Nikaia chegou para deixar sua marca na música! Antes conhecida como Vanice Deise, essa cantora e compositora da zona norte de São Paulo sempre teve a arte e a cultura correndo em suas veias.
Desde cedo, esteve envolvida em projetos socioculturais, usando sua voz poderosa para transmitir mensagens fortes e autênticas. Atendendo ao chamado das águas, ela se reconectou com sua essência, abraçou o mar e se mudou para Mongaguá, na Baixada Santista.
No palco, ela é puro carisma, energia e conexão, transformando cada show em uma experiência inesquecível. Em 2020, Nikaia lançou carreira solo e seu primeiro single, “Música e Meditação”, em parceria com músicos do Sertão Criativo da Bahia.
O videoclipe, gravado na deslumbrante Serra da Moeda (MG), reflete a atmosfera introspectiva da canção, composta durante o isolamento social. No ano seguinte, veio “Introspecção”, um som que evidencia sua versatilidade e profundidade.
Sua trajetória musical é marcada por colaborações como o grupo de rap feminino Odisseia Das Flores e Marina Peralta. Em 2017, criou o Duo Natural Music e, no ano seguinte, embarcou em uma turnê independente pela América do Sul, passando por Argentina, Chile, Peru e Equador. Essa jornada expandiu suas conexões musicais e consolidou sua identidade artística.
O grande salto veio em 2024 com o lançamento do seu primeiro álbum, “Reggae Nice”. Produzido com apoio do Programa de Fomento à Cultura Reggae e Rastafári do Município de São Paulo, o trabalho é uma explosão sonora que mistura reggae com elementos da música brasileira, afro pop e urbana.
Suas letras são mais que canções: são manifestos de consciência, amor e resistência. Nikaia canta sobre empoderamento feminino, valorização do autoconhecimento e amor, tudo isso com uma pegada envolvente e uma energia contagiante.
Com influências que vão do Soul, Jazz Blues ao Samba e Reggae, Nikaia constrói uma sonoridade rica, autêntica e vibrante. Seu repertório autoral está em expansão, e sua presença de palco magnética só confirma o que já é evidente: ela está pronta para conquistar seu espaço na indústria fonográfica e encantar ainda ainda mais públicos.
Agora, além da música, Nikaia também brilha como jornalista e radialista, sua habilidade de se comunicar torna seu trabalho ainda mais impactante no cenário cultural.
“Reggae Nice” é uma celebração da liberdade e da força das raízes musicais. O álbum marca a estreia da Nikaia, traz batidas envolventes e melodias que transitam entre a suavidade e a potência, criando um ambiente sonoro que transporta o ouvinte para diferentes paisagens e estados de espírito.
Cada faixa se torna um convite para refletir e se conectar com a vibração positiva que Nikaia propaga. O groove contagiante do reggae se mistura a elementos do afro pop e elementos de ritmos brasileiros, dando uma identidade autêntica e marcante ao álbum.
A voz de Nikaia é um dos pontos altos do álbum. Sua interpretação transmite autenticidade e emoção, navegando
com facilidade entre tons suaves e potentes. Essa versatilidade vocal permite que ela explore uma variedade de temas e estilos dentro do álbum, mantendo a coesão e a identidade sonora.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Nikaia para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 07/05/2025:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Nikaia: Nasci no dia 10 de julho de 1983, na zona norte de São Paulo. Registrada como Vanice Deise da Silva. Em, 2024 assumi o nome artístico Nikaia, derivado do meu apelido de infância, Nica ou nanica (risos). Como Nikaia representa o poder feminino, espiritualidade, conquista e renascimento, uma identidade que mistura o clássico com o contemporâneo. O nome vem do grego antigo e está relacionada à palavra que significa “vitória”. Associado à deusa grega Nice (Nike), a personificação da vitória.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Nikaia: Meu primeiro contato com a música foi através de aulas de canto e teoria musical. Infelizmente, não pude dar continuidade na época por questões financeiras, mas a paixão permaneceu viva.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Nikaia: Sou autodidata na música, mas tenho formação nas áreas de Educação e Comunicação.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?
Nikaia: Minhas influências sempre foram black music, samba, hip hop, reggae, soul, jazz e funk dos anos 70. Acredito que todas essas referências continuam relevantes para mim, pois fazem parte da minha identidade musical e acabam influenciando minhas criações de alguma forma.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Nikaia: Comecei a cantar profissionalmente em 2014, mas foi em 2020 que assumi minha carreira como artista independente, cantora e compositora.
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Nikaia: Lancei meu primeiro álbum em 2024, mas desde 2020 venho lançando músicas solo e colaborando com outros músicos.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Nikaia: Meu estilo musical transita entre samba, reggae, música preta urbana, latina, RnB e MPB.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Nikaia: Nunca fiz um estudo formal aprofundado, mas sempre que possível faço reorientação vocal
com profissionais da área.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e do cuidado com a voz?
Nikaia: A voz é um instrumento e, como qualquer outro, precisa de atenção e cuidados específicos. Fonoaudiólogos e professores de técnica vocal são essenciais para manter a saúde vocal e aprimorar o desempenho no palco.
10) RM: Quais cantoras (es) você admira?
Nikaia: Admiro artistas que produzem seus trabalhos de forma autêntica. Alguns nomes que me inspiram são Erykah Badu,Lauryn Hill, Koffee, Chronnix, Rita Marley, Bob Marley e família, Jacob Miller, Millie Small, Sevana, Ari Lenox, Toots and Maytals, Vanessa da Mata, Natiruts, entre muitos outros nomes.
11) RM: Como é o seu processo de composição?
Nikaia: Minhas composições nascem do cotidiano, das vivências e têm um forte viés voltado para bem-estar, evolução espiritual e retrato da sociedade. O processo flui naturalmente.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Nikaia: Tenho algumas parcerias com músicos que admiro e respeito, mas atualmente componho
sozinha.
13) RM: Quem já gravou as suas músicas?
Nikaia: Além de minhas gravações solo, já tive colaborações com outros artistas dentro do cenário independente.
14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Nikaia: Os prós: a liberdade criativa e a autonomia sobre a minha arte. Os contras: a necessidade de lidar com todas as etapas da produção, marketing e gestão, o que pode ser desgastante. No entanto, a cada lançamento, há um novo aprendizado e uma sensação de superação.
15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Nikaia: Procuro diversificar minhas fontes de renda na música, como dar aulas, vender produtos e buscar oportunidades para apresentar meu show em novos espaços.
16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira?
Nikaia: Uma das minhas iniciativas é a criação de uma marca de acessórios e moda, alinhada à identidade visual dos meus shows. Em breve, os produtos estarão disponíveis para venda.
17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira?
Nikaia: A internet possibilita visibilidade, alcance e independência, mas também exige uma exposição constante, o que pode ser desafiador. Se encararmos as redes sociais como um palco virtual, podemos aproveitar muitas oportunidades.
18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home studio)?
Nikaia: A vantagem é que qualquer artista pode gravar e produzir seu trabalho de forma acessível. A desvantagem é que algumas pessoas usam essa tecnologia para produzir materiais sem qualidade e até mesmo se apropriar do trabalho alheio.
19) RM: No passado, gravar um disco era um grande desafio. Hoje, a concorrência no mercado se tornou a maior dificuldade. O que você faz para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Nikaia: Mantenho minha autenticidade e sigo minha essência musical, sem me prender a tendências passageiras. O público busca verdade, e é isso que eu entrego.
20) RM: Quais músicos já conhecidos do público você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Nikaia: Admiro músicos que mantêm a essência e a qualidade no trabalho, como Natiruts, Maneva e Erykah Badu.
21) RM: Quais as situações mais inusitadas que aconteceram na sua carreira musical?
Nikaia: Uma das situações mais constrangedoras foi quando um técnico de som desligou meu microfone enquanto eu subia ao palco. Foi um momento desafiador, mas também um aprendizado.
22) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Nikaia: O que me deixa feliz é poder produzir e compartilhar minha arte com o público. O que me entristece é perceber que, muitas vezes, aqueles que se dizem parceiros não estão presentes quando mais precisamos de apoio e incentivo.
23) RM: Você acredita que, sem o pagamento do jabá, suas músicas tocarão nas rádios?
Nikaia: Infelizmente, o jabá ainda é uma realidade. No entanto, existem programadores musicais que convidam artistas por mérito e qualidade.
24) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Nikaia: Seja persistente, estude sempre, aprenda sobre todas as áreas da música e, principalmente, seja fiel à sua essência. O caminho independente pode ser desafiador, mas também é enriquecedor. Digo que antes de qualquer palco, você precisa estar comprometido com a sua verdade. A música exige entrega, escuta, estudo e coragem. Não espere por validação externa – comece com o que você tem, onde estiver, e cerque-se de pessoas que compartilham da sua visão. O caminho é árduo, mas profundamente transformador. Arte não se faz só com talento: se faz com resistência, afeto e intenção.
25) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Nikaia: É uma cobertura ainda limitada, que tende a dar mais espaço ao que já é “mainstream” ou formatado para o mercado. Há uma produção musical riquíssima acontecendo nas periferias, nos quilombos, nas aldeias, nas feiras, e tudo isso segue sendo ignorado. Ainda é a lógica do entretenimento sobre a da cultura. Mas felizmente temos redes e plataformas que nos permitem furar essas bolhas e construir nossos próprios canais.
26) RM: Qual sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para a cena musical?
Nikaia: Essas instituições cumprem um papel importante ao apoiar artistas fora do circuito comercial. É no palco do SESC que muitas trajetórias se consolidam. No entanto, ainda há um desafio em ampliar a representatividade regional e racial. Que esses espaços sigam se expandindo para além dos grandes centros e abracem a multiplicidade da música brasileira como um todo.
27) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil?
Nikaia: O reggae brasileiro é resistente e multifacetado. Temos nomes que marcaram época e ao mesmo tempo tem uma nova geração surgindo com vozes femininas e periféricas. Ainda falta visibilidade e apoio institucional, mas o som pulsa nas quebradas, nos interiores, nos terreiros e nas escolas. O reggae é, para mim, um movimento de cura e consciência.
28) RM: Você é Rastafári?
Nikaia: Não sigo oficialmente a fé Rastafári, mas tenho profundo respeito por sua filosofia e espiritualidade. Eu caminho com valores que dialogam com a justiça social, a reconexão com as raízes africanas, o amor como revolução. Minha música, como o reggae, é um canal de elevação e reflexão.
29) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?
Nikaia: O reggae nasceu de uma vivência espiritual profunda, mas também de um contexto sociopolítico específico. Dizer que só uma vertente pode fazê-lo de forma legítima me parece excludente. O reggae é universal na sua mensagem de amor, resistência e liberdade e se renova ao dialogar com outras vozes e realidades, desde que haja respeito à sua raiz.
30) RM: Por que a cena reggae no Brasil não tem o mesmo prestígio internacional?
Nikaia: Faltam investimento, profissionalização da cadeia produtiva e uma estratégia cultural que valorize o reggae como patrimônio nacional. No exterior, o reggae foi institucionalizado, protegido, exportado com orgulho. Aqui, ainda lutamos contra preconceitos e amadorismos. Mas há um potencial enorme — especialmente quando o reggae dialoga com as realidades brasileiras, com nossa ancestralidade e línguas.
31) RM: Quais os prós e contras de se apresentar com o formato Sound System?
Nikaia: O sound system é potência: mobiliza ruas, jovens, comunidades inteiras com baixo custo e grande impacto. Permite acesso e conexão direta. Por outro lado, falta ainda estrutura em muitos locais, e o formato não substitui a energia humana de uma banda ao vivo. É uma linguagem própria, rica, mas que exige outro tipo de entrega.
32) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao Sound System?
Nikaia: Com banda, o palco vira corpo coletivo. Existe improviso, pulsação, troca de olhares e de almas. É uma experiência viva, orgânica. Já o sound system carrega uma força comunitária e popular, onde a música se espalha como batida no peito. Ambos têm sua beleza, eu transito entre os dois dependendo do contexto, da intenção e do público.
33) RM: Como você analisa a relação do reggae com o uso da maconha?
Nikaia: O uso espiritual, ritualístico e medicinal da maconha existe em várias culturas, inclusive dentro do reggae e do movimento Rastafári. No entanto, o apagamento histórico na mídia e na sociedade acaba colando estigmas que desvalorizam o gênero, atrelado somente ao uso recreativo da planta. É preciso separar a espiritualidade da caricatura e entender que o reggae vai muito além disso: consciência, denúncia, vibração e sabedoria.
34) RM: Como você analisa a relação do reggae com a cultura Rastafári?
Nikaia: É uma relação de origem e essência. O reggae nasceu como canal de expressão da fé e das lutas Rastafáris. Ao mesmo tempo, o reggae se espalhou pelo mundo e ganhou novas roupagens. Respeitar essa raiz é fundamental, mas o reggae também pode ser um instrumento de cura e libertação em outras culturas, inclusive nas afro-brasileiras, com as quais dialogo muito.
35) RM: Quais são seus projetos futuros?
Nikaia: Quero circular com shows no Brasil e no exterior, levando a potência da música brasileira autoral e dos nossos grandes mestres para novos públicos, onde misturo reggae com samba e MPB. E sigo com meu trabalho nas áreas da produção cultural, educação e da comunicação na Baixada Santista, porque a arte precisa estar na vida real, nas ruas, nas escolas.
36) RM: Quais seus contatos para shows e para os fãs?
Nikaia: (11) 99404 – 1532 (Produção) | [email protected]
Instagram: https://www.instagram.com/nikaiaoficialh
YouTube: https://www.youtube.com/@Nikaiaoficialh
Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/7HjS1fXe2FwnVSvRv7JSEw
Amei a história dessa artista! Admiro demais letras que são manifestos de consciência, amor e resistência. Isso é muito importante!