quem é usuário ou usa da erva como uma meditação, acho que ter a consciência que o vício existe em tudo. Mas a consagração é verdadeira e científica os efeitos da criatividade para quem consome, acho que quem é do reggae não deve ter vergonha de ser visto como maconheiro, é uma referência de criatividade!
35) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?
Debynha Roots: Positiva e original, Bob Marley foi o principal nome de circulação do reggae e ele viu o quanto os rastafáris naquele tempo faziam e cuidavam da comunidade com sua alimentação e seu lado espiritual com a linhagem de Jesus na África.
36) RM: Quais os seus projetos futuros?
Debynha Roots: É com muita alegria que estou nesse momento de inspiração de composição para o novo álbum, que depois de 20 anos veio das realizações em São Paulo através de lei de incentivo ao reggae, o novo álbum se intitula como: Emancipação Reggae.
Eu trouxe minha banda Bendizei da Bahia para São Paulo, mas estou nesse processo de falar e cantar toda a experiência que passei nesses 20 anos de carreira como uma mulher preta em um cenário machista e branco.
37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Debynha Roots: No meu Instagram exponho shows, agendas, além do meu trabalho com astrologia como referência de composição e autoconhecimento: [email protected] | https://www.instagram.com/debynharoots1 | https://www.instagram.com/bendizei.original
Canal Debynha Roots: https://www.youtube.com/channel/UCngAQ50qMSJjbQcR9K_MGNQ
Canal da Bendizei: https://www.youtube.com/@bendizei1605
Canal: https://www.youtube.com/@bendizei1605
Live Bendizei: https://www.youtube.com/watch?v=P8anQgfwCts
Playlists: https://www.youtube.com/@bendizei1605/playlists
Achei muito interessante a formação da artista. Ser cantora e compositora de música reggae e também ser formada em Sonoplastia e Produção musical mostra o empenho e versatilidade. Ótima entrevista!
Debyroots é o mulher de fibra e precisa ter sua voz lançada ao quatro cantos desse país. Suas letras e suas energias merecem um palcão.
Muito feliz de estar contribuindo com minha vivência no reggae e está nesse espaço com tantas entrevista com mulheres do reggae
Maravilhosa artista incrível… Via mulher
essa mulher é maravilhosa, uma referência de dedicação e boa energia, só posso agradecer ao universo por colocar no meu caminho alguém tão inspiradora e gente boa! sucesso, amiga! você é a ++
É deus q aponta a estrela que tem que brilha meu amo ❤ marcha nos trabalho
Gostei muito da entrevista e da trajetória da Debyroots. Muito sucesso para a Debynha e a sua banda. One Love ☀️